Capitulo 01: O Medo No Meu Sistema

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As aulas passaram normalmente, como qualquer outro dia de aula, meus amigos zoando, minha namorada estudando como sempre e vegetando praticamente.

Quando àquelas horas de aulas torturantes acabaram, todos meus amigos saíram apressados da sala de aula.

— Nossa gente para que toda essa presa? — pergunto quando enfim consigo alcançar eles, abraçado em Sophie.

— Bom, provavelmente estão fugindo de alguma coisa — responde Ana e pela caras dos meninos ela estava certa — Ou de alguém — indaga por fim.

— Tá bom gente, eu e os meninos acabamos aprontando, por isso a gente já está de saída — diz Bernardo, um dos meus melhores amigos.

— Ok galera — digo fazendo aquele adeus tipicamente de macho, isso é, uns tapas nas costas, uns socos e esse era nosso tchau.

— Bom já vou indo — diz Ana se despedido de Sophie com uma abraço. Ana era uma das nerd também, assim, quando minha namorada entrou em nosso grupo de amigos, ela também veio junto.

— Que troca de olharem foi esse? — pergunto me referindo ao olhar que ambas trocaram. Começamos a caminhar para o carro.

— Logo, logo você vai saber — diz com um jeito muito misterioso.

— Então para onde quer que eu a leve? — pergunto abrindo a porta do carro para que ela entrasse.

— Para minha casa, acho que lá poderemos conversar melhor. — diz enquanto se acomodava no banco. Fecho a porta e vou para o banco do motorista.

Gostaria de dizer que o tempo que gastamos até na casa dela, foi aproveitado entre conversas e brincadeiras, mas estaria mentindo, tirando a parte que Sophie para eu diminuir a velocidade, fomos em um completo silencio, cada um com os seus próprios pensamentos e problemas.

Cerca de quinze minutos, estava no quarto da minha namorada, vendo-a andar de um lado para o outro, o que com certeza acabaria resultando em um buraco no chão.

— Será que dá para parar de andar de um lado para o outro? Isso já está começando a me irritar — digo com um sorriso brincalhão.

— Desculpa-me — diz sorrindo fracamente.

— Ei, vem aqui — digo a chamando para se sentar na cama, coisa qual ela fez de bom grado — Agora me conta o que tanto te atormenta, por favor — digo tocando seu rosto delicadamente, como se ela fosse uma boneca de porcelana, penso com um sorriso besta estampado no rosto.

— Você sabe que sou adotada, certo — apenas concordo com a cabeça — Bem meus pais adotivos resolveram se mudar e eu também tenho que ir com eles — conta começando a chorar. Naquele momento não sabia se chorava junto com ela ou tentava a confortar, era como se meu cérebro não conseguisse compreender o fato de que minha namorada estava indo embora, para longe de mim. Que bosta de vida.

— A gente vai continuar namorando certo? — digo olhando para ela na espera da confirmação, confirmação essa que não veio. — Você não está querendo dizer que a gente vai ter que... — deixo a frase solta no ar, pesava demais dizer ela toda, porque então iria parecer real.

— Sim Dare, é isso que eu tô tentando te dizer. — diz chorando quase compulsivamente.

— A gente poderia tentar namorar a distância – digo não aceitando aquela situação.

— Eu vou ir morar na Inglaterra, meus pais adotivos têm alguns parentes lá e bem não posso deixá-los ir sozinhos, e você sabe muito bem que namoro a distância não dá certo, nunca vi um que deu — diz suspirando — Além do mais não quero você preso a mim quando poderia estar vivendo com outra garota e o mesmo digo para mim, não seria justo com nenhum de nós dois, tente me entender – diz virando o meu rosto em sua direção.

— Eu entendo, mas do que você acredita – digo dando uma parada — Mas não é por isso que eu tenha que aceitar. – Digo levantando e indo em direção da porta, mas antes eu tinha que pergunta algo ainda — Quando você vai embora? — pergunto sem olhar para ela, pois não suportaria olhar para aqueles olhos castanhos sabendo que talvez fosse a última vez que eu os veria.

— Daqui dois dias — fala com um sussurro.

E sem dizer mais nada saio dali, não sei ao certo o que eu queria fazer ou para onde ir, só sei que queria ficar longe de todos, por isso depois de uns dez minutos rodando com o meu carro sem rumo, decido ir a um lugar que há muitos anos não ia. Eu sentia como se estivesse sendo um babaca de marca maior, afinal, não estava lutando, nem mesmo ficando do lado dela os últimos que podia, mas eu não conseguia, doía demais.

A tarde já havia caído quando finalmente cheguei em eu lugar preferido na minha infância. Quando criança, costumava vir com meu pai, isso é, quando ele ainda se importava em se comportar como um pai.

Depois de alguns minutos enfim consegui subir na minha casa de arvore, infantil eu sei, mas era aqui que eu passei boa parte da minha infância e aquela foi à época melhor de toda minha vida. Aquela casa da árvore ficava em uma das casas que meu pai possuía, mas já fazia anos que não morávamos mais ali, já que meu pai nunca gostou de morar em campo.

Não sei quanto tempo passei ao certo lá, mas quando decidi que já estava tarde e que deveria ir embora, vejo uma sobra se movimentando pelo mato. A única coisa que a pouca luz da lua pode me ajudar foi ver a cor dos cabelos dela, sim dela, tinha plena certeza que era uma mulher, e por algum motivo aquilo me assustou. O medo estava em todo meu sistema, afinal, ninguém conhecia aquele lugar, pelo menos não que eu soubesse, assim, quando não ouvi mais nenhuma movimentação desci da arvore e simplesmente corri até meu carro. Sim, corri, como uma menininha assustada, sorte minha que ninguém nunca saberia disso.

Enquanto ia para casa, percebi que naquele dia tudo que senti foi medo. Medo de ser levado a detenção, medo de perder a namorada e um medo na casa da arvore que nem sei explicar o porquê.

Quando dei por mim já tinha chegado em casa, tomei um banho rapidamente, deitei na cama e apaguei.

Dupla PersonalidadeWhere stories live. Discover now