Alicy diminuiu as suas idas à minha casa. Ela e Timot eram unha e carne, não se desgrudavam para nada. Ela o venerava e sempre sorria para ele daquele jeito que me enchia de alegria. Mas nem por causa dele ela se aproximou de mim.

Tentei usar Timot a meu favor, mas sempre que eu estava com ele, ela dava uma desculpa e não se aproximava.

Meu irmão sabia desde o primeiro dia o que eu sentia por ela, soube mesmo até antes de mim, e isso definitivamente não me ajudou em nada. Ele dizia que, além de eu ser velho para ela, eu não seria uma boa influência, pois eu era desajuizado, irresponsável e ele não queria que nada de ruim acontecesse com sua amiga. Pois é, que irmãozão, não é!?

Ao longo daquele ano eu atormentei a vida dela. Bom, atormentar não era a minha intenção. Eu queria apenas estar perto dela, mas Alicy era uma garota insuportavelmente teimosa e marrenta. Ela não deixava eu me aproximar e, por mais que a minha intenção fosse das melhores, ela sempre me afastava, mas eu sempre dava um jeito de estar por perto.

Eu queria que ela entendesse que a minha intenção não era lhe fazer mal, que não era um cara mau. Que eu gostava dela e a queria por perto. Mas meu orgulho sempre foi maior do que qualquer outra coisa, então não fui sincero e, em troca, só recebi patadas e cara feia.

Meus poderes eram inválidos quando se tratava dela diretamente, mas eu conseguia usá-los indiretamente.

Todas as noites quando eu imaginava que ela já estava dormindo, eu me teletransportava para seu quarto e ficava escondido a observando dormir. Ela era tão linda dormindo.

Nos dias que ela tinha aula de ginástica, eu ficava invisível e observava como agia diferente quando eu não estava por perto, ela era muito mais alegre e sorridente.

Quando ela saía à noite com suas amigas, eu me transformava em outra pessoa para poder ficar de longe a protegendo.

Quando essas coisas aconteciam, eu nunca podia chegar muito perto dela, ou então tudo ia por água abaixo e meus poderes desapareciam. Foi isso que aconteceu uma vez quando ela foi ao cinema com a turma do colégio e um filho da mãe de um moleque tentou beija-la. Eu estava transformado numa menina que não era do colégio, e assim que o vi se aproximando dela, eu me enfureci e fui até eles, e quando cheguei junto, minha transformação já não existia mais.

Eu não sabia o que falar quando ela me perguntou o que eu fazia ali, e muito menos explicar como eu tinha chegado até lá sem ela me ver. Só sei que inventei as piores desculpas e saí me amaldiçoando por ser tão descontrolado.

As coisas foram piorando, meus pais e meu irmão começaram a se preocupar. Eu não conseguia esconder nada deles, então, eles sabiam o tamanho da minha loucura quando o assunto era a Alicy.

Eu tentei diminuir o grau da minha loucura, ou obsessão, que era como eles gostavam de falar, mas eu não consegui. A cada dia que eu vivia, Alicy estava cada vez mais impregnada em meu sistema. Eu não sabia se era amor ou paixão, só sabia que era grande demais para conseguir controlar.

Timot era o que mais ficava no meu pé, pois ele sabia de algo. Além de ser o melhor amigo dela, ele conseguia ouvir os seus pensamentos, então ele sabia exatamente o que ela pensava de mim. Mas aquele filho de uma mãe superpoderosa, nunca quis me falar o que sabia.

Eu tentei de todas as formas me aproximar, mas foi impossível, ela não me aceitava, então a única maneira de estar por perto e ser notado, era continuar provocando-a, eu continuei, até o dia em que...

- Pare de remoer as lembranças, boy, isso não é saudável. – Falou Timot terminando de preparar o jantar.

- Que saco, Tim, tenho que fazer um lembrete de te bloquear toda vez que te ver.

Além do Poder - DEGUSTAÇÃOTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang