XX - O SEQUESTRO DO FEITICEIRO

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— Falando nisso... — Gabbe sorriu, como se precisasse de um favor.— Eu preciso de uma espada nova.

— Vá a um ferreiro, meu bem — ele retrucou. — Existem vários em Luária.

— Ah, claro... — Gabbe revirou os olhos, suspirando.

— Jober! — O grito de Otto soou fraco, porém, desesperador.

Ele vinha correndo pelo campo deserto, da direção do posto que ocupava anteriormente, na Torre Norte. Ele parecia exausto pela corrida extensa e percebia-se que não usava mais o elmo na cabeça e exibia dois arranhões em sua face, que partia do lado esquerdo do rosto próximo ao queixo e subia até o nariz.

— Jober... — ele repetiu ao parar diante dos dois jovens.

— Garoto, você está péssimo! Brigou com um gato, por acaso? — Jober disse, observando os arranhões na face do garoto e notando como estava ofegante. Sem contar que estava encharcado de suor e aparentemente bastante abatido.

— Ele o levou... — o rapaz respondeu com uma voz falha, tentando recuperar o fôlego enquanto falava. — Levou... Lú.

Jober e Gabbe entreolharam-se, franzindo o cenho.

— Não estou entendendo. Quem o levou e para onde?

Otto inspirou profundamente, expelindo uma lufada de ar pela boca. Os seus olhos apresentavam uma vermelhidão, característica de uma visão bastante cansada.

— Um drácon. Apareceu do nada e... — Ele tentava explicar até Gabbe o interromper.

— Está brincando, né? Um drácon em Luária? — Ela sorriu. — Estamos longe do território deles. Não devia beber em serviço.

— Ela está certa. — Jober concordou com a loura.

Aqueles dois olhavam para Otto, desconfiados, como se o rapaz estivesse mentindo sobre aquele incidente. De alguma forma, ele precisaria convencê-los e naquela altura não sabia o que podia ter acontecido com Lú nas mãos do demônio.

— Vocês precisam acreditar em mim! — ele implorou. — Lú está correndo perigo!

— Que se dane aquela merda azul! — Gabbe se exaltou. — Eu adoraria vê-lo em pedaços.

— Bem, Otto. Eu sugiro que procure Karlo. Sinto muito, mas estou de saída, não posso ajudar. — Jober olhou para o rapaz com um pouco de pena.

— Mas... e se...

— Eu acredito que ele possa se virar — Jober continuou a falar, gesticulando com uma das mãos. — Afinal, ele é um feiticeiro e foi bem treinado.

Um homem de cabelo negro e volumoso de aparentemente uns trinta e cinco anos se posicionou atrás de Otto. Ele levava uma espada embainhada e suas vestes eram escuras, trajando também uma capa acompanhada de um capuz. No pescoço, trazia uma corrente dourada com um crucifixo, uma joia de valor sentimental que carregava por anos, uma lembrança de um passado sangrento.

— Desculpe interrompê-los. — ele disse com uma voz grave, enquanto toda a atenção era voltada para si. — Jober, precisamos partir imediatamente. Se posicione.

— Sim, senhor Austin! — Jober respondeu de forma firme e respeitosa ao seu superior.

O homem se distanciou em seguida, indo de encontro a um cavalo negro próximo ao portão, onde dois homens fortes empurravam a pesada abertura de metal negro.

— Bem, chegou a minha hora. Otto, procure por Karlo, certo? — Ele acenou com a mão. — Adeus! Volto daqui a alguns dias!

— Boa viagem! — Gabbe gritou ao ver seu amigo partir montado em um cavalo. — A loura olhou para o rapaz, levantando uma sobrancelha ao perceber o quanto ele a fitava. — Não conte comigo! Ainda tenho pendências com aquele verme. Vê-lo morto é o meu desejo.

Legend - O Feiticeiro Azul ( Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora