5. Policia 🔦

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--- Você vai me prender agora ?

Eu já tinha aceitado o meu fim, quando escutei uma gargalhada vindo da parte dele.

--- Não!
--- Ah, não ser que você tenha cometido um crime srta.

"Okay, agora sim eu estava confusa, se ele não estava ali para me prender, o que queria"?

--- Minha equipe foi acionada para uma instituição de idosos com alzheimer, por que estava acontecendo algum tipo de briga com arma branca.

--- Parece que a sua vó atacou uma paciente em uma crise de amnésia, onde ela pensou que a outra mulher era sua inimiga de infância que roubou seu namorado ou algo assim...

Naquele momento eu não sabia se eu sorria ou me desesperada mais.

"Quem sabe essa doidice já não seja de família mesmo"?

--- Ela foi sedada, mas um parente deveria está com ela lá hoje.
--- Okay eu vou pra lá.

Rebati dando de ombros.

--- Eu posso te dar uma carona. - escutei seu tom se aproximando.

Eu lhe fitei interrogativa, não sabia se aquilo era uma oferta ou uma afirmação, mas o jeito que ele analisava meu corpo, eu conhecia bem aquele tipo de olhar.

--- Não obrigada eu vou de Uber.

--- Eu faço questão srta ! Deixe-me apresentar, me chamo Luciano. - estenteu a mão saudativo e eu relutei em apertar.

Apertar suas mãos significava que iniciariamos algum laço de amizade, e tudo que eu menos quero é ter um policial em minha vida agora.

Apertei sua mão apenas por gentileza.

--- Agora que sabe meu nome, não precisa ter medo, eu lhe deixo lá em segurança.

Eu iria negar, eu realmente iria negar aquela carona mas ele insistia, então aceitei sua carona apenas por insistência.

E enquanto pilotava ele fazia questão de acelerar cada vez mais, para que eu pudesse expremer sua cintura com minhas mãos.

Ele me deixou em frente a instituição e o movimento parecia um pouco agitado lá dentro, eu agradeci antes de adentrar, sentindo que aquele policial ainda me olhava, coitado, não sabe que da fruta que ele gosta eu simplesmente chuparia até o caroço.

Ao adentrar o local, uma enfermeira me guiou até a sala hospitalar gelida, onde minha vó estava isolada, suas mãos presas a maca, dos dois lados me deu um aperto no peito, ela tomava algo em sua veia e seu olhar estava quase morto fixo em algum ponto especifico em sua frente, a enfermeira me informou que ela provavelmente estava em qualquer lugar, menos naquela sala.

Querida vovó

É engraçado como ao longo do tempo, lembramos perfeitamente de algumas memórias específicas da juventude... Eu não á culpo.

Eu me lembro bem, da senhora penteando meus cabelos negros e escorridos, preparando meu lanche da escola, cuidando de cada detalhe de minha vida e rotina, preenchendo o lugar que minha mãe escolheu deixar.

Obrigada por sempre cuidar de mim.

É muito pertubador se eu dissesse que queria ter um pouco de Alzheimer e esquecer de algumas memórias recentes ?

Engoli em seco lhe analisando.

Eu não lembro se vim te visitar semana passada ou não, se te trouxe um lençol limpinho e novas fronhas para seus travesseiros.

Mas seu cérebro leva de 10 há 30 segundos pra esquecer de qualquer ato que eu faça.

O que importa é que estou aqui agora Vovó, segurando sua mão quentinha e analisando se você está sendo bem cuidada ou não, em bora você pense que sou a indigente da sua filha, e me chame pelo nome de Sônia as vezes, eu lhe entendo...

Deve ser horrível,
Não lembrar quem você é.

Mas eu tenho umas coisas pra confessar vovó, umas coisas terríveis.

--- Hoje eu fui estrupada, e matei o desgraçado, mas em seguida, eu fiz coisas horríveis Vó, coisas que eu nunca imaginei, eu sou uma pessoa horrível. - senti algumas lágrimas escaparem de meus olhos contra minha vontade.

--- E você provavelmente me odiaria se soubesse metade do que eu fiz.

Sussurrava quase inaldivel para minha vó, que permanecia do mesmo jeito naquele leito, em bora a enfermeira dissesse que ela não estava ali, era como se eu pudesse sentir que ela estava me ouvindo e compreendendo, ou talvez, eu apenas estivesse me convencendo disso.

--- Mas não foi proposital vovó, eu não pretendia matar aquele homem e esquartejar seu corpo.

Olhei para a cama dobrável, na qual eu passaria essa noite, e senti a mão de minha vó apertar a minha, me alarmando imediatamente, em seguida escutei sua voz saindo com muita dificuldade.

"Alguns mal, vem para o bem, minha filha".

Sua voz trêmula e defeituosa deixou meu coração quentinho, eu sabia que ela estava ali comigo, eu sabia que não me abandonaria, rasguei um sorriso em meio as lágrimas, e me aproximei para beijar sua testa.

--- Bença a Vó.

Ela não respondeu mais, porém mesmo assim eu sentia a sua resposta.

Eu chorava de felicidade e tristeza ao mesmo tempo, uma mistura de sentimentos, que não me deixariam dormir tão cedo, então apenas fiquei ali, segurando sua mão frágil e fitando seu rosto.

Talvez não exista prisão pior, do que está preso dentro de si mesmo, está vivendo dentre as paredes que a memória tem, e não conseguir se realocar a nenhuma delas.

Eu sinto pena de você Vó, em bora você sempre tenha me dito que pena é o pior sentimento que se pode ter por outro ser humano, mas tenho ainda mais pena de mim, por ter me tornado um monstro que agora fujo de minha própria sombra e desconfio de todos.

A noite se arrastou de forma sorrateira, em um piscar de olhos já era dia, e meu despertador tocava frenético, e eu precisava ir para o apartamento de Valentina recebê-la, em bora entrar lá sozinha agora me despertasse um certo gatilho.

Eu não tinha escolhas.

Um anseio incalculável fisgava meu peito aquela manhã, sentada naquele banco de ônibus, talvez a ressaca somente ajudasse a aumentar minha angústia, mas uma hora ou outra eu teria que enfrentar meus demônios, e eu preferia que fosse logo de manhã cedo.

Afinal.

Não há nada que uma boa xícara de café não cure não é mesmo, então será a primeira coisa que vou fazer quando chegar naquela cobertura hoje.






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O Diário De Uma Faxineira Killer #ValuWhere stories live. Discover now