Fears - Medo e Amores

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Sinopse: Medos são sempre medos. Até mesmo para seres frios como Jade ou homens confiantes e pacíficos como Beck. Inevitável, duradouro, doloroso e forte... Principalmente quando em relação à pessoa amada.

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Pov Jade

Eu sentia aquela coisa ruim...  Não agradável tampouco frequente vinha se alastrando pelas fibras do corpo inteiro, fazendo-o virar um monte de nervos moles, transformando o coração numa banda despreparada de ritmos altos uma bomba cardíaca que me permitia ouvir suas palpitações sem mesmo tocá-la. Assemelhava a respiração a um balão de festa estourando, cada vez mais estrondoso e de forma zombeteira assustadora.  Olhei para o lado esquerdo,  e para a frente mais uma vez,  apertando a tecla do celular com a mesma intensidade que meu cérebro criava os piores pensamentos. 

CVMrs.Bibbles diz: 

O meu irmão me enviou uma caixa hoje! A Nona disse que devia ser um presente mas eu abri e eram várias luvas elásticas!... Então eu estou me escondendo delas na rua. 

Elásticas? Com certeza não era esse adjetivo que Cat deveria ter atribuído e fazia isso no seu guarda-roupas. E era verdade, perdi a conta de todas as vezes que a ruiva me ligava assustada para pedir ajuda pelo seu irmão que a perseguia com espátulas sujas de geléia, e eu desligara o celular sem ouvir a segunda parte já conhecida e óbvia de seu "esconderijo secreto".

Deixei a tela do aparelho escurecer novamente,  enquanto tentava lembrar porque estava mantendo diálogo com a Cat numa nova rede social que ela encontrara na semana anterior, e porque justamente hoje eu aceitara fazer cadastro nela para satisfazê-la
Ah sim...  Eu estava com aquilo, e preferia conversar com a amiga mais louca que já pude encontrar a ficar sentada naquele banco escuro, gélido e solitário do aeroporto, esperando o Beck. Claro, eu aprecio o escuro, o frio e os momentos de solitude que consigo, e principalmente amo o Beck,  e se para vê-lo depois das longas duas semanas que ele passou no Canadá for preciso que eu ature a espera do seu vôo demorado, eu o faria.
Mas já estava ali por quase uma hora!

Mirava o telão do andar de cima do aeroporto e apertava os olhos para checar todas as letras pequeníssimas indicando chegada e partida....  Contudo,  o problema era que seu pouso tão aguardado por mim não dava sinais algum, e pela duração estipulada ele deveria ter desembarcado há um certo tempo...  Eu poderia estar normal,  provavelmente furiosa por me fazerem esperar tanto, mas estaria satisfeita pois o veria em breve. 
E agora, eu não sabia se tornaria a ve-lo. Não depois de ter assistido todas aquelas reportagens super colaborativas para meu aquilo...  sim,  medo.
Imaginei que conversar com a Cat desviaria minha atenção da outra página aberta em meu celular, uma longa matéria sobre vários (vários mesmo!)  aviões que desapareceram e nunca foram encontrados sobre mortes na queda acidental de aviões,  sobre lágrimas de parentes que perderam suas pessoas. Eu não estava nem aí para aquelas lágrimas só desejava que as minhas não tivessem motivo para vir. 
Eu estava implorando a tudo no que acreditava para que nenhum funcionário da agência aérea viesse até mim e avisasse com aquele olhar condescendente sobre..

Parei de refletir ao ver a nova mensagem da Cat, mas ignorei-a para passar à próxima página. Cliquei no play do vídeo que falava sobre um vôo que matara mais de 200 pessoas...  Nenhum sobrevivente. 
À medida que assistia à reportagem com a voz enjoativa e piedosa da jornalista, aquilo me causava mais a sensação de morte interna. 
Eu deveria parar de ver aquelas reportagens pessimistas e focar no diálogo estúpido com Cat,  mas estava se tornando agoniante não saber o que poderia acontecer caso... 

Era como se você houvesse acabado de comprar passagens para o Iraque e em seguida fosse ao Google pesquisar sobre as guerras por lá.  Senti novamente a bomba cardíaca me fazendo sentir dor (não a boa).  Ao ver os destroços carbonizados do avião, Fechei a página com arrepios. Vi novamente o painel lá em cima... Por favor, Beck... Ah nada.

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