Capitulo 02: A Culpa É Minha

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— E quem vai me impedir? — pergunta com um ar desafiador.

— Bem... — penso em falar que não iria deixar só que sabia muito bem que depois de uns minutos discutindo quem sairia vencedora seria ela, por isso apenas bufo irritado e deixo para lá.

— Sabia que você era um perdedor — diz esnobando de mim.

— Um perdedor que você ama — digo jogando charme .

Começo a rir com aquela lembrança e percebo que até mesmo nas horas mais difíceis minhas lembranças com ela me faziam rir. Que dava alegria de viver era ela.

— Não acredito que você me trouxe no Snow Palace — diz sorrindo como nunca, o que me faz sorrir involuntariamente.

— Bem e aonde mais eu poderia te levar? — pergunto a olhando intensamente.

— Eu tenho várias ideias, mas nunca aqui — diz realmente surpresa, e o motivo era óbvio.

Snow Palace era o maior hotel e restaurante da região, muitos turistas vinham aqui apenas para conhecer esse local incrível.

— Bom, vamos fazer os pedidos — digo escolhendo um daqueles pratos difíceis de ser falado e mais ainda de ser comido, já que era muita frescura.

O sorriso que antes estava no meu rosto, ao poucos vai sumindo ao constatar o que estava por vim, ao lembrar daquilo era como se meu coração se afundasse ainda mais, era como se eu... Não soubesse o que era viver, e provavelmente não sabia.

— Obrigada Dare, obrigada por essa noite incrível e por me fazer feliz todos esses anos. — fala enquanto me abraçava já dentro dos carros.

— Não precisa agradecer amor, eu faço qualquer coisa por você — digo a beijado delicadamente, seus lábios tão doce como algodão me beijava com delicadeza, mas ao mesmo tempo com paixão, pois sabíamos que aquela era nossa última vez juntos.

Só não podia saber que era para sempre. Se soubesse tantas coisas eu poderia ter feito e mudado... Ela poderia estar aqui.

Depois de mais alguns minutos entre beijos e carícias nada decentes. Resolvemos enfim ir embora, o meu maior erro.

Estava dirigindo rumo à casa da Sophie, quando do nada algo aconteceu e foi ali no meio de vidros quebrados, sangue escorrendo e pessoas sofrendo que eu perdi a mulher que eu sempre amei. A única que eu amei em toda a minha vida.

Já tinha se passado seis meses. O que mais doía nem era o fato que de me culpava por Sophie ter morrido, mas sim é que eu nem pude me despedir, já que os seus pais levaram o corpo para longe da cidade, mas precisamente para longe de mim. Eles me culpavam pela morte da vida, eu me culpava, o mundo me culpava.

Desde da morte dela, nunca mais fiz nada, acabei me tornando alguém que apenas vegetava, não saia de casa nem mesmo para ir à escola, meus amigos? Não sei deles, já que depois que tudo ocorreu me afastei de todos, não queria que sentissem pena de mim, mesmo que eu soubesse que era exatamente isso que sentiam. As aulas da escola era feitas em casa, por professores particulares, mas nada me animava.

— Querido? — pergunta Amy, que nesse tempo esteve comigo todos os momentos.

— Sim Amy pode entrar — digo respondendo a uma pergunta não feita com os lábios.

— Você sabe quanto tempo você está trancado dentro desse quarto? — pergunta me olhando com um carinho que nem nos olhos da minha própria mãe eu tinha visto.

— Sim, sei — respondo meio envergonhado.

— E mesmo assim você vai continuar aqui trancado? Você sabe muito bem que a Sophie nunca ia gostar que você ficasse desse jeito — diz me abraçando e dando o conforto que precisava naquele momento. — Promete para mim que vai tentar pelo menos sair dessa? Promete? — pergunta com uma voz doce.

— Prometo — digo sendo incapaz de dizer não. Vejo ela sorrir e sair do quarto.

O tempo então pareceu voar. Logo já tinha terminado o penúltimo ano do ensino médio, e todos já iriam começar o último. Meus amigos começaram a aparecer mais frequentemente em minha casa, porém, não dava muita atenção, mas eles continuavam vindo, tentando me animar a voltar para a escola e até em um psicólogo comecei a ir, para tratar a minha depressão como minha mãe gostava de falar para todos. Já quase fazia um ano desde a morte de Sophie, ainda doía, a culpa ainda permanecia, mas já estava na hora de tentar.

— Dare? — Amy chama enquanto entrava em meu quarto. Nesses últimos tempos, ela havia sido uma ótima amiga, como uma mãe para mim. — Que tal você voltar para escola? As aulas começam hoje. – pergunta em um tom de incerteza. Nos últimos mês vinha tentando que eu voltasse para a escola.

— Bom, porque não. — digo a deixando surpresa. – Vou me arrumar e já desço para ir – digo olhando para ela, que agora tinha um sorriso enorme no rosto.

— Ok meu menino, bem agora vou ir arrumar alguma coisa para você comer, antes de ir — diz saindo do quarto e me dando privacidade.
Pego uma roupa qualquer e vou em direção ao banheiro. O banho durou menos de dez minutos, já que se eu demorasse mais, acabaria me atrasando, visto minha roupa e dou uma bagunçada no meu cabelo, em seguida pego as chaves e minha bolsa e vou para o andar de baixo.

— Amy cadê você? — grito.

— Aqui na cozinha menino — logo que ela diz rumo até lá.

— Você deveria saber que eu não sou mais nenhum menino — digo fingindo estar emburrado. Quando estava com ela, meio que esquecia a dor, conseguia até mesmo brincar.

— Bom para mim você sempre vai continuar sendo o meu menino — diz a única pessoa que realmente foi minha mãe nesse tempo todo.
Minha mãe é uma promotora muito conhecida e por isso passa mais tempo naquela porcaria de promotoria que junto comigo que é filho dela, e o meu pai? Bem ele é dono de uma empresa e é advogado, assim passa muito tempo viajando e quase nunca tem tempo para mim, bom pelo menos nos últimos anos não tem tido.

— Tá bom, agora melhor eu parar de conversa e começar a comer antes que eu me atrase — digo visivelmente nervoso.

— Tudo bem querido, bem eu vou ter que ir à lavanderia, mas te desejo boa aula — diz me dando um beijo na bochecha e saindo de casa.

Depois de mais alguns minutos acabo de comer, e fecho toda a casa e em seguida pego a minha moto para ir para escola, já que do meu carro poucas coisas ainda funciona e durante aquele tempo não senti nenhuma vontade mandar arrumar.

Enquanto seguia rumo à escola algo chamou a minha atenção, uma garota, quase foi atropelada por algum motorista estúpido, mas não foi isso que me chamou atenção até porque isso vive acontecendo, o que me chamou atenção foi à cor dos olhos dela, eram verdes como esmeraldas, simplesmente lindos e hipnotizante.

Que pena que não consegui ser capaz de ver o rosto dela por completo, já que o capuz dela impossibilitou.

Deixei esses pensamentos segui em direção a minha nada adorável escola. Logo que desci da minha moto avistei de longe os meus amigos, e a primeira a me ver foi Ana que rapidamente chamou os outros e todos viraram em minha direção, o que era ótimo, afinal, tudo que queria era ser o centro de atração.

Não, eu não estou exagerando, e quando digo todos quis dizer todos mesmo, praticamente a escola toda escutou, já que a Ana gritou em vez de ter falado, e o que aconteceu? Não, eu não fui apedrejado e espancado, o que claramente é o que eu pensava que iria acontecer, mas ao contrário que tudo que eu pensei, eles me abraçaram, simplesmente saíram de onde estavam para me abraçar, o que era meio surreal, porque pensei que a maioria estavam me culpando pelo o que havia acontecido. Em meio a toda aquela bagunça de abraços e comprimento, um alvoroço que apenas eu e meus amigos sabiam fazer... Eu a vi.

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Dupla PersonalidadeWhere stories live. Discover now