XVI - O BEIJO

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O tilintar das espadas eram frequentes e o ruído metálico eriçava os pelos dos espectadores em volta.

Lú esquivava-se de um golpe cortante na altura dos olhos e mal teve tempo de recuperar o fôlego, quando a lâmina voou em sua direção novamente. Ele agachou-se subitamente, fazendo o metal cortar o ar por cima de sua cabeça, levando embora alguns fios de seu cabelo.

Karlo respirava ofegante, enquanto gotas de suor despencavam da sua face. Ele olhava para aquele garoto em posição de batalha — pernas arqueadas e segurando a espada com uma das mãos, enquanto a outra estava aberta mostrando a palma para ele. Ele havia se desenvolvido muito bem nos últimos anos no requisito defesa, porém, possuir uma ótima defesa não queria dizer que tinha um bom ataque, e isso era fundamental para um combate.

Apesar disso, o garoto estava conseguindo deixar aquele homem cansado. Entretanto, em um combate o tempo é essencial, excluindo essa possibilidade de vitória pelo cansaço do oponente. O inimigo era traiçoeiro e bem preparado, não abriria mão de uma brecha para apunhalá-lo.

Karlo pausou o seu ataque de repente, esperando a iniciativa do jovem feiticeiro.

Lú aprendeu a ser mais confiante e se esforçou ao máximo durante esse tempo, e isso o deixou habilidoso e desenvolveu um pouco mais o seu poder, embora que, para ele, ainda era insuficiente para o termo "feiticeiro".

Como Karlo esperava, Lú partiu para o ataque. Ele correu veloz como um felino em busca da sua presa, que no caso, era o seu mentor. Ele segurava a espada com as duas mãos, que cortou o ar em questão de segundos. O garoto era rápido! Karlo viu a lâmina passar poucos centímetros do seu pescoço e quase sentiu o fio afiado o dilacerar se não tivesse esquivado o tronco. Dessa vez Lú havia se superado, e isso o fez sorrir.

Mais um golpe pela esquerda e Karlo se defendeu com a sua espada, fazendo as lâminas se chocarem e liberarem faíscas. Continuaram as repetições de ataque até o homem levar um pouco mais a sério. Assim que defendeu mais um golpe de Lú, ele aproveitou a guarda baixa do garoto e o chutou na barriga, empurrando-o contra uma árvore. Lú saiu derrapando com uma mão no chão e arrastando suas botas, mantendo-se assim equilibrado.

— Não estou surpreso — disse ele ao levantar a cabeça, que até então estava inclinada para baixo.

Lú mal conseguiu levantar os olhos para o seu mentor antes de ser atacado com um golpe que deceparia a sua cabeça, se não tivesse sido rápido o suficiente para cair de joelhos no chão duro com uma das mãos projetando um escudo à sua frente.

O escudo amarelado se formou entre ele e Karlo. Lú já dominava aquela técnica com facilidade, embora em seus treinamentos evitava usá-la, já que seria uma vantagem em relação aos outros garotos. Mas naquele momento foi por pura necessidade. Ele já conhecia os métodos de Karlo — sempre exagerado —, e nesse caso era fundamental para se proteger.

Karlo golpeava o escudo, que lembrava muito o vidro, incansavelmente. Lú esticava seu braço, abrindo bem os dedos da mão, e se esforçando para manter a sua defesa mágica. Ele fazia uma careta como se sentisse dor. A pressão dos ataques do homem já começava a rachar a sua proteção, então ele fechou os olhos com força. Ele não se deixaria vencer tão rápido, e o seu escudo não poderia se quebrar fácil novamente.

Todos os garotos em volta assistiam àquela luta, apreensivos. Lú havia se tornado o melhor entre eles, o que era irônico. Um garoto azul lutando? Era isso mesmo! Ele com sua facilidade de aprender, superou todos e pelo visto lutava tão bem quanto Karlo.

Karlo deu um último golpe, estilhaçando o escudo em diversos pedaços que faiscaram em um brilho cintilante. A espada do seu mentor, após perfurar o seu bloqueio, voou para parti-lo em dois. Lú, mais uma vez, usou a sua espada para defender-se, porém, o choque entre as duas lâminas combinado com o seu corpo enfraquecido pelo uso do poder, resultou em uma espada sendo arremessada contra o chão.

Legend - O Feiticeiro Azul ( Livro 1)Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ