Capítulo 14 - A beleza de Lantis

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         "Do que está com medo, dragão? Olhe para nós!"

- Denatheor, rei dos dragões

Eles fitaram Dhalek estupefatos. Lantis rangeu os dentes.

– Traidor! – ele avançou para o ex-amigo, mas os piratas o cercaram e avançaram em Missandra, ameaçando-a com uma adaga na garganta.

– Aquela garota – disse Dhalek, apontando para Missandra – é a princesa de Ayala. Esse – apontou para Lantis – é seu guarda-costas e braço direito do rei. Darão uma grande recompensa. Este garoto e aquela elfa são seres místicos e podem render um bom dinheiro.

A princesa respirou aliviada quando Dhalek não apontou para os dois animais no cesto da gávea. Ela ponderou se ele o fizera de propósito, se havia se esquecido deles ou se não tinham valor comercial.

– Dhalek, como... como pôde? – Maryan suplicou a ele quase chorando.

O homem não se virou na direção deles.

– Só os leve para seu barco e os tire daqui de uma vez – ele resmungou – e me entregue a pedra.

Os piratas avançaram para eles, amarrando-os e prendendo-os com correntes em meio a gritos e risadas. Missandra estava chocada. Maryan sentiu os olhos arderem de ódio e decepção.

– Eu odeio você – ela gritou em meio ao tumulto, enquanto os piratas riam e os carregavam para o outro barco por meio de pontes improvisadas – Eu odeio você, Dhalek! Vai morrer sozinho, desgraçado!

O ex-amigo não levantou o rosto. Barrousse olhou para Dhalek com desdém.

– Achei que seu coração tivesse amolecido. As lendas que cercam seu nome são tão fantásticas que me pergunto se são reais. Você sabe... eu mesmo sou um pirata sanguinário e fitando você – ele olhou para Dhalek de cima a baixo – vejo só um rostinho bonito que nem barba tem.

Dhalek olhou para cima. A lua estava perto de surgir.

– Só me entregue a pedra e vou embora.

O pirata sorriu e um dente amarelo de ouro brilhou no canto da boca.

– Mudei de ideia. Você vem conosco. Afinal, uma lenda como você também deve valer um bom dinheiro.

O homem arregalou os olhos.

– Está louco, Barrousse?

– Vamos rebocar o barco dele também, a Sereia Travessa – ele avisou aos piratas – Ela mesmo é uma lenda!

Quando os piratas avançaram para ele, Dhalek ainda lutou, mas foi dominado quando inúmeros deles saltaram sobre ele. A luta ainda durou vários minutos, mas Dhalek já tinha vários cortes pelo corpo apesar de muitos piratas morreram na tentativa. Barrousse ficou furioso.

– Seu canalha! Espero que os soldados o matem quando chegarmos ao porto de Sybil.

– Vocês todos morrerão antes – os olhos de Dhalek brilharam de forma sinistra.

Dhalek foi dominado e amarrado ao mastro principal do navio. Todos os outros foram conduzidos ao porão e presos em uma cela fétida e imunda. Os piratas deixaram que Dhalek ficasse exposto ao frio e ao vento, pois sua vida não valia tanto. Afinal seriam bem recompensados independentemente de ele estar vivo ou morto.

O grupo estava em silêncio. Todos eles haviam confiado no pirata; não era hora de recriminações. Lantis sentou-se ao lado de Missandra, que estava abraçada aos joelhos e soluçando baixinho. Mane sentou-se ao lado de Maryan, que parecia apenas estática e olhando para o nada, tentando entender o que acontecera. Ela passara apenas alguns dias com Dhalek, mas era como se já o conhecesse e confiaria a ele sua própria vida.

O Legado do Dragão - degustaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora