Segredos do Rei: "A honra de um povo, selada pelo coração de uma mulher..."

O Rei Em Xeque

Suspirei, balançando o conteúdo de meu copo, me segurando para não vira-lo todo em minha garganta.

Eu não queria estar ali.

Não era conhecido pelo meu carisma, nem minha capacidade de socializar. Muito ao contrario... Era conhecido por ser um príncipe rabugento e na maioria das vezes rude. Não que aquilo me importasse, não... O que me incomodava, era saber o propósito daquele baile, e saber que eu era o único que havia me colocado ali.

Deixei minha mente vagar, para a noite anterior.

* * *

Minhas pernas não eram rápidas o bastante, enquanto quase corria em direção ao quarto dos meus pais. Pela primeira vez, o desespero que mantive guardado nos últimos dois anos, parecia me sufocar. Podia sentir suor escorrendo pelo meu corpo, quando esmurrei as portas do quarto de meus pais.

- Max? – Meu pai perguntou abrindo a porta, com cara de sono.

- Como vou fazer isso pai? – Perguntei.

Pela primeira vez, deixei que lágrimas banhassem meu rosto quando desespero tomou meu corpo.

- Chris? – Ouvi a voz de minha mãe, quando meu pai me puxou para dentro

- Ah, Max – Foram as primeiras palavras de minha mãe, quando me viu, me estendendo os braços para me abrigar, como fazia quando eu era um garotinho com medo de relâmpagos.

- Como vou fazer isso, mamãe? Como? – Não tive vergonha de minhas lágrimas, enquanto derramava meu coração para meus pais.

Senti o braço de meu pai em meus ombros, enquanto minha mãe corria os dedos por meus cabelos.

- Max... – Ele suspirou colocando uma mão em meu ombro – Mude sua escolha, filho. Faça o que é certo... Não precisa fazer isso.

Minhas lagrimas, era exatamente o desespero de não saber qual caminho seguir e a certeza de que meu tempo estava terminando.

Fechei meus olhos, sabendo que mais do que nunca o fim se aproximava, agora o relógio corria contra o tempo, em contagem regressiva.

- E o seu acordo, pai? Onde estará a sua honra e a de nosso país? – Refiz a pergunta que tinha me feito durante os últimos dois anos.

- Max... Todos nos precisamos fazer escolhas...

- Jamais serei coroado pai...

- Eu sei – Sua voz era tão cansada e derrotada quanto a minha – Esse reino foi seu mundo, desde que você era um garotinho.

- Mas, nem tudo foi o mesmo depois que ela chegou, não é? – Mamãe perguntou de forma doce.

- Não...

- Eu posso abrir uma cúpula... Pedir a votação publica, nos podemos... – Meu pai se levantou correndo as mãos pelos cabelos, andando de um lado para o outro.

- Pai, sabe que é impossível... Eu já teria feito, pai... Passei os últimos dois anos procurando uma saída. Eu teria ido ao fim do mundo, pai – Enterrei minha cabeça nas mãos, deixando o desespero soar em minha voz – Mas... Não posso ter os dois... Não posso ter os dois.

Eu já tinha pensado.

Tinha sido esse o motivo de minhas noites em claro nos últimos dois anos, desde que tinha aceitado que a forma que meu coração batia em meu peito, acelerado, quase pulando, a cada vez que via seu sorriso.