O namorado do papai.

Arrependido? (26)

  O jantar foi silencioso, sem a típica animação que Mário estava acostumado na casa de seu pai, Marisa o mandou para a cama cedo, ele então tentou mandar algumas mensagens, pedindo desculpas para Kaio, mas não foi respondido, elas ficavam visualizadas, mas era óbvio que o homem não queria falar com o rapaz.

  Na manhã seguinte, Mário acordou com as batidas de Marisa na porta, logo cedo, a primeira coisa que ele fez, foi ver se Kaio o respondeu, mas nada, Mário começou a se sentir mal, não só por Kaio, mas também pelo o que aconteceu com Melisa no dia anterior, mandou mensagens para ela também, novamente não foi respondido.

  No café da manhã, a mesma coisa do jantar, Tomás parecia ser o maior preservador do silêncio, Marisa às vezes tentava puxar assunto, mas não obteve sucesso. Após o almoço, Mário já estava um pouco enjoada daquela casa, foi quando o celular apitou, ele o pegou rápido, era uma mensagem de Kaio, dizendo:"Estou com raiva, mas com saudades, posso te ver, para a gente conversar?"

  Feliz da vida, Mário respondeu que sim, mandou o endereço da casa onde estava e correu para o portão, não demorou muito e Kaio aparecer, Mário pulou nos braços dele assim que saiu do carro.

- Perdão, eu não me importo com a nossa diferença de idade, só tenho medo que você enjoe de um adolescente bobo igual eu!

- Tudo bem... Não vou enjoar de você, mas estou bravo pelo que fez com seu pai.

- Você falou com ele?

- Fui a sua "ex" casa ontem, seu pai, o Lucas e a Melisa estavam inconsoláveis, comendo sorvete, até me juntei a eles...

- Sinto muito. -disse de cabeça baixa.

- Então volta para casa!

- Não posso...

- Ok, como disse o Lucas é você quem decide, mas como vão as coisas aqui?

- Bem.

- Hum... Vem aqui, que estou com saudades.

  Kaio o abraçou e começou a beijar Mário, logo estavam se agarrando feito loucos na frente da casa, foi quando Marisa saiu para fora, ao ver os dois juntos, correu até eles.

- Que pouca vergonha é essa?! -ela puxou Mário dos braços de Kaio.

- Desculpe senhora Marisa, é que eu sou namorado do Mário e estava com saudades...

- Namorado?! -ela os olhou, parecia muito nervosa. - Já para dentro!

- Mas...

- Sem mas, vamos ter uma conversa!

  Mário encarou Kaio, em seguida entrou, Marisa foi atrás, trancou a porta e quando Mário abriu a boca para dizer algo, ela deu um tapa na cara dele.

- Você é idiota? -perguntou logo em seguida. - Como pode se envolver com um homem?!

- Quem se envolveu com um homem? -perguntou Tomás entrando na sala.

- Esse menino, com certeza foi a má influência do Rafael!

- Que absurdo, é falta de apanhar, meu pai nunca permitiu, que isso acontecesse na família dele! -Mário ouvia aquilo abismado. - Você não quer ser um homem de verdade, rapaz?

  Quando Tomás perguntou aquilo, Mário se lembrou de quando descobriu sobre seu pai ser gay, ele questionou Rafael sobre ser homem e teve uma bela resposta, que jamais poderia esquecer.

- Ser homem não se trata de sair com mulheres, e sim de ter coragem, para assumir o que faz, para encarar a realidade, lutar pelo que ama, ser justo, saber respeitar as outras pessoas, entre outras coisas, isso vale para uma mulher também, minha irmã e meu pai são bons exemplos disso! -disse lembrando exatamente a fala de Rafael. - O que estou fazendo aqui? -Mário os encarou. - Eu tinha tudo de bom na casa de meu pai, estava feliz lá e nem sabia, não precisava buscar em outros lugares! -ele correu para porta, mas Marisa o segurou.

- Aonde vai?

- Para casa, você não é a mãe que eu imaginava, mas tudo bem, eu a perdôo, porém preciso ser perdoado pelos meus dois pais.

- Você não vai voltar para aquele lugar, eu vou lhe ensinar o bom caminho!

- Não quero, a senhora é chata, louca e homofóbica, igual eu era, por isso percebi o quão chato Mário é, mas agora vou consertar meus erros e faz o favor de não me procurar mais, eu amo meu namorado, minha irmã e meus dois pais, nunca mais vou deixar eles.

- Não mesmo, você vai ficar aqui, Tomás, me ajuda a segurar esse garoto!

  Tomás começou a arrastar Mário pelos braços, enquanto o garoto tentava se soltar, foi quando alguém bateu na porta, Marisa foi atender e se assustou a ver quem estava lá.