XX - O SEQUESTRO DO FEITICEIRO

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— Lú, por quanto tempo irá aguentar? — Otto perguntou, enquanto a criatura tentava quebrar a barreira mágica com a lâmina.

— Eu não sei — Lú falou com um pouco de dificuldade. — Eu me esforcei muito para mantê-lo contra a Gabbe mais cedo. Eu acho que não vai durar muito tempo!

Otto estava aflito. Por trás da parede mágica, ele via o demônio atacá-los ferozmente. O punhal deslizava pelo escudo como se tentasse perfurar um grosso bloco de vidro. Embora eles tivessem tendo sucesso naquela artimanha, ele sabia que o jovem feiticeiro não iria suportar por muito tempo. O que ele estava se perguntando naquele momento era o que aquela criatura fazia fora do seu território a ponto de atacá-los.

Lú grunhia. Os golpes repetitivos estavam cada vez mais fortes. Ele rangia os dentes, enquanto os seus dedos esticados começavam a se dobrar involuntariamente. Dentro da barreira, ou melhor, da cúpula que os envolvia, Otto não podia fazer nada, e o pior era que precisavam do momento certo para atacar. Ele preparou uma flecha em seu arco novamente, e mesmo com seus músculos trêmulos não poderia falhar.

O escudo se enfraqueceu e a visão do feiticeiro estava turva diante de tamanho esforço. O último golpe da drácon ocasionou uma rachadura na parede transparente e não ia demorar muito para ela penetrar no campo.

Lú recuou um passo no mesmo momento em que sua proteção mágica desapareceu. A flecha de Otto zumbiu em seguida, porém, a criatura desviou e rapidamente lançou a sua garra afiada no rapaz negro, arrancando o seu elmo com violência e o empurrando contra o chão de pedra. Lú sacou a sua espada no mesmo instante e antes que pudesse notar, a criatura o agarrou pelas costas, segurando por baixo de seus braços.

Otto levantou-se devagar, ainda tonto e sentindo o corte em sua face desferido pelas unhas daquele demônio. Desembainhou a sua lâmina de imediato, mas quando se deu conta, nem Lú e nem a drácon estavam mais lá, viu apenas a espada do garoto jogada no chão.

O rapaz olhou para o horizonte, na direção em que o mar cintilava com a luz do sol matinal, então se virou para além das árvores e viu a criatura se distanciando levando o garoto azul em seus braços.

...

Jober analisava os animais que puxavam enormes carroças cobertas de lona. Eram três, totalmente carregadas com comida, armas e outros equipamentos para serem distribuídos para os três acampamentos ao oeste de Tandária. A carga era tão extensa que era utilizado dois cavalos para cada carroça para dessa forma suportarem o peso naquela viagem longa.

— É... está tudo certo — disse Jober ao checar a carga da última carroça.

Ele estava posicionado próximo ao portão oeste, aguardando ordens de Austin — o comandante naquela missão e líder de Luária — para iniciarem a viagem. O rapaz ruivo observava o seu amigo Nero conversando com alguns guardas perto do portão, quando suspirou, pensativo.

— Olá, Jô!

Gabbe surgiu repentinamente por trás dele, tão silenciosa como uma cobra preparada para um bote.

— Não me assuste dessa forma! — Jober olhou por cima do seu ombro para a garota loura.

Gabbe sorriu cinicamente, percebendo no que o ruivo prestava atenção.

— Então... vocês dois são um casal?

Jober pareceu ficar vermelho e expressou uma feição nervosa antes de se virar para ela.

— O... que está falando? Somos somente amigos. Companheiros de viagens.

— Ah, sei! — Gabbe revirou os olhos ao cruzar os braços, em seguida deu um passo à frente, vislumbrando as cargas extensas. — Parece que vai ser uma longa viagem. — Ela observou. — Nem me fale. Precisamos ir fortemente armados, há saqueadores por toda parte. — Jober suspirou novamente, imitando a sua posição.

Legend - O Feiticeiro Azul ( Livro 1)On viuen les histories. Descobreix ara