O Senhor das Chamas

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Mais uma vez começo a escrever o que vem acontecido... depois de muito tempo sem sequer tocar neste livro. Estou deitado sangrando e apoiado numa parede em ruínas de um pequeno forte abandonado Aodh está buscando em sua bolsa uma pasta de ervas élficas para passar em minhas feridas... como isso aconteceu eu vou explicar, apenas parei para descrever o quão grave é minha situação, meus pulsos estão doendo de tanto brandir minha pesada espada e tudo começou a duas semanas e meia.

Adair nada mais fazia do que me mandar usar a espada como peso para treino, abaixar e subir a pesada lâmina cem vezes. Isso com certeza era cansativo e eu me perguntava o porquê de ter que o fazer.

-Por quê eu tenho que ficar aqui fazendo isso?!-Estava enfurecido, o tempo de treinamento era curto e aquilo não funcionaria... não da maneira que eu pensava.-Temos quatorze das para treino e é assim que os quer gastar?!-O local onde estávamos era extremamente belo, uma pequena área pouco abaixo da colina da vila, um antigo monastério acredito eu, eram grandes construções em ruínas e cercadas pela natureza... a luz solar tomava conta do templo, dando ar de naturalidade as ruínas, juntamente com os arvoredos que se formavam a sua volta e tomavam conta da estrutura cheia de rachaduras, tanto de batalhas quanto culpa do tempo. Adair apenas descansava com seu sombreiro e tomava um pouco de sol.

Adair-Apenas treine garoto. Esvazie sua mente.-Ele falava paciente enquanto eu perguntava e isso me deixava cada vez mais furioso. Cansado eu ergui a espada acima e a levei próximo ao chão. Pressenti um sorriso no rosto de Adair e velho sentou-se para gesticular e conversar.- Receio seus próximos inimigos não sejam mais bandoleiros, e sim criaturas terríveis, além dos soldados. Me escute, você precisa esvaziar sua mente. Limpe-a dessa fúria que toma conta de seus golpes a cada momento, ainda temos doze dias.-Eu o encarei mais uma vez e tomei aquilo como lição, me perguntei o que ele queria dizer, agora eu sei que é algo extremamente importante para um combate.

Mais um tempo se passou e treino ganhou forma, depois de quatro dias treinando apenas os movimentos da espada, ainda mantendo este treino antes de aprender técnicas e estratégias, tudo aquilo começou a ganhar forma. O velho encravou vários tocos de vinte centímetros de espessura no chão, com a mesma altura que a minha e mandou-me cortar apenas um, assim o fiz e fui corrigido.

Adair-Você é tolo? Não percebeu aquilo que te ensinei no treino físico?-Ele suspirou como se o que tinha tentado me mostrar fosse a coisa mais óbvia do mundo.-Você golpeia o tronco, várias vezes tentando o destruir, quando deveria corta-lo de maneira limpa e com um único ataque. Quando você parava a lâmina próxima ao chão, era uma maneira de controlar a enorme força que carrega, lembre-se: "o ataque cria o vácuo". -Ele me fez uma rápida demonstração e voltou ao habitual descanso, eu segui com o meu treino. Porém não conseguia cortar o tronco com um único golpe.

Foram depois de várias tentativas de partir um dos troncos com apenas um golpe, e isso me restavam nove dias de treino, que Adair tornou a me ensinar. Uma valiosa lição foi aprendida, "um ataque cheio de dúvidas não fere o oponente", por esta razão eu deveria limpar minha mente de toda a raiva e qualquer incerteza e foi com essa lição que comecei a partir os troncos com um ataque. Certa manhã o velho não havia me mandado treinar alguma técnica e por isso só havia feito os exercícios com a espada e me sentei para conversar.

-Por que eu tenho que fazer esses exercícios? Quer dizer, levaria uns três meses para meus músculos ganharem forma- Eu pude ver no um suspiro vindo do rosto relaxado de Adair e então uma expressão pouco mais alegre.

Adair-Quando você treina isso, você se acostuma com o peso da lâmina e durante a luta ela parecerá mais leve.Os movimentos serão fluidos e naturais, não algo bárbaro da forma que fazia...-Ele sorria e puxava dois copos e uma bebida.-Sabe, é completamente diferente uma batalha contra alguém treinado, se for um grupo, você terá problemas. Soldados formarão paredões de escudos antes mesmo de perceber e nunca, nunca avance contra um paredão de escudos. A não ser que você tenha um do seu lado, mas saiba que a batalha entre paredões é aterrorizante, já perdi muitos amigos que venceram a batalha física e perderam a da mente. Entrando em colapso.-Ele sorriu mais uma vez e deu um soco afável em minha testa.-Mas você é cabeça dura, vai saber lidar com isso!-Então o velho pegou seu copo e virou a bebida para dentro da garganta seca.

Sangue e FerrugemOù les histoires vivent. Découvrez maintenant