— O que você quer? — Lú perguntou com grosseria. Lauren pareceu não se abalar com isso.

— Já se decidiu? O que pretende fazer?

Lú não respondeu, continuou a partir a lenha enquanto gotas de suor escorriam por sua face.

— Eu vou esperá-lo o tempo necessário. Sabatow é longe, mas vamos conseguir chegar em segurança.

— Eu me sinto seguro aqui — Lú respondeu, quase como um sussurro.

— Aqui? — Lauren cruzou os braços. — Com o que aconteceu ontem, eu não acho nada seguro. — Ela sorria cinicamente, olhando em volta.

Lú olhou de lado, já enfurecido com a sua implicância.

— Me desculpe. — Ela entrelaçou seus dedos. — Eu entendo que está à procura de seu pai. Podemos fazer isso juntos e levar vocês dois a Sabatow.

— Você acha mesmo que eu quero a sua ajuda? Ontem à noite você me disse que mentiu para mim. Como eu posso confiar em você?

— Você é cismado demais comigo. — Lauren suspirou. — Desde o dia em que te encontrei, você teme que eu faça algo ruim. Eu não quero o seu mal. Estamos juntos há dias e nada aconteceu. Como você pode confiar nesse homem que acabou de conhecer e em mim não?

Lú continuava o seu trabalho, fingindo não escutar.

— Você tinha medo que os humanos dessas terras te fizessem mal e confiou nos primeiros que encontrou — ela continuou após uma pausa. — Talvez pelo fato de ser imortal não me ajude muito.

Lú partiu uma tora de madeira com tanta força, que acabou partindo ao meio o tronco de apoio. Ele lançou um olhar enfurecido a ela.

— Dá para calar a sua boca! — ele esbravejou em voz alta e alarmante. — Já estou cansado desse discurso diário de ter que confiar em você! Confiança se conquista! Se quer que eu confie em você, me prove isso!

— Lú, por favor... — Embora assustada, ela tentava alertá-lo de algo. — As pessoas estão olhando.

Realmente, Lú chamou tanta atenção que todos tinham parado de fazer suas obrigações e olhavam assustados para ele, ouvindo-o gritar para o ar — já que Lauren não podia ser vista e nem ouvida por mais ninguém.

Lú não se importou. Ele pegou o machado, segurando-o fortemente pelo cabo com as duas mãos e desferiu o golpe certeiro em direção à cabeça da ninfa, sem nem ao menos pensar nas consequências.

Enquanto isso, Lauren sequer se moveu e o machado ficou imóvel na altura da sua cabeça.

Lú estava trêmulo e ao mesmo tempo assustado. O que ele havia feito? Mas o que ele temia não havia acontecido. Lauren parou o ataque com apenas um dedo. Um dedo que nem sequer cortou com a lâmina afiada.

O garoto estava estupefato. Ela parou o ataque com apenas um dedo?

Ela realmente era uma ninfa?

Lú deixou o machado cair aos pés dela e sentiu alguém puxar o seu ombro com força para trás.

— Você está louco ou coisa parecida? — Karlo lhe deu uma bronca. Ele segurava fortemente em seu ombro, como se fosse esmagá-lo, porém Lú parecia assombrado. Os seus olhos demonstravam medo diante do ocorrido.

...

Lú bebericava um chá em uma xícara feita de argila. Estava sentado à pesada mesa de madeira na cozinha de dona Sina, ainda aturdido com o evento anterior.

— Chá de camomila vai ajudá-lo a ficar mais calmo — disse dona Sina a ele, antes de olhar para Karlo com a preocupação estampada no rosto. — Karlo, você não está exagerando com ele?

Legend - O Feiticeiro Azul ( Livro 1)Where stories live. Discover now