Capítulo 53

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Ela soluçou, escondendo o rosto no pescoço de Felippe.
Ele piscou, incrédulo pela atitude da morena e sem saber como agir.
Ela estava procurando consolo e proteção...com ele ?
Logo com quem ela odiava?

- Quero ir e-embora, Felippe...- Ela soluçou, agarrando-se à ele como se fosse um salva-vidas.- M-Me leve d-daqui.
Ele apertou-a com força de repente, como que movido por um novo instinto.

- Por Deus, se acalme.
- N-Não...
- Vamos aonde quiser, até outro país se for de seu desejo, mas pare de chorar. Não suporto isso, meu anjo.

Rafaella estava num pranto tão profundo, que nem se deu conta do que o marido havia chamado-a.

- Me conte o que você tem. Porquê está assim? - Felippe murmurou nervosamente, afastando-se um pouco para que pudesse pegar gentilmente no rosto de Rafa e fazê-la olhar para ele.
A morena soluçou, sem conseguir falar, as lágrimas escorrendo pelo rosto pequeno e delicado.
- É que...anh..
- Shhh..- Ele lhe beijou os cabelos, balançando-a em seu colo.
- Calminha, estou aqui. Só me diga o que têm, por Deus...está assim por mim? - Ele perguntou, temeroso.

Rafa tentou se acalmar, balançando a cabeça.
- Então por quê? - Ele insistiu, apertando-a levemente e passando o dedo pelos cabelos macios.

- Meu pai...
Com muito esforço, ela contou o que tinha acontecido entre ela e o pai. No momento o único consolo que havia em sua frente era Felippe, e ela necessitava desabafar pois a mágoa e a tristeza estavam corroendo-a por dentro.
Quando a morena terminou de falar, Felippe se levantou com uma expressão extremamente dura.
Ela o olhou com dúvida.

- Porque está assim? Ficou bravo comigo? - Ela limpou o rosto com a mão pequena.

A expressão dele suavizou momentaneamente.

- Claro que não, porque eu ficaria? - Ele puxou-a pela mão. - Venha, vou te levar para dentro.
Rafaella já tinha parado de chorar, mas ainda soluçava.
Felippe rodeou-a com os braços e levou-a para dentro da casa como se ela fosse uma porcelana.

- Dulce! - Ele gritou.

A mulher apareceu alguns segundos depois, apressada.

- Senhor Felippe?- Quando ela olhou para Rafa, emudeceu. - O que aconteceu?
- Leve Rafaella para dentro, lhe dê um chá calmante, e depois volte aqui.- Ele ordenou.

A morena agarrou-se ao braço de Felippe quando ele fez menção de passá-la para frente.

- Já, já volto para ficar com você.- Ele a tranqüilizou.- Mas agora precisa ir com D. Dulce Rafa...
Era a primeira vez que ele a chamava daquela maneira. Rafa... Talvez por ele estar usando seu nome daquela forma terna, a morena relaxou. Algo no marido estava lhe passando calma e proteção... por isso, dando um último olhar para Felippe, Rafa se deixou levar por D. Dulce.
Três minutos depois, a mulher regressou, encontrando um Felippe totalmente agitado andando de um lado para outro. Os olhos estavam gelados, porém com um brilho levemente animal..

- Senhor, o que fez à senhora?- D. Dulce perguntou nervosamente.
- Eu não fiz nada desta vez.- Ele respondeu rudemente.
- E então..?
- O bastardo do pai dela é que fez. - Ele se virou para a criada ferozmente. Ela se assustou e deu passos para trás. - Teve a coragem de dizer à Rafaella que ela é sua maior decepção, por ter nascido em uma hora inapropriada há anos atrás, e ainda por cima ter nascido mulher.

D. Dulce tapou a boca com as mãos, indignada.

- Serio senhor??
Felippe assentiu friamente.

- Mas que crueldade! - A mulher balançou a cabeça. - Pois então a pobrezinha têm razão para ficar assim! Isso não se faz... Especialmente com esta moça! Senhora Rafaella é a criatura mais meiga e frágil que já conheci. - Ela elevou os olhos para o patrão. - É de toda doçura e delicadeza, feri-la é a coisa mais fácil de fazer.
Felippe ficou quieto ouvindo. Logo, ergueu os olhos.

- Pois quem mexe com Rafaella, é como se mexesse comigo. Cuide dela por mim, Dulce.- Dizendo isso, Felippe se virou abruptamente e saiu apressado.

Sua presença poderosa abandonou a casa, antes que Dulce pudesse  impedir.

- Deus meu! - A mulher murmurou.

 * * *
Rapidamente Felippe chegou a casa de Alfredo....
Ele sorriu e estendeu a mão.
Felippe olhou para a mão do homem mais velho por um segundo, e depois avançou contra ele, agarrando-o pelo colarinho.
Alfredo levou um susto pelo ato brusco e arregalou os olhos, tentando se soltar.

- Por Deus, o que você tem?
- Não, a questão aqui não sou eu. A questão é o que você tem na cabeça? - Felippe devolveu, sacudindo o homem.
- Não estou entendendo!
- Pois eu vou explicar... olhe bem para mim e me responda seriamente, ok?

Fernando assentiu.

- Que tipo de pai tem a coragem de falar para a própria filha que ela é sua maior decepção... Somente pelo fato dela não ter nascido numa hora mais apropriada, ou por ter nascido mulher. Diga com sinceridade, acha que um homem que faz isto com a sua filha mais velha que têm merece respeito? - Felippe cerrou os olhos a apertou ainda mais a gola de Alfredo.
O homem engoliu em seco.

- Então aquela menina saiu correndo para lhe contar o que aconteceu?
- Ela não saiu correndo para contar à ninguém. - Felippe o observava com frieza e desprezo. - Mas sou marido dela e tenho que protegê-la. A vi chorando com desespero e exigi saber o que havia acontecido. E o que ela me contou foi quase um choque. Eu não acreditava que pudesse haver um pai desse tipo.
- Você não sabe do que está falando! – Alfredo tentou se soltar.
- Sei perfeitamente! Porém não me interessa ouvir sua versão da história...só vim lhe dar um aviso, Alfredo.- Felippe subiu a gola do homem, quase enforcando-o. - Rafaella é minha esposa, por isso quem se atrever a fazê-la chorar vai ter que se acertar comigo. Entendo que você e ela podem ter problemas familiares, mas a partir do momento em que ela se tornou minha esposa tudo o que lhe passa é da minha conta. Por isso não me faça perder o pouco de respeito que me sobrou por você, somente por ser pai da minha mulher. - Ele o olhou com nojo. - Mude de atitude. Rafaella não merece ter um pai como você.

Felippe o soltou, e Alfredo quase caiu.

- E me permita dizer...hoje ficou claro que não é Rafaella a sua decepção.- Ele completou. - Você é a maior decepção para ela.
Felippe virou as costas e saiu.
Alfredo tentou se acalmar, sentando-se na cadeira mais próxima..as palavras de Felippe estavam fixas em sua mente.
 * * *  
Felippe bateu na porta e entrou.
Encontrou Rafa na cama, sentada com as pernas dobradas na frente do peito e o olhar fixo na parede. Parecia desanimada...pequena e frágil. Ele se aproximou da cama e sentou-se ao lado dela.

Observou-a, e logo ergueu o queixo pequeno de Rafa, para que ela o encarasse.

- Está melhor? - Perguntou suavemente.
A morena tirou uma mexa de cabelo do rosto e assentiu.

- Tem certeza?
- Sim. - Ela sorriu brevemente. - Aonde foi?
Felippe tirou a mão do rosto da moça e soltou um longo suspiro.

- Apenas resolver algo que estava incomodando à nós todos. Agora acho que pela primeira vez tudo vai ficar melhor.
Rafa não entendeu do que ele falava, mas aquilo lhe passou certa confiança. Por isso sorriu docemente para o marido. Ele devolveu o sorriso. Um sorriso muito leve e momentâneo, mas verdadeiro. O primeiro sorriso verdadeiro que Rafa o via dar.

- Vamos descer?- Ele se ergueu da cama e estendeu-lhe a mão.
Rafa olhou para a mão dele.

Então assentiu e se levantou também, colocando a mão pequenina sobre a dele.

- Só preciso me trocar.- disse segurando a mão do marido
- Faça isso ficarei te esperando aqui.
Rapidamente, Rafa voltou do banheiro, com um vestido longo e um cardigã, pois fazia frio Ambos desceram de mãos dadas.

Um Casamento forçado Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt