Capítulo três

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Peter Jack me guiou para dentro de casa, passando pela sala e encontrando seus pais. A casa era linda. Uma moça incrivelmente sofisticada estava sentada em um sofá amarelo, quase da cor de seu cabelo. Ela encarava graciosamente uma lareira cinza que queimava dentro da sala.

- Pessoal, essa é a Amélia. Ela veio fazer um trabalho comigo hoje. - Peter exclamou com um tom formal.

Meus olhos ainda presos na mulher captaram o exato momento em que ela me percebeu alí. Com um sorriso doce inesperado, ela se levantou.

- Amélia! Sou Clarice - ela me cumprimentou com um beijinho no rosto.

E ela não estava sozinha; Ainda no sofá, havia um homem escondido por trás de um jornal aberto.

- Olá, Amélia - ele falou baixo enquanto dobrava o jornal - Peter falou de você hoje durante o almoço. - sua expressão cansada revelava olhos tristes.

- Ah. - soltei, com uma imensa vontade de morrer. Socorro Lana Del Rey! Devia ter ficado na cama. Percebi Peter um pouco constrangido com a situação e me limitei a um pequeno sorriso gentil.

- Você quer algo para comer? - a voz adocicada da senhora Abernathy me tirou dos devaneios - Ou um café, uma água? - Sra. Abernathy perguntou nos levando para cozinha.

- Café seria incrível. - afirmei com um sorriso, necessitando da cafeína no meu dia.

Sério, estou chocada. Eles parecem tão formais e... Chiques. Se fosse na minha casa, mamãe provavelmente estaria quase pelada e não com um vestido tão lindo, como a mãe de Peter está.

- Nós vamos pro meu quarto. - Peter avisou e me puxou com delicadeza pelo corredor iluminado pela luz do sol. Devido a rapidez em que ele me puxava mal pude ver os retratos da família pendurados nas paredes claras do corredor.

- Eu já levo seu café, Amélia! - Clarice exclamou, já distante.

Dentro do quarto, é visível que Peter já havia começado a pesquisa devido aos cadernos e folhas espalhados pela cama. Diferente do resto da casa, o quarto dele era tomado por cores escuras e pouco entrava luz do sol.

- Hã, Amélia, você pode se sentar na cama. - ele disse enquanto apontava em direção da cama enorme. Me sentei e de imediato, ele continuou. - Então, eu já comecei a fazer o trabalho e separei pra você uma parte, você pode copiar ela nesse papel gigante? - ele indagou me mostrando uma cartolina aberta Precisa de letra grande. - ele pediu parecendo agitado.

- Sem problemas.... Vou fazer isso. - aceitei a proposta dele.

Minutos depois, Clarice adentrou o quarto trazendo consigo duas canecas que eram, obviamente, café.

A maior parte do tempo que passamos fazendo todo o trabalho foi em silêncio, o que em qualquer outra situação seria constrangedor, mas dessa vez, eu não vi problema em curtir o silêncio.

Peter e eu estávamos assinando os trabalhos quando meu telefone começou a tocar - e foi tão alto que conseguiu me assustar.

- Charlotte? - Pergunto ao telefone.

- Amélia, oi! - Charlotte disse do outro lado da linha e continuou - tá tendo uma festa aqui na casa da Emma, foi de última hora. Vem! - ela gritou alto demais para ser ouvida de tão perto, então eu afastei o celular. Ela está bêbada. Tenho certeza.

- Não posso, estou terminando um trabalho na casa do Peter Jack. - contei

- Chama ele também! Vem Peter! - ela gritou mais alto ainda para que Peter ouça.

- Você quer ir? - Peter indagou.

- Sim, sim, parece ser uma boa ideia. - afirmei encarando-o.

- Hã, é, ok. - falei baixo - Charlotte já chegamos aí. - disse para Charlotte.

- Graças a Deus, Amélia! - ela respondeu - venham logo pombinhos - ela faz uma pausa. - kxnxnxjxkzxzzxjj Amélia! - ela disse tudo misturado e eu fui incapaz de entender - Gunner está aqui, venham logo! - e então Charlotte desligou.

Depois de terminar o trabalho por completo, Peter e eu estávamos no carro dele, a caminho da festa.

- Podemos passar na minha casa? Preciso trocar de roupa. Tô um lixo ambulante.

Ele riu baixo.

- Você não tá um lixo. Mas sua blusa tá do avesso, caso não tenha percebido - afirmou.

Abaixei os olhos para minha blusa, e toda a costura estava a mostra. Quantos anos eu tenho mesmo?

- É sério, pode me levar até lá? - perguntei ainda olhando para minha blusa e me perguntando se os pais de Peter repararam.

Quando chegamos na minha casa, fomos diretamente para o meu quarto.

- Onde está sua mãe? - Peter quis saber enquanto olhava meus livros um por um.

- No trabalho - respondi, escolhendo só uma calça preta.

- E no que ela trabalha? - Peter quis saber esticando os braços. O garoto se sentou na minha cama e eu sorri.

- Ela é enfermeira. - contei rapidamente - Eu vou no banheiro me trocar, já volto.

Saí do quarto velozmente e já no banheiro ajeitei a blusa que estava do avesso e vesti a calça.

Quando voltei para o quarto, Peter estava deitado em minha cama, com os braços abertos - como se estivesse morto, mas com um pequeno sorriso no rosto. Que retardado! Espera... Defuntos sorriem?

Parei estaticamente na entrada do quarto.

- Oh meu Deus, alguém assassinou o tão bondoso Peter Jack. - exclamei - Como vou viver agora que meu amado desse mundo se foi? - fingi tristeza com um tom extremamente dramático

O sorriso dele se alargou no rosto.

- Não se sintas mal, minha doce donzela. - Peter voltou do além e se levantou da cama ainda mais dramático - Meu espírito um dia vai encontar o seu, nem que tenha que procurar pelo céu ou no quente enxofre do inferno. Meu amor por ti é maior e mais eterno que a morte. - Peter se ajoelhou na minha frente, erguendo minha mão direita.

- Case-se comigo, bela donzela - Peter propôs, segurando o riso.

Pousei uma mão na testa e fingi surpresa.

- Sim, bom senhor, eu me caso. Mas só na próxima. - contei, também segurando o riso. Senti como se eu fosse explodir.

- Que próxima, minha tão desejada donzela? - ele quis saber, franzindo as testa.

- Na próxima encarnação. - Finalmente, eu caí no chão junto de Peter, e nós rimos como se nossas vidas dependessem disso. Eu faço tão piadas horríveis que acho que as pessoas riem por pena.

Jogado ao meu lado no chão, Peter começou a cutucar minha barriga me provocando horríveis cócegas. Eu sou muito sensível a cócegas, tenha misericórdia.

- Peter! Para! - exclamei gargalhando - - Por favor, senhor cavalheiro, eu imploro. - gritei me revirando e sentindo meus olhos lacrimejarem de tanto rir. Tentei empurrar Peter, que estava em cima de mim, mas ele é muito grande, e pesado! O garoto é um gigante!

- Eu vou parar! Mas só porque precisamos ir pra festa. Eu ainda te pego, senhorita Parker. - ele disse poucos segundos depois, entre gargalhadas.

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13/07/17

J.

Eu (não) Estou a Fim de Você | Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora