Capítulo 7

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- Olivia, rápido, abre o porta-luvas. - Pediu, pedido este que eu cumpri. - Coloca a mão na parede lateral esquerda e faz pressão. - Voltou a pedir e observei uma pequena porta a deslizar e dar a conhecer um compartimento secreto. - Agora passa-me a arma. Já!

Assim o fiz, relutantemente, mas de certo modo com alguma urgência ao mesmo tempo.

Observei Nathan colocar uma pequena parte do braço direito fora da janela, apenas o suficiente para conseguir apontar a arma para onde quer que quisesse, sem ser alvejado, ou, pelo menos, para que as balas não perfurassem partes do corpo que o inibissem de fazer grandes atividades físicas.

- Ah! - Grunhiu ao que eu respondi com o silêncio de uma rapariga amedrontada. - Olivia, segura no volante.

Assustada –, mas sem qualquer outra hipótese - aprontei-me a manter a direção do volante de acordo com a forma da estrada. Enquanto isso, pelo canto do olho observava o rapaz do chapéu a ajeitar-se no banco e a fazer uma melhor pontaria em direção ao carro que nos perseguia.

Seguiram-se três tiros e esforcei-me ao máximo para manter o carro na estrada e não me deixar assustar por um som tão estrondoso. Umas milésimas de segundos depois fizeram-se ouvir o chiar de pneus a dançarem descontroladamente na estrada, acompanhados por um barulho estranho.

Larguei o controlo do veículo ao sentir as mãos de Nathan a roçarem as minhas, prontas a tomarem controlo do mesmo, colocando-as rapidamente no colo. O BMW abrandou lentamente e recuou uns bons metros para trás até onde o perseguidor perdera o controlo e se fez ouvir o estrondo, isto até encontrarmos as marcas dos pneus nas estradas e o ferro - que separava a estrada de uma potencial ravina – divido ao meio por pressão e amolgado.

- Fica no carro. - Ordenou Nathan, fazendo crescer em mim um sentimento estranho e não muito bom.

Não que quisesse ir, até porque a ideia de estar sozinha num carro com uma das portas abertas, deixando entrar as geladas temperaturas do exterior, às 8h da noite depois de uma perseguição qualquer com o uso de armas de fogo a não sei quantos kms/h, mas, por um lado, senti curiosidade em saber o que ia acontecer – apesar de já ter uma ideia – e senti-me mal por não poder participar nalgo que fui obrigada a participar. Para não falar que sempre detestei as suas ordens.

Esperei quase uma hora pelo rapaz, fazendo-me morrer de frio, medo e curiosidade. Mas depois desse tempo todo, ele ainda não tinha voltado.

Num ato tomado por todos os sentimentos, emoções e pensamentos que me tinham assombrado nos últimos 60 minutos, juntando um bocadinho de preocupação e coragem pelo meio, resolvi saltar do carro e ir à procura dele.

- O que é que julgas que estás a fazer? - Inspirei profundamente ao ouvir a voz de Nathan atrás de mim.

- Estavas a demorar demasiado tempo, ía tentar perceber o que tinha acontecido.

- Volta para dentro do carro, vamos sair daqui. - Diz num ar sério. Sem rodeios, faço o que pede – para variar – e ele segue viajem para o mesmo edifício onde tínhamos estado quando houve uma competição de boxe qualquer.

Ele para o carro no mesmo sítio que da outra vez – ao lado de uma das poucas árvores existentes, não muito longe da entrada e a dois lugares de distância do muro – e olha de lado para mim enquanto permaneço vidrada na árvore à nossa frente.

- Olha, não tens de entrar se não quiseres, mas também não podes ficar no carro. A melhor hipótese para esse caso é ficares no balneário. - Viro-me para o encarar, mas ele apenas olha para mim por curtos segundos antes de abrir a porta do condutor. Suspiro e abro a porta mais próxima a mim, saindo e juntando-me a ele.

OliviaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora