A mulher fez um mínimo aceno com a cabeça, ergueu o queixo e deixou o salão. Erik aproveitou a deixa e seguiu a tia, com um sorriso idiota de alívio estampado no rosto. Brynja respirou fundo e massageou as têmporas:

- Eu quase fiz uma besteira... Nós precisamos ir embora, ficar é perigoso demais depois de toda essa tensão.

Rollo assentiu, sua mente já trabalhando rápido e formando um plano. Devolveu a arma de Brynja a ela e se aprumou: seria uma longa e interminável noite.

- Vá sem mim. Eu preciso resolver um assunto – ele murmurou.

Rollo já estava se afastando quando Brynja o alcançou, insistente:

- Assunto? Que assunto?

- Na verdade, são dois assuntos. Eu preciso encontrar a sua irmã e... – o homem olhou para a porta no exato momento em que a cabeleira ruiva da rainha saia por ela. Parou de andar. – Preciso falar com uma pessoa. Encontro você em casa, Brynja.

- Eu vou com você! – Brynja gritou, começando a segui-lo.

Rollo balançou a cabeça em negativa, virando-se para ela.

- Você precisa acompanhar o seu pai e o restante dos nossos. Não pode ir e deixar sua família, sabe disso. Um de nós dois precisa ficar. Deixe-me lidar com isso. Prometo que vou levar as garotas em segurança para Skiringuissal.

À contra gosto, a mulher cedeu, reconhecendo que não era esperto os dois deixarem a cidade ao mesmo tempo.

- Muito bem, mas não demore. Eu... Eu preciso de você lá – Brynja admitiu baixinho, as palavras saindo enferrujadas enquanto ela encarava o chão. Não era muito boa em expor seus sentimentos.

Dito isso, Rollo correu para fora do salão até alcançar a rainha e mais um grupo de mulheres que a seguia.

- Minha senhora – ele a chamou alto o suficiente para que a esposa do rei o ouvisse por cima das risadas e conversa do seu grupo.

A mulher automaticamente parou, virando-se de lado para ver quem a chamava. Como a estrada estava escura, a rainha estreitou os olhos e abriu um sorriso preguiçoso para Rollo ao reconhecê-lo. A sensação que ele tinha era de estar cara a cara com uma cobra peçonhenta. Precisava manter a calma e observar os movimentos dela.

- Podem ir sem mim – a mulher instruiu às outras, que seguiram o caminho sem protestar. Ebbe esperou até que suas acompanhantes estivessem longe para se aproximar do viking.

- E então? – ela questionou com um encolher de ombros curioso – Em que posso ajudá-lo, Rollo?

- Por que não fez nada? – ele foi direto ao ponto, já que pretendia ser rápido. Não via Erik em lugar algum e temia que ele fosse atrás de Anneke e Lívia. A inglesa. Mais um assunto do qual ele precisava cuidar. Lívia poderia muito bem estar fugindo naquele exato momento. Rollo esqueceu as outras preocupações e se concentrou na conversa com a mulher do rei – Por que não se posicionou contra o que aconteceu no salão?

A rainha Ebbe ergueu as sobrancelhas, surpresa, o sorriso ainda congelado no rosto. O seu modo gracioso de andar lembrava muito ao de Erik.

- Meu sobrinho é um idiota – cuspiu a senhora – não vou gastar o meu tempo protegendo um homem como ele. Também não era do meu interesse interferir.

Rollo grunhiu.

- Não era do seu interesse? Por acaso seu interesse é criar uma guerra? Porque era isso que iria acontecer. É isso que vai acontecer se Erik continuar provocando Brynja.

- Os meus interesses só dizem respeito a mim – inferiu a mulher, ficando um pouco irritada com o modo julgador em que Rollo a encarava. Ele não entendia, como poderia? Ele era um homem. A esposa do rei trocou o peso de perna, mirando-o com os olhos estreitos: – Você não tem conhecimento dos meus planos, então não me julgue, rapaz.

Imortais - O segredo dos deusesWhere stories live. Discover now