Prólogo

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-Hoje temos um caso de assassinato – anunciou o juíz do Purgatório.

-Conte-nos os pormenores – pediu um membro dos jurados.

-Mel Sky, dezassete anos. Causa da morte: envenenamento.

Silêncio no tribunal. Os jurados tomavam notas nos seus blocos de folhas lisas.

O juíz fez um breve resumo da vida de Mel. Devia a adolescente ir para o Inferno ou para o Paraíso? O que tinha feito talvez fosse considerado imperdoável.
O juíz passou a mão pelos seus cabelos grisalhos. Morrera quando atingira o auge da sua carreira por causa de um ataque cardíaco. Quando chegou ao Purgatório, foi condenado a lá ficar durante bons anos. Pelos vistos não tinha sido uma pessoa honesta o suficiente. O antigo juíz foi para o Paraíso enquanto que o recém-chegado foi obrigado a ocupar o seu lugar. Todo o tipo de casos lhe tinham passado pelas mãos nos últimos anos. Estava tão cansado que mal podia esperar pelo fim da sua punição.

-E então, jurados? Deixem-me ouvir as vossas opiniões.

Todos, um por um, foram dando a sua opinião. E quase todos concordavam entre si: Inferno. Quase todos. Uma mulher destacou-se. Estava vestida de branco e tinha cabelo loiro reluzente. Aquela gente do Paraíso era de meter inveja. O juíz mal podia esperar para conhecer esse divino lugar.

-Não percebo por que dizem isso. Essa adolescente fez tudo o que podia para sobreviver sem ter a intenção de magoar alguém. Se o fez, não foi propositadamente. Eu voto que vá para o Paraíso.

Os restantes membros do júri olharam para ela com indignação. Até o juíz não acreditava muito no que ouvia. Tirou algumas notas no seu caderno e proclamou:

-O destino desta nova alma é... Inferno.

E assim seria. Quando Mel Sky acordasse, já estaria na terra do Diabo.

Run As Fast As You CanOnde histórias criam vida. Descubra agora