A semente da dúvida

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Viadinho enrustido.

Não era possível que no auge de seus 23 anos ouviria essas duas palavras direcionadas a si. Jungkook chegara em casa e mal falara com sua família, tão puto que estava.

Dirigiu-se imediatamente ao próprio quarto espaçoso e se jogou na cama com ódio. Queria matar Taehyung. Da maneira mais cruel possível. Queria arrastar aquela cara com sorriso debochado no asfalto; amarrá-lo em uma cadeira e arrancar unha por unha com um alicate de cutículas; queria enfiar um garfo quente em sua língua cretina! Viadinho enrustido! Olhou para sua mão esquerda e sentiu imediato nojo, fazendo uma careta desagradável enquanto corria para o banheiro.

Precisava limpar os vestígios do pênis do irmão de sua namorada de sua mão. Isso, irmão de sua namorada. Negava-se a chamá-lo de cunhado. Isso era um ultraje. Imaginava que o outro era problemático, mas jamais pensou que fosse louco!

Esfregava a mão com veemência. Usou sabonete, álcool gel e até pasta de dente. O fato de não ter tomado nenhuma atitude para parar o outro o deixava ainda mais com raiva. Saber que era só ele ter o empurrado, ter tirado sua mão de cima de si, era simplesmente vergonhoso. Havia sentido o pênis do outro em sua mão porque havia permitido isso. Podia ter tirado, mas não tirou.

— Ridículo, louco, viado de merda — esbravejava para si mesmo, com ódio, nojo, e todas as outras emoções renegadas e não nobres.

Já estava sentindo dor na mão de tanto esfregá-la. Se pudesse a cortaria fora. Preferia não ter aquela mão a sustentar a sensação do pênis ereto em si. Na verdade, preferia não ter aquela mão por saber que ele poderia ter acabado com aquela cena de um modo tão simples. Era só ter tirado a sua mão de cima do pênis do outro. Tão simples. — Que idiota... que imbecil — repetia compulsivamente a si mesmo.

Apenas interrompeu a esfregação compulsiva ao sentir o celular vibrar no bolso traseiro da calça apertada. A sensação de algo vibrando em sua bunda o assustou de maneira tão abrupta que demorou um pouco de tempo para retirar o aparelho do tecido apertado.

Era Dahyun.

Respirou profundamente e atendeu a chamada enquanto secava a mão impura na tolha de mão, que em seguida foi devidamente jogada dentro da tulha do gabinete do banheiro.

— Oi, linda — disse após suspirar.

Oi, amor! — Sua voz exprimia entusiasmo e felicidade. Diferente de Jungkook, que só conseguia sentir raiva. — Estou tão feliz, tão feliz. Queria muito agradecer por ter vindo aqui em casa hoje.

— Imagina, linda. Nem fiquei para terminar o filme com você. — Saiu do banheiro em direção ao quarto, tentando controlar suas emoções desagradavelmente fortes.

Não, Kookie, foi a melhor coisa do mundo! Eu nem acredito que posso estar tão feliz!

— Nossa... que bom que está feliz, mas não entendo essa felicidade toda por causa de um almoço — disse enquanto massageava as têmporas, já deitado em sua cama.

Kookie, você não tem noção! É a primeira vez na minha vida que eu apresento alguém ao meu irmão e ele vai com a cara. — Jungkook arregalou os olhos e fitou a mão esquerda com uma expressão de nojo. — Quando ele voltou ficou me perguntando de você e disse que dessa vez eu acertei... ai, meu amor, estou tão feliz que não consigo acreditar nesse milagre!

Jungkook sentou-se violentamente na cama, podia sentir o coração no pescoço de tanto ódio que sentia.

— Não fui com a cara dele — disse taxativo e ríspido.

Não, não, não, Kookie... por favor. — Sua voz trazia um teor de súplica. —Sei que ele é grosso, mal educado e difícil...

"... e tarado," completou em seu pensamento.

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