Capitulo 02: A Culpa É Minha

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Quando as pessoas estão sofrendo, tendem a mentir. Naquele momento, dizia para o mundo que estava bem, jogando vídeo game, mexendo no facebook ou qualquer outra coisa que mostrasse que estava feliz, como se nada tivesse ocorrido, mas a verdade era que eu estava com o meu coração se despedaçando pelo fato que a única garota que amei como mulher tinha me deixado.

Eu não queria que as pessoas achassem que eu estava uma merda, mas principalmente não queria ninguém fingindo que se importava sem se importar de verdade, não queria ninguém falando que entendia pelo o que eu estava passando, quando na verdade não entendia absolutamente nada, por isso repeti a mesma coisa que disse para minha mãe para os meus amigos: Eu estou bem, só não quero falar com ninguém agora. Mas na verdade o que eu queria dizer era isso: mas que porra, será que não percebem que eu estou sofrendo e que preciso de um ombro amigo ou uma mãe que passe mais tempo comigo do que com esses bandidos filhos da puta. Mas é claro que nada disso falei, até porque duvidava que minha mãe ou qualquer outro fosse realmente escutar.

Assim, a única coisa que fiz foi ficar lá no meu quarto trancado com minha própria dor, enquanto lembranças da nossa despedida rodeavam a minha mente, a nossa despedida, que era para ser um tchau, mas se tornou um adeus.

Eu sabia que ela poderia dizer não, falar que não queria, mais tinha que tentar até porque aquela seria minha última vez na presença dela, a última vez que eu poderia a ter nos meus braços. Por isso, naquela noite quando liguei para ela e marquei um encontro torcia para que aceitasse, e bem ela realmente não me decepcionou.

Toquei a campainha várias vezes, sabia que era falta de educação, mas o meu nervosismo e a ansiedade estava muito grande, quando pensei em tocar pela quarta vez ela abriu a porta. Em suas mãos tinha um casaco e usava um vestido roxo delicado, seus cabelos pretos estavam incrivelmente cacheados e um pouco de maquiagem, nada muito exagerado, e por fim calçava uma sapatilha branca com pequenos detalhes roxos, já que sempre odiou saltos. E naquele momento sabia que não esqueceria aqueles detalhes jamais, afinal, era a nossa última noite.

— Boa noite madame — a cumprimento como um verdadeiro cavalheiro, o que faz ela dar uma risada gostosa.

— Quem é você e o que fez com o meu namorado? — pergunta ainda sorrindo, porém percebo que vacila quando fala a palavra namorado.

— Bom quem sabe até o final da noite você não descubra quem eu sou — digo a acompanhando até o meu carro.

— É talvez descubra — diz após entrar no carro.

— Bom o que a madame espera desta noite? — pergunto enquanto dirigia, prestando atenção na estrada e nela, como se esperasse guardar tudo em uma parte do cérebro para nunca ser esquecido.

— Bom eu espero que essa noite seja única — diz me olhando tão intensamente.

— Bom gatinha devo te dizer que sempre que está comigo as coisas são únicas, assim como eu — digo me gabando enquanto ela ria com a minha falta de modéstia.

— A pessoa é humilde né — diz ainda rindo, o que logo me fez rir também. Enquanto a olhava, percebi que sentiria muito falta daquela risada gostosa, da forma brincalhona e por fim aquele brilho nos olhos que nunca parecia ter fim.

— Ei o que pensa que está fazendo? — pergunto enquanto a vejo mexer no meu som.

— Colocando uma música, bem óbvio isso né — diz ainda tirando uma com a minha cara.

— Háháhá, nem a merda que você vai colocar essa música — digo parcialmente incomodado, afinal, eu tinha cara de escutar Luan Santana? Claramente não, mas Sophie era apaixonado por esse cantorzinho brasileiro.

Dupla PersonalidadeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora