Capítulo 6

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Ainda não eram 8h da manhã e já mais de metade do Campus se tinha juntado à grade, com um olhar observador em direção aos vários detetives e outro tipo de agentes que proliferavam do outro lado do gradeamento metálico. Tanto alunos, como professores e pessoal não docente do colégio, tentavam perceber quais dos rumores que ouviram tinham um fundo de verdade e quais eram totalmente mentira, procuravam pistas que poderiam falhar aos olhos dos profissionais representativos da autoridade e ainda arranjavam maneira de inventar uma história louca nas suas mentes barulhentas para espalhar mais tarde de modo a criar-se um novo rumor, fazendo a verdade perder-se entre os mesmos.

Sentia que, mesmo sabendo ligeiramente mais do que eles, ter ouvido o que não ouviram e ter estado no momento errado à hora errada ao contrário de qualquer um, sentia-me tão ou mais perdida e confusa que qualquer um ali presente.

Porque é que depois de dois meses sem contactar comigo, é assim que ele arranja maneira de me chamar a atenção? Porque é que ele atirou contra aquele corpo? Será que foi ele que atirou contra ele ou outra pessoa? E se calhar foi por isso que Nathan atirou o chapéu para dentro do colégio, para me tentar proteger. Ou então para me avisar que é perigoso e que ele anda atrás de mim. E sendo tão silencioso como aparenta ser e porcarias do género, como é que ele tinha sido tão desleixado desta vez? Estaria ele a ser perseguido ou estaria ele a perseguir alguém? Tantas perguntas sem resposta e sem forma de eu conseguir saber mais sobre o assunto.

Voltei para o dormitório e sentei-me na cama, a olhar para o nada e a pensar em tudo. Tinha-me esquecido de trancar a porta ao entrar, por isso, segundos depois, lá estava Emily a falar de como emocionante era esta história de termos detetives a trabalhar a poucos centímetros das instalações da nossa residência, de como blá blá blá e mais não sei o quê.

- Olha Em, estou-me a sentir mal e enjoada, não vou às aulas hoje. - Inventei para evitar ter de ouvir falar sobre este assunto o dia inteiro. - Espero que tenhas um ótimo dia de aulas mas gostava de descansar agora.

- Enjoada? Olivia, diz-me que usaste preservativo! - Virou-se para mim preocupada.

- Mas que...? - Olhei para ela chocada com o que ela estava a insinuar. - Sabes que mais, tem um bom dia, boa noite e até amanhã. - Respondi, varrendo-a para o corredor e trancando a porta situada atrás de si.

Rastejei até à cama e deixei-me cair para trás, aterrando na colcha clara que a cobria, tapando a cara com as mãos. Afastei os olhos dos dedos e vislumbrei o chapéu negro que Nathan me tinha deixado ontem e ainda não tinha vindo buscar, como habitualmente fazia. Voltei a tapar os olhos e deixei-me adormecer, ao contrário do que tinha acontecido durante a noite em que não consegui nem fechar os olhos.

*

Acordei com a horrível sensação de ter os pés e pernas frios e instantaneamente procurei com o olhar o cobertor que costuma estar no fim da minha cama.

O meu peito inchou de ar quando os meus olhos pousaram no que estava a curtos milímetros do meu cobertor, mas como seria de esperar, nenhum som saiu da minha boca. Ainda assim, o pânico, e um misto de emoções positivas e negativas, atravessavam-me como flechas.

- Muda de roupa e vem comigo. Agora. - Fez notar-se urgência na sua voz, o que me fez despachar o mais rápido possível.

Resolvi não fazer perguntas. Apesar de querer saber onde íamos, como íamos atravessar o gradeamento com tantos polícias na zona Este caso quisesse sair, como entrou, etc, já sabia que devia permanecer calada a menos que quisesse ouvir coisas pouco agradáveis. Além disso, depois de tudo o que se tinha passado durante a madrugada, não sei se queria sequer questionar ou chatear Nathan.

OliviaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora