3. Jantar turbulento

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*Joelma*

O ensaio não tinha sido cansativo como no início da minha carreira solo. Estávamos pegando o jeito, mas logo íamos passar por tudo de novo, já que a gravação do DVD estava chegando e os fãs já estavam pedindo repertório novo. Assim que o ensaio acabou, liberei os meninos e me sentei no sofá pra beber água. Fiquei observando Rogers de longe, ele estava lindo, com o corpo todo suado e encostado na parede mexendo no celular. Meus pensamentos viajaram e comecei a lembrar dos nossos momentos mais íntimos. Suas mãos passeando por meu corpo, seus beijos molhados em meu pescoço, sua respiração ofegante. Mas fui interrompida por Neyelle, que sentou do meu lado.

-Oi patroa!
-Oi Ney, ensaio tranqüilo né?!
-Foi sim Jô, o encontro de hoje ainda vai rolar?!
-Vai sim, daqui a pouco vou em casa tomar um banho e buscar os meninos. Você vai?
-Acho que sim, vou ver se o Rogers pode me dar uma carona.

Senti uma pontinha de ciúmes, mas não podia fazer e nem falar nada. Nesse mesmo instante, Rogers veio se despedir da gente, quando ele se virou Neyelle foi atrás dele.

-Rogers, espera.

Ele se virou e ela praticamente colou no corpo dele. Tentei entender o que ela queria, mas estava longe demais pra ouvir. Tentei parecer que não estava olhando pra eles, mas a curiosidade era maior.

-Oi Ney.
-Você vai pro encontro de hoje? É que eu queria uma carona, e quem sabe depois eu possa ir até sua casa e a gente podia ter um encontro só nosso lá.

Não acreditei na cena que eu vi. Ela estava se oferecendo pra ele descaradamente. No momento em que ela colocou as mãos no peito dele, o ciúme tomou conta de mim. Sabia que o Rogers tinha uma queda por ela, ou melhor, todos os homens babavam Neyelle. Tinha que fazer alguma coisa, não podia deixar ela se oferecer assim para o meu homem. No momento em que eu estava quase levantando e indo tirar satisfações, Raul me chamou no estúdio. Foi a sorte dela.

[...]

Cheguei ao restaurante acompanhada por meus filhos, me sentei na mesa em que se encontrava a equipe e cumprimentei a todos. Senti falta de Rogers, ele nunca se atrasava. Me lembrei que ele ia dar uma carona a Neyelle. Tentei acreditar que aquilo era coisa da minha cabeça e que Rogers jamais me trairia. Pouco tempo depois, eles chegaram. E para minha surpresa, eles estavam de mãos dadas. Não consegui deixar de transparecer meu ciúme. Natália notou que mudei meu semblante ao ver aquela cena.
-Tá tudo bem mãe?
-O-oi filha?!
-Tô perguntando de se você está bem, mudou de semblante tão repentinamente...
-Tô bem sim, tava aqui pensando no cansaço de amanhã. Nada demais.

Natália não deixava escapar nada, eu tinha que tomar mais cuidado. Mas ver os dois ali de mãos dadas foi demais pra mim. Rogers

Rogers, como sempre, foi um perfeito cavalheiro e ajeitou a cadeira pra Neyelle sentar. Ele percebeu que eu tinha ficado com ciúme, e pelo o que eu o conhecia, sabia que ele queria conversar comigo. Ele se sentou ao lado dela, e parecia estar bem feliz ali. Durante o jantar nossos olhares cruzaram várias vezes. A vontade que eu tinha era que todos sumissem e Rogers me explicasse direitinho o que estava acontecendo.
-Bom gente, o papo está ótimo, a comida maravilhosa, mas tenho que ir.
-Ah mãe, fica mais um pouco. Tá tão divertido. -Yasmin pediu quase implorando.
-Amanhã eu tenho show Min, quero estar disposta. Fora que vamos pegar estrada.

Gigi percebeu que eu queria fugir dali, e estava apenas inventando desculpas.
-Faz assim Jô, vai pra casa que eu levo os meninos mais tarde. Prometo não sair muito tarde.
-Olha lá em Gigi, não faz muito a vontade deles não. Nat, cuida deles pra mim tá?
-Mãe, nós já somos bem grandinhos pra termos todas essas recomendações né?! -Yago reclamou brincando.
-Amor e cuidado de mãe nunca é demais.

Levantei da mesa rindo. Dei um beijo em cada um dos meus filhos e cumprimentei a minha equipe. No mesmo momento Rogers levantou.
-Espera Jô, vou te acompanhar até um táxi chegar.

Apenas sorri e afirmei com a cabeça que aceitava a companhia dele, mas sinceramente, a vontade que eu tinha era de dizer que eu já era adulta e sabia me virar. Não ia pegar bem falar aquilo, então me controlei. Ele foi ao meu lado até a porta sem dizer uma palavra. Era um ambiente perigoso, e antes de falarmos qualquer coisa tínhamos que verificar se ninguém estaria ouvindo a nossa conversa ou prestando atenção em nós.

-Jô, precisamos conversar.
-Aqui não Rogers.
-Mas eu preciso explicar o que realmente aconteceu.
-Rogers, aqui não é a hora e nem o lugar pra falarmos disso, ok?!

Quando olhei para o lado, um táxi se aproximava, fiz sinal pra ele parar e ele parou.

-Só não esquece que eu te amo viu?!

Dei um beijo no rosto dele e entrei no táxi. Dei o endereço ao taxista e rapidamente chegamos em minha casa. Entrei, e estava tudo escuro. Ascendi as luzes e me joguei no sofá. Fiquei deitada ali fitando o teto enquanto pensava em tudo o que aconteceu hoje.

-Porque isso ta acontecendo de novo comigo meu Pai?!

Não pude evitar deixar as lágrimas escaparem dos meus olhos e descer por meu rosto. A dor da traição é algo muito forte e eu não queria passar por tudo que eu passei há menos de um ano atrás. Talvez fosse coisa da minha cabeça, ou talvez não. E ter a dúvida é mais doloroso do que ter a certeza. Não imaginei que ele poderia fazer aquilo comigo. Ele sabia do meu sofrimento, e do quanto eu queria que a nossa relação desse certo. Naquele momento, senti meu celular vibrar. Imaginei que fosse mensagem dele, mas era mensagem de um número desconhecido. "Se você está achando que vai sair por cima nessa história e que vai se livrar de mim tão fácil, está enganada." Naquele momento, minhas mãos gelaram.

The SecretWhere stories live. Discover now