18. Hospital

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*Rogers*

Assim que Joelma saiu do quarto e foi até a recepção, me deitei na cama. Precisava respirar fundo pra não descontar na pessoa errada. Fechei meus olhos na esperança de não pensar naquilo, mas era uma tentativa em vão. Imaginei as fotos que iriam estampar as revistas no dia seguinte, as ligações que iríamos receber, os comentários nas redes sociais. Inúmeras coisas. Mas não queria me preocupar com aquilo agora. Instantaneamente mudei meus pensamentos pro Augusto. Com toda aquela correria pro programa e depois a confusão na boate, não consegui ligar pra minha irmã. Disse a mim mesmo que faria aquilo assim que chegássemos ao hotel. Me perguntava se Augusto iria gostar da Jô, mas logo a dúvida se desfez. Ela era mestra com crianças, sabia o que fazer e tenho certeza que eles se dariam bem. Em questão de segundos os filhos dela vieram em minha mente. Será que já sabiam daquilo tudo? Aquilo me remeteu a Yasmin. Ela não merecia o pai que tinha e não merecia passar por aquilo, mas sabia que ela era uma menina forte. Lembrei das vezes em que a Jô estava discutindo com o Chimbinha e ela estava presenciando aquilo tudo. Quantas vezes tirei Yasmin daquela situação... Aquilo me deixou mais irritado, senti meu semblante ficando pesado. Pouco tempo depois senti alguém se deitando ao meu lado, mas não precisei abrir o olho pra saber que era a Jô. O perfume dela a denunciava. Apesar de ela estar com cheiro de festa, ainda sim, era inconfundível. Estiquei meu braço para que ela se aninhasse em mim, e ela o fez. A cabeça dela estava apoiada em meu peito, e a posição estava aconchegante. Não abri meus olhos, apenas relaxei. Ela não falou nada, e eu respeitei esse momento. Pouco tempo depois senti o corpo dela relaxando sobre o meu. Abri os olhos e vi que ela dormia. A manhã seria longa. Então tratei de dormir também.

~Mais tarde~

Acordei, e vi que ainda estávamos na mesma posição. Meu braço doía, mas não queria acordá-la. Ela parecia estar dormindo muito tranqüila, toda encolhida em mim. Liguei a TV e deixei em um volume baixo para que ela não acordasse. Coloquei meu braço atrás da minha nuca e fiquei assistindo ao noticiário.
Não demorou muito e ela começou a se mexer. Devagar ela abriu os olhos e olhou pra mim. Ela sorriu tímida, mas seu olhar denunciava que ela ainda estava assustada com toda aquela situação. Ela abaixou a cabeça e apertou meu corpo contra o dela, ela começou a chorar baixinho e eu apenas acariciava seu cabelo. Não disse nada, deixei que ela desabafasse em lágrimas ali. Algum tempo depois ela foi parando aos poucos de chorar, se sentou na cama, limpou o rosto, olhou pra mim e sorriu.
-Bom dia meu lindo!
-Bom dia minha princesa! Dormiu bem?
-Mais ou menos, e você ta melhor?
-Um pouco de dor de cabeça, mas estou bem.

Me sentei na cama e levei minha mão até seu rosto para acariciá-la. Naquele mesmo instante, um médico entrou no quarto.
-Bom dia gente, sou o Dr. Eric.

Ele cumprimentou a nós dois com um sorriso no rosto. Parecia muito simpático.
-Bom Rogers, só vim confirmar a sua alta. Nada grave, mas um repouso é sempre bom. Sei que você é dançarino, mas para uma recuperação melhor, vou pedir para que se afaste por 15 dias. Vou receitar uns analgésicos caso você sinta alguma dor. Daqui a 3 dias você volta pra vermos os pontos, ok?! Seus amigos estão na recepção, e a frente do hospital lotada de gente. De fãs a fotógrafos e repórteres.

Olhei pra Jô e ela estava olhando pra mim. Segurei firme em sua mão. O médico me entregou a receita, sorriu pra nós e saiu do quarto. Dei a receita pra Jô que abaixou a cabeça para ler, mas eu sabia que o olhos corria pelas palavras e ela não estava assimilando nada do que estava escrito ali. Levei minha mão até o rosto dele e o levantei.
-Ei, vamos passar por essa juntos, ok?!

Ela me deu um sorriso de canto de boca. Pouco tempo depois, Aroldo, Gigi, Jéssica e Guinho entraram no quarto com uma cesta de café da manhã recheada de coisas. Com aquela turma não tinha tempo ruim. Já entraram no quarto gritando e fazendo farra. Joelma foi pedindo para que fizessem silêncio porque estávamos num hospital.
-Peraê gente, estamos num hospital! (Joelma)
-Concordo, e estou com dor de cabeça também (Rogers)
-Eaí menino, o que o médico disse. (Gigi)
-Me deu alta, muito repouso, 15 dias sem dança e daqui a 3 dias voltar pra ver os pontos. (Rogers)
-Não passou nenhum remédio? (Aroldo)
-Sim, uns analgésicos. (Joelma)

Ela deu a receia pra Jéssica e Gigi lerem.
-Tem uma farmácia aqui perto, na saída a gente já compra! (Jéssica)
-Ó tomei a liberdade de fuçar a mala de vocês e trazer roupas limpas pros dois. Jô, a Nat tá super preocupada, trouxe seu celular, dá uma ligadinha pra ela. (Gigi)
-Obrigada Gigi, estávamos mesmo precisando! (Joelma)

Gigi entregou uma bolsa pra Jô com umas roupas e ela foi pro banheiro se trocar. Colocou uma blusa folgada, e uma bermuda jeans que ficava no meio da coxa. Pra variar estava usando um tamanco. Quando saiu do banheiro, parou em frente à cesta que os meninos trouxeram, abriu e ficou fuçando o que comer. Pegou uma banana, descascou e começou a comer. Na outra mão tinha um copo de suco. Ela se sentou do meu lado da cama e me fez comer um pedaço da banana.
-Vai amor, come! Isso resolve todos os seus problemas! (Joelma)

Não resisti ao pedido dela e dei uma mordida gigante na banana.
-Ei, não precisava ser uma mordida tão grande assim né?! (Joelma)

Todos riram daquela cena.
-Calma patroa, tem mais banana na cesta. (Guinho)

Guinho foi até a cesta pegou 4 bananas e colocou no colo da Jô. Mais uma vez rimos. Ela me deu o suco e eu fui bebendo devagar.
-Não precisava tanto né Guinho?! Mas me digam, como estão as coisas? O médico disse que tinha muita gente na frente do hospital... (Joelma)
-Aaah patroa, nenhuma novidade. O povo não agüenta ouvir a palavra escândalo que já querem saber o que é... Ainda mais quando os envolvidos são você e o outro cara lá... (Jéssica)
-Mas fica tranqüila que já ajeitamos tudo e vamos sair pelos fundos, ninguém precisa saber de nada, quando verem já estaremos em recife! Falando em Recife, a banda e Neyelle já voltaram, só ficamos nós e trocamos as passagens pra mais tarde. Nem vamos passar no hotel, as malas de vocês já estão no carro lá em baixo. (Aroldo)

Aroldo falou, e nós rimos. Ficamos mais um tempo ali conversando, rindo e comendo. Dr. Eric voltou e disse que eu já estava liberado. Fui ao banheiro e troquei de roupa. Cada um pegou seus pertences, segurei na mão de Joelma, entrelacei nossos dedos, saímos do quarto e fomos em direção à saída dos fundos do hospital. Uma mini van nos esperava, e realmente ninguém parecia saber da nossa presença ali. Entramos e fomos direto pro aeroporto, achamos melhor não pararmos por motivos de segurança. No caminho Joelma ligou pra Nat e avisou que estava tudo bem e que hoje mesmo chegaria em casa.
Não demorou muito e chegamos no aeroporto. Fizemos nosso check-in, e fomos a uma farmácia comprar os analgésicos. Assim que fizemos o pagamento, a chamada do nosso vôo foi anunciada e fomos pro avião.
Cada um se acomodou em suas poltronas, Joelma estava sentada do meu lado. De olhos fechados, orando e provavelmente agradecendo por não ter tido tumulto no aeroporto. Fiquei observando seu semblante, ela parecia cansada. Assim que ela terminou, ela abriu os olhos e virou o rosto pra mim. Sorriu ao perceber que eu a observara o tempo todo. Ela segurou em minha mão e entrelaçou nossos dedos. O avião decolou e ela encostou sua cabeça em meu ombro e dormiu. Decidi fazer o mesmo.

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