Capítulo 14

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CAPÍTULO 14 - GANHANDO VIDA

– É, era uma família muito bonita - disse meio nervosa para a mulher em minha frente.

Ela não tinha mudado nenhum pouco desde quando a vi pela primeira vez, até mesmo as roupas que usava agora, eram bem parecidas com as que ela esteve vestida no mercado.

Aqueles olhos extremamente pretos me encaravam desafiadoramente.

– Os Miller são lamentáveis mesmo - ela não demostrou nenhuma emoção - São tão insolentes, e ainda usam a desculpa de que precisam saber das coisas.Sempre querendo um porquê.

– Talvez, por que isso seja uma coisa inteligente á se fazer - enfrentei.Tudo bem as pessoas falarem de mim, não ligo, mas aquela mulher estava falando da minha família, e ela não sabia nada sobre nós - Não aceitar perguntas sem respostas.Afinal, tudo tem um porquê, cabe á nós descobri-lo.

–Vejo que Híbridos podem ser bem audaciosos - ela riu - Seu sangue, garota, tem uma mistura nada agradável.Você é do sangue dos Miller, dos Lancaster, de bruxas e mundanos.Isso deve ser horrível.

– Nem tanto - dei de ombros - Acho que me sentiria pior se andasse vestida sempre com uma roupa ridícula preta.Isso sim, deve ser lamentável.Não ter roupas de outra cor, apenas preto, sabe?Como se a cada dia fosse para um enterro diferente.

– Talvez amanhã eu possa ir no seu - ela comentou.

– Quem sabe, não é mesmo? - cruzei os braços em frente ao meu corpo - Pode ser que sim, pode não ser que não.Nunca se sabe.

– Ah, garotinha, estão confiando demais em você - ela vociferou - Acho que meu William não pode depender de você, ele tem que se livrar da maldição por si mesmo.Você não serve.Eu, se fosse Ashley, a descartaria no mesmo minuto que meus olhos encontrassem os seus.

– Não sou uma roupa, que se não serve é descartada - trinquei os dentes - E pelo que vejo, você também não é Ashley.Acho que Ashley tem roupas mais claras, e de diferentes cores.Ah, sem falar que, é menos rabugenta - Se eu descontei minhas frustrações nela?Talvez um pouco.

– Ora sua...

– O que é que está havendo aqui?- William descia as escadas lentamente e alternava o olhar entre nós duas - Dava para ouvir as vozes lá de cima.

– Então você, provavelmente, ouviu como a garota foi petulante e mal educada - a rabugenta senhora não esperou resposta e saiu da sala

– Que diabos você disse á ela, Miller? - ele se aproximou - Eu nunca a vi assim.

– Ela é...

– Se vai falar alguma coisa do tipo que eu acho que vai falar - interrompeu -, é melhor não falar nada.

– Quando fizer sentido, podemos voltar á conversar - disse - Quero ir embora.

– Não banque a mimadinha comigo

– Porque eu quero ir embora de uma casa que, provavelmente, a empregada está bolando a minha morte na cozinha?

– Ela não é uma empregada - corrigiu - É minha governanta e amiga.Quase uma mãe.

– Me leva daqui de uma vez.

– Vem logo.

...

Já que a diferença entre nossas casas era muito pequena, fomos á pé mesmo.

– Miranda parecia zangada como nunca - ele me encarou, enquanto andava - Sério, o que fez?

O Garoto Da Última CasaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora