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|Susana|

Entrei em casa e fui até ao meu quarto onde pousei a minha bolsa em cima da minha cama.
Procurei pela minha irmã e encontrei a mesma sentada na sua cama apenas com uma toalha enrolada no seu corpo e a mesma soluçava e pude ver os seus olhos vermelhos e completamente molhados.

-O que é que se passou Maria? - perguntei chegando-me rapidamente perto dela e sentei-me ao seu lado na cama.

-O Afonso. - ela disse entre soluços.

-O que se passou? O que é que ele fez? - afastei os cabelos molhados delas da sua cara.

-Ele usou-me. - ela respondeu com a voz trêmula.

-Como assim? - perguntei arregalando os olhos.

Maria contou-me tudo o que se havia passado naquela noite em que saiu sozinha e o que aconteceu há uma ou duas horas atrás.

Fiquei incrédula. Tudo bem que ela o provocou bastante mas ele não tinha o direito de a comer e deitar fora.

- Oh meu amor. Não fiques assim. - abracei a minha irmã de lado e ela deitou a sua cabeça no meu ombro deixando a minha camisola molhada por causa dos seus cabelos completamente encharcados.

-Ele disse que eu sou uma puta. - ela chorava desalmadamente no meu ombro.

Eu sinceramente não sabia o que haveria de dizer para que ela se sentisse melhor.
Talvez não houvesse nada que eu pudesse dizer para que tal acontecesse mas eu não aguento ver a minha irmã assim neste estado deixa-me de coração partido e completamente atoa.

-Tu não és nada disso princesa. - acariciei o seu braço e deixei que a mesma chorasse no meu ombro. - Não ligues ao que ele diz. Ele só disse esse tipo de coisas porque estava com raiva por lhe teres dado uma tampa.

-Mas magoou e muito. - ela disse.

- Eu sei que sim meu amor mas não te podes deixar afetar com isso. - eu disse tentando que ela parasse de chorar.

-Posso ficar um pouco sozinha porfavor? - ela perguntou e eu apenas assenti.

Depositei um beijo na sua testa, levantei-me da cama e sai do seu quarto deixando-a sozinha como ela queria.

Fui até à cozinha e tirei um copo do armário e a garrafa de água do frigorífico.
Pus um pouco de água no copo e bebi em seguida.

Ouvi o som da campainha e fui abrir a porta dando de caras com Edgar.

-O que é que tu estás aqui a fazer? - perguntei olhando para o idiota na minha frente.

-Vim fazer-te uma visita princesa. - ele sorriu maliciosamente e eu tentei fechar a porta mas o mesmo pôs o pé na frente impedindo-me de tal acto.

-Sai daqui Edgar! Eu não te quero perto de mim. - tentei mais uma vez fechar a porta mas ele voltou a impedir-me.

- Vamos falar com calma. - ele pediu.

- Eu não tenho nada para falar contigo. - eu disse fria.

-Mas tenho eu Susana! - ele adentrou a minha casa sem permissão e eu não consegui impedir. - Eu quero pedir desculpa. Estou arrependido a sério que estou.

- Vá acaba lá com o teatro e vai embora. Eu não te quero na minha casa. - eu falei levantando o volume da minha voz.

- Eu estou a falar a sério porra! Eu quero resolver as coisas entre nós e voltar a ser o que éramos. - ele disse aproximando-se lentamente de mim.

- Pois mas eu não quero. Eu não quero voltar a sofrer percebes? Não quero voltar a ser enganada, não quero voltar a ter de esconder as nódoas negras que me fazias. Não te quero, vê se percebes de uma vez por todas. - eu disse alto e em bom som. 

-É por causa daquele merdas não é? Aquele jogador de meia tigela deu-te a volta à cabeça não foi? - ele perguntou irritado e agarrou no meu braço fortemente.

-Estás a magoar-me. - eu tentei largar-me da mão dele mas não consegui. Ele é demasiado forte.

- Sabes muito bem do que eu sou capaz princesa. Não me provoques ou já sabes que te acontece, a ti e ao teu amiguinho jogador. - ele disse apertando cada vez mais o meu braço causando-me uma dor enorme.

-És um porco. - cuspi na cara dele e logo senti a sua mão em contacto com a minha cara causando-me uma dor enorme.

- Andas a abusar da minha paciência! - ele disse entre os dentes e eu senti as minhas lágrimas saírem dos meus olhos.

-Larga-me Edgar! Vai embora porfavor. - eu pedi com a voz trêmula.

Finalmente senti o meu braço ser largado e fechei os olhos e só abri os meus quando ouvi a porta bater com bastante força.
Perdi completamente as forças nas pernas e deixei-me cair de joelhos no chão deixando o choro sair.

Paris || André & Afonso Silva ✔Where stories live. Discover now