09 - Uma simples ida ao shopping

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Chegamos ao shopping center depois de vários minutos de carro pelas vias movimentadas de Honorário. Era incrível o quanto a cidade era bem iluminada, semelhante a um formigueiro brilhante, formigas estas que seriam os faróis dos carros das avenidas e as luzes acesas no interior dos inúmeros arranha-céus espalhados por todos os lados. E o shopping fazia parte daquele universo todo.

A entrada inclinada para baixo do estacionamento ficava ao lado do edifício e dava no amplo saguão repleto de carros e motos. Meu pai estacionou o Palio Fire numa das poucas vagas disponíveis, descemos e entramos no elevador, indo então para o térreo.

- Caraca – eu disse de queixo caído, assim que a porta do elevador se abriu. – Nunca vi nada igual.

E era verdade. Em Belém não havia lugares tão grandes e cheios assim, um centro comercial tão movimentado e agitado a ponto de parecer uma minicidade – e olha que estávamos apenas no hall de entrada.

Nós começamos a andar em meio àquilo tudo; passando por multidões de pessoas e diversas lojas diferentes, todas com algo muito bonito nas vitrines de vidro limpo e brilhante, inevitavelmente chamando a atenção. O shopping era repleto também de passarelas que ligavam os corredores dos pisos superiores. Eram cinco níveis movimentados.

Subimos ao primeiro andar por uma das escadas rolantes, até chegarmos num lugar que tinha uma planta do complexo na parede.

- Vamos comprar as pipocas e refrigerantes aqui - disse meu pai, apontando num lugar do mapa, no segundo andar. - Querida, você compra os ingressos?

- Claro.

- E eu, pai? – perguntei. – Fico com a minha mãe ou vou com você?

- Venha comigo, assim você me ajuda com o lanche.

Então, enquanto Sara ficava na enorme fila dos ingressos, já no terceiro andar, eu e meu pai comprávamos as pipocas, refrigerante e chocolates, no segundo.

Pensei na minha mãe. Ela finalmente iria comer besteiras sem reclamar, pois sempre foi aquele tipo de pessoa que preservava a saúde em primeiro lugar, evitando qualquer tipo de fritura ou guloseima. Bom, agora era uma ocasião especial, então não haveria escapatória.

E não demorou muito para eu sentir um arrepio estranho - quer dizer, não mais estranho para mim. Olhei para o meu pai, que me olhou de volta, muito sério. Não falamos nada, mas foi como se disséssemos: "Você sentiu isso, pai? Claro, filho. Parece que teremos companhia".

Dei uma olhada discreta em nossa volta, sutilmente cauteloso. Nada de suspeito, apenas pessoas comuns se divertindo por toda parte - seja casais, seja famílias, seja jovens e adolescentes passeando.

Fiquei preparado para tudo, já tirando o meu anel dourado do dedo e o colocando no bolso da calça. Compramos a pipoca e nos dirigimos até a minha mãe, que já era a terceira da fila dos ingressos. Comprarmos os ingressos e finalmente adentramos na sala do cinema, seguindo por uma fila enorme. A sala estava cheia, a luz ainda acesa, o telão apagado.

Nos acomodamos numa das fileiras de poltronas do fundo, um lugar perfeito para uma visão ampla. Depois esperamos o filme começar.


- Gostaram do filme? – meu pai perguntou enquanto saíamos da sala por um corredor escuro, iluminado apenas por lâmpadas fluorescentes embutidas no chão, num tom avermelhado.

- Eu achei ótimo! – respondeu minha mãe, rindo, provavelmente lembrando-se de algumas das cenas engraçadas do filme.

- Eu também – completei. – Nos divertimos muito.

Caçador Herdeiro (1) - Vento Sufocante | COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora