Sete

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"Porque você não me faz bem."

Uma bendita frase conseguiu acabar com a esperança que eu cultivava há anos. O pior de tudo é que eu sabia que era verdade. Não que eu nunca tenha feito bem a ela, mas com certeza, o que fiz de mal, teve mais destaque, afinal, foram muitas burradas e idiotices que cometidas em um ano.

Depois que levei esse choque de realidade, resolvi me afastar um pouco, porque desde que voltei e decidi que ficaria e reconquistaria Alicy, que não faço outra coisa a não ser pensar nela, e em como reconquistá-la.

Assim que virei minhas costas, fui em casa e avisei meus pais que iria sair por um tempo. Deixei meus pensamentos desbloqueados porque não queria responder as milhares de perguntas que viriam. Então, assim que me escutaram, eles perceberam que eu precisava do meu tempo.

Cinco dias se passaram desde aquela noite. Me teletransportei assim que meus pais me ouviram, e agora estou nas Maldivas, um dos meus lugares preferidos no mundo, admirando o por do sol e me deliciando com a refrescante e cheirosa brisa do mar, enquanto tento, mais uma vez, aceitar que nosso tempo acabou. O mar, e toda a boa energia que vem dele, é um calmante natural. Nele consigo enxergar a grandeza da vida. O quando Deus e deuses são grandiosos em teus feitos.

Passei dias agonizantes lutando contra a minha vontade de voltar, rastejar aos seus pés, implorar sem dignidade alguma pelo seu perdão, e só me levantar quando ela me perdoasse. Nesses momentos de pura loucura e desespero, Timot aparecia e me dava seu colo para eu chorar, e seus sábios conselhos para acalmar meu coração.

Fui surpreendido pela visita de Alana, e por mais que minha cunhada fosse intragável, a conversa que tivemos me tranquilizou um pouco.

Alana disse que me entendia, e que como todas as outras pessoas que conseguiam enxergar a minha alma, sabia que meu amor por Alicy era verdadeiro e enorme. Falou que sabia que eu fazia tanta merda só tentando fazer a coisa certa, e concluiu dizendo que, mesmo eu sendo um maluco irresponsável, que não existia no mundo humano, nem ultra-humano, um cara que a faria mais feliz.

Depois da conversa e, dessa última revelação, eu me senti mais tranquilo e uma pequena parte daquela minha esperança gigantesca que tinha ido embora, voltou.

Ela não falou nenhuma besteira, confesso, pois realmente não existia e, nunca existiria, um homem que amaria Alicy mais do que eu.

Os dias passaram e a minha vontade de voltar e tentar reconquistá-la, só aumentava. Eu sabia que seria difícil, que ela recusaria minhas investidas, mas sabia que uma hora ela iria ceder. Foi assim na primeira vez que a conquistei, e sereia assim agora também.

Uma coisa ela jamais poderia negar: que ainda me amava e me desejava. Eu via amor em seu olhar. Na forma que ela me cobrou uma explicação e na mágoa estampada em suas palavras. Eu senti o desejo na forma que seu corpo reagiu ao meu beijo. Mas além de tudo isso, eu tive certeza de que ela ainda me amava quando confessou, no meio de tanta gente, que eu fui o cara que lhe tornou mulher.

Eu era um cara de vinte anos com os hormônios gritando, fervendo nas veias. Eu queria muito torná-la minha em todos os sentidos. Porém, ao mesmo tempo em que Alicy era dona de si, ela era envolta numa manta de insegurança enorme. Então senti que precisava ir com calma.

Apesar de ser um ato natural da vida de qualquer pessoa, eu precisava que ela se sentisse a vontade e confiante quando a hora chegasse. Ela já tinha me dito que eu era "o cara", mas também disse que se sentia insegura em vários sentidos: sua maturidade, seu desempenho e seu corpo. Eu ri quando ela disse que tinha vergonha do seu corpo, pois isso era inacreditável, porque, definitivamente, ela tinha um corpo bom. Não, ela tinha um corpo lindo, incrível, perfeito, e quando eu comecei a desvendá-lo, pude ter certeza disso, e ainda mais, eu tive a maldita certeza que eu estaria viciado naquele corpo a partir do momento em que o toquei pela primeira vez...

Além do Poder - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now