Drico - O Paladino Errante

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Drico abriu os olhos acordando de seu transe de quatro horas e viu Steve dormindo deitado do outro lado do mausoléu. Devido ao sangue élfico que corria por suas veias, o jovem não necessitava de um descanso tão profundo quanto de um humano, apenas metade do tempo numa boa meditação lhe eram suficientes, por isso, já estava acostumado a acordar enquanto outros estavam dormindo e tratava-se de se ocupar neste tempo.

A fogueira já estava quase se apagando, então o meio-elfo se levantou e começou a alimentá-la mexendo algumas madeiras e soprando em seu centro. Ao olhar em volta ele viu nas paredes laterais do mausoléu espaços que formavam uma espécie de estante, onde estavam caixões vazios e quebrados. Drico já havia passado a noite em alguns lugares terríveis enquanto viajava de seu pequeno vilarejo para a cidade de Theolen, a maior cidade e capital do reino; de florestas escuras e perigosas até mesmo sarjetas de cidades menores, mas com certeza aquele era o lugar mais mórbido em que ele já estivera.

Ele suspirou, pegou sua mochila e começou a checar o que havia nela. Suas roupas estavam molhadas e sujas, a comida que levara para sua viagem ao norte estava esfarelada e encharcada devido à sua queda da ponte em que estava até o lago subterrâneo. Olhou então seu bloco de anotações, o que considerava ser um dos bens mais preciosos que tinha consigo e lamentou ao ver todas as letras das músicas que havia composto perdidas em meio à tinta manchada e o papel rasgado.

Drico passou a mão na cabeça por entre os cabelos caramelados respirando fundo. "Certo, eu posso me lembrar do que escrevi. E mesmo que tivesse algumas letras não terminadas aqui, isso só quer dizer que eu devo começar outras...", pensou otimista. "Isso... Essa viagem dará uma boa música".

Ele então pegou seu clarinete e soprou uma nota qualquer, mas Steve reagiu ao som e o bardo parou. Começou a tocar sem soprar no instrumento, movendo silenciosamente os dedos enquanto ouvia em sua cabeça as notas que sairiam caso estivesse tocando de verdade.

Uma melodia começou a ser formada na mente do músico e para ele, ela contava toda sua história até ali. Começando de forma crescente e graciosa, até um momento em que uma nota se destacava e outro ritmo se iniciava mais rápido e alegre até se tornar mais grave e agressivo e por fim terminar num ritmo mais parado, num tom de suspense.

Drico passou mais quatro horas compondo essa música, mas não conseguiu terminá-la, até porque se aquela seria a melodia de sua grande aventura em Thorrun, ele precisaria saber o final de sua própria história antes de contá-la através do som de seu clarinete.

Steve então finalmente acordou e depois de cumprimentar Drico começou a vestir sua armadura segmentada prateada, por cima de suas vestes, se preparando para sair do mausoléu.

— Então senhor... Como é seu sobrenome mesmo? – perguntou Drico franzindo o cenho.

— Leon.

— Leon, certo... — disse franzindo levemente o cenho.

"De onde já ouvi este nome antes?!" questionou-se em silêncio.

— Bem, me parece que você quer sair daqui do mausoléu e tudo mais, mas só pra eu saber, você está indo para a saída deste lugar? Porque você disse que entrou aqui por um caminho diferente do meu, e bem, por onde eu vim não tem como voltar... - disse lembrando-se da enorme queda que sofrera até o lago de onde saíra no dia anterior.

— Eu posso te levar até a saída se é isso o que quer saber – disse Steve tranquilamente.

— Ah, eu só ia lhe perguntar a direção que eu deveria seguir, mas seria bom ter companhia. Eu até poderia te dar algum dinheiro em troca, mas eu acho que perdi minhas moedas quando caí aqui em baixo.

Sons of TheolenWhere stories live. Discover now