CAPÍTULO 1

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Estou cansada de servir mesas por hoje, mas o que mais me incomoda é o fato de os garotos da equipe de natação estarem aqui, pois detesto quando Victor me vê com esse uniforme ridículo

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Estou cansada de servir mesas por hoje, mas o que mais me incomoda é o fato de os garotos da equipe de natação estarem aqui, pois detesto quando Victor me vê com esse uniforme ridículo. Camisa com listras brancas e azuis, calças largas e esse boné horrível com o logotipo de um hambúrguer sorridente com certeza não são nada atraente e não importa o quanto Marcela, minha gerente, me diga o quão sou naturalmente linda, porque é difícil acreditar nisso quando se está usando algo tão cafona. Acho até que ela só me faz esses elogios para que eu continue atendendo as mesas, porque, de alguma forma sádica e cruel, ela realmente se diverte com meu sofrimento.

— O que vão querer? — foco em Téo, evitando olhar para Victor e me posiciono de forma que só seja possível observá-lo de canto de olho.

Não sei por que me dou ao trabalho. Victor nunca olha para mim. Jamais o peguei me encarando. Sou invisível para ele como uma parede de vidro onde você enxerga através dela, mas não se dá conta de que ela está ali à sua frente.

— Certo — diz Téo analisando o cardápio como se já não o conhecesse de cor —, vamos querer uma porção de fritas, refrigerante...

Tento não permitir que minha mente voe de novo e começo a anotar os pedidos na minha comanda, quando, de repente, sinto um braço descansar em meu ombro. Não é necessário que eu olhe para trás para saber a quem ele pertence.

As unhas pintadas de azul com glitter, o anel preto em seu dedão, as pulseiras de prata com vários pingentes de conchas que tilintam com seus movimentos e a cor bronzeada de sua pele denunciam Luana, minha melhor amiga.

— E aí garotos? — ela cumprimenta.

Todos eles murmuram um oi e praticamente a devoram com os olhos. Até mesmo Victor deixa de fitar o movimento lá fora para espiá-la com admiração. Esse é o efeito que Luana causa nos garotos.

— E aí, Lulu. — Téo dá um sorriso de canto e se recosta no sofá vermelho, passando os braços pelo encosto. — Por que não se junta a nós?

Téo também é um cara bonito. Luana e os demais se referem a ele como um pedaço Kitkat, porque, segundo ela, ele é delicioso, viciante, mas em excesso pode causar estrago.

— Obrigada, mas eu vim apenas buscar minha amiga para irmos ao shopping. — Ela me olha e pisca. — Vamos comprar os vestidos para a festa.

Estou exausta, mas, como Luana passou o fim de semana insistindo que deveríamos aproveitar que minha mãe estaria de folga para nos levar de carro, acabei concordando.

— Se precisar de companhia...

Luana solta uma curta risada de desdém e revira os olhos.

— Eu já tenho um par, Téo.

— Não custava tentar. — Ele ergue os ombros, sem tirar o sorrisinho charmoso do rosto.

Minha amiga deixa outra risada escapar, mas dessa vez o som é irônico. Sinto meu ombro mais leve quando ela tira seu braço dali. Ela leva uma mão à cintura e a outra usa para jogar os cabelos longos e claros para trás, fazendo uma cascata ondulada cair sobre suas costas.

— Você também tem companhia, Téo. — Luana ergue a sobrancelha e morde o lábio. — Acho que o único que está livre aqui é o Sr. Capitão da equipe de natação.

— O que eu posso dizer — Victor dá de ombros. — Não encontrei ninguém interessante.

— Claro que encontrou — ela diz com tanta convicção que faz com que os olhares de todos caiam em direção a Victor, que a fita com uma expressão confusa no rosto.

Não sou capaz de disfarçar e também a encaro com um olhar inquisidor, sentindo meu peito arder em ciúmes por seja lá quem for que ele tenha convidado e com um misto de decepção e raiva por ela não ter me contado antes. Então, ela me surpreende e solta:

— Bianca. Ela é interessante e também não tem par, vocês dois poderiam fazer companhia um para o outro.

Sinto meu queixo cair e meu rosto pegar fogo. Mas o que é que Luana está fazendo?

— Pode ter certeza, Victor, de que você não irá se arrepender. Bianca é a melhor companhia que um cara como você poderia ter. Ela é bonita e...

Cada palavra que sai da boca de Luana faz com que eu me sinta ainda mais mortificada. Ela fala de mim como se eu fosse um produto a venda e Victor o comprador que precisa ser convencido.

— E ela já queria te convidar faz algum tempo, mas você é tão inacessível!

Logo os garotos começam a fazer com que sejamos alvo de piadinhas que me deixam desconfortável e algo dentro do meu peito parece se rachar.

— Eu não quero ir com o Victor! — protesto com a voz alterada, fazendo-os se calarem. — Eu não preciso de alguém para ir à festa! Aliás, eu nem quero ir a essa porcaria!

Minhas mãos estão tremendo e posso sentir os olhares dos garotos sobre mim, inclusive o de Victor. Ele parece um pouco perdido, sem saber como agir, mas não estou nem aí. Sinto-me tão irritada que não me importo com nada.

Eu me retiro dali a passos largos, e, quando Luana vem atrás de mim e tenta me puxar, eu arranco meu braço de suas mãos, deposito a comanda em cima do balcão e vou até o vestiário feminino.

Mas que merda Luana tem na cabeça para me expor dessa maneira? Não há ninguém que saiba mais do que ela o quanto e desde quando eu gosto de Victor. Nunca me senti tão ridícula como agora. O que ele deve pensar de mim?

Escorrego as costas pelo meu armário até estar sentada no chão, com as pernas encolhidas, e tiro para fora o celular que guardei entre meus seios. Ainda faltam dez minutos para que meu expediente acabe, mas não irei sair daqui tão cedo. Não posso encarar aqueles garotos depois disso. Não posso encarar Victor agora que ele sabe dos meus sentimentos porque depois do que Luana falou ficou claro para qualquer um o quanto sou caidinha por ele.

Meu celular vibra e uma mensagem de Luana aparece, mas eu ignoro. Estou com muita raiva dela. Minha amiga sempre foi ousada e já me deixou em situações que me incomodaram antes, mas agora ela simplesmente ultrapassou todos os limites. Sei que ela não faz por mal, que é apenas o modo dela de agir, ser pratica e dizer as coisas sem rodeios, mas não sei se posso desculpá-la dessa vez, ainda que seja doloroso para mim, pois não suporto a ideia de estar brigada com ela.

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