XII - A VERDADEIRA HISTÓRIA

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Lauren olhava para o garoto, assustada. Os olhos dele demonstravam raiva, como se tivesse sido enganado, e de fato, a ninfa escondia muitas coisas dele. Na noite anterior ela falou sobre ter mentido, mas qual mentira?

— Por que está me questionando isso?

Lú cerrou os punhos. Como Lauren era sonsa!

— Não me faça repetir! Sobre o que você mentiu?

A ninfa soltou um leve gemido. O tom da voz do garoto era alto e rude, não era o tipo de comportamento que ela esperava dele, apesar das consequências ali presentes.

— Está bem! — disse ela de maneira decidida. — Você precisa saber. Lú ainda parecia inquieto, batia o pé no chão, ansioso. — Mas, antes, peço que fique calmo e que esteja ciente que tudo isso foi para o seu próprio bem. — Lú bufou, virou o rosto de lado, cruzou os braços, demonstrando desprezo. Mesmo com o olhar entristecido, a ninfa continuou a falar. — Sim, você está certo. — Ela fez um silêncio, esperando que ele olhasse em sua face. — Não sou uma ninfa.

— Isso eu já sabia. Eu quero saber quem é você? O que quer de mim?

— Uma coisa pode ter certeza, eu não sou mortal. — Ela estendeu os dois braços brancos para ele. — Embora eu pareça uma criança, sou bem mais velha.

Ele fitava suas mãos, analisando a pele alva, em seguida olhou para o seu rosto. Ela era apenas uma menina que desaparecia do nada. Por mais estranha que Lauren fosse com aquela coroa de flores que nunca murchavam, não explicava o fato de ela ser uma imortal ou algo relacionado ao misticismo.

— Eu sou uma deusa, Lú.

Lú não estava mais nervoso, parecia confuso com aquela história.

— Uma semideusa, para ser mais exata — ela se corrigiu.

O garoto estava boquiaberto, não por se sentir surpreso, mas sim por não ter certeza daquilo.

— Você viveu muito tempo naquela ilha, longe do conhecimento histórico do mundo e dos mitos que passaram de geração em geração. Talvez, as pessoas dessa vila já tenham falado da deusa Isth para você.

Lú sabia que existia uma lenda dessa deusa, e que ele iria estudar após aquela conversa.

— Ela é a minha mãe.

A afirmação de Lauren parecia um tanto controversa. Para o garoto, lendas eram histórias inventadas ou alterações de fatos reais que viajavam pelos anos, chegando às gerações presentes, onde as pessoas passavam a questionar se os acontecimentos eram verídicos ou não.

— Não sou tão ingênuo. — Lú cruzou os braços.

— Não estou mentindo, Lú. Sou filha de Isth, a criadora deste mundo.

— Lauren, por favor... você poderia ser sincera? — Lú parecia um tanto maduro. — Por que o fato de você ser uma deusa, se é que isso é verdade, atrapalharia a gente? Eu nunca fui com a sua cara, e por mais que quisesse confiar em você, eu não consigo.

Lauren suspirou, já imaginava a longa conversa que precisariam ter. Ela sentou-se no chão gramado, convidando o garoto a fazer o mesmo ao dar tapinhas na grama, mas ele se manteve em sua posição.

— Você já ouviu falar na palavra feiticeiro? — ela perguntou.

Lú ficou surpreso ao ouvir aquilo novamente. Foi o que o gato preto disse a ele. Agora ele estava curioso. Talvez Lauren soubesse de mais coisa do que ele poderia imaginar.

Legend - O Feiticeiro Azul ( Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora