Capitulo 11

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Sentei-me num banco de jardim planeando a forma de arranjar dinheiro mais rapidamente quando pude reparar num cartaz meio rasgado pregado à parede de um café. Aproximei-me e ao lê-lo uma sensação de alívio encheu o meu peito de esperança....

No cartaz via-se uma rapariga e um rapaz com roupas de camponeses e em baixo estava escrito: “SENHORAS E SENHORES! Este sábado irá ser realizado uma espécie de baile, o chamado “Baile do Camponês” onde pode participar qualquer um! No fim irá haver um prémio para a camponesa e o camponês da noite que será entregue em dinheiro! Esperamos pela vossa participação meus caros. E lembrem-se de trazer roupa apropriada para a ocasião.”

“Obrigado maninho… afinal sempre olhas por mim”. Ocupei uma das mesas do café e pus-me a observar uma família de pássaros que voavam à volta de um ninho. Era uma família enorme e, ainda assim, feliz… É triste pensar que nunca poderei ter nada assim, nunca poderia dormir descansada ao pé da pessoa que mais amo, que nunca poderei ter uma família. Deixei de divagar quando, de longe, observei o hotel. Parecia-me sombrio e solitário no meio de tanto movimento. Estaria Zayn acordado? Já teria dado pela minha falta…?

#POV Zayn#

Estava a dormir mas algo estava mal, não sentia o toque de Sophia, o seu cheiro… “Provavelmente já está na casa de banho a arranjar-se” – foi o que pensei enquanto abria os olhos lentamente encarando o teto branco. Lembrei-me da noite anterior, ela estava tão estranha, tão distante. Um mau pressentimento encheu-me o peito de pânico. Olhei para os lados e vi um pequeno papel, o meu coração queria sair-me do peito tal era o meu desespero de não a querer perder. Peguei-lhe e dirigi-me à casa de banho… vazia! Comecei a sentir-me zonzo e a empalidecer. Sentia o suor frio nas mãos e as veias a palpitarem-me nos pulsos e no pescoço. Dirigi-me ao armário e com deceção encontrei-o vazio. “Não pode ser…”. Sentei-me na cama e, respirando fundo, abri o bilhete.

“Ola meu amor,

Sou eu, a Sophia, já deves ter reparado que não estou ao teu lado neste momento. Eu sei que deves estar chateado comigo mas é para teu bem e, se eu te tivesse contado antes que queria que acabasse tudo entre nós para te proteger, tu nunca irias concordar… Desculpa-me Zayn. Agora vou fugir do país com todo o dinheiro que conseguir arranjar. Não me procures, só quero ver-te seguro e para isso nunca mais nos podemos ver, tocar, beijar… nunca mais vou poder ouvir o som doce da tua voz. Nem sabes a dor que me corrói por dentro, no meu coração. É tão difícil para mim deixar-te sozinho… desistir da nossa paixão. Por favor, promete que ficarei no teu coração para sempre, promete que não esqueces o que vivemos… eu nunca te esquecerei.

Desculpa-me por ter entrado na tua vida, por te magoar desta maneira… Despede-te do Niall e da Melissa por mim. Diz à Melissa que ela irá sempre ser minha irmã de sangue, que nunca vou esquecer todos estes anos ao seu lado.

Não esqueças o nosso amor… eu amar-te-ei para sempre Zayn, até os meus olhos perderem a sua luz… Perdoa-me.

Sophia”

Uma lágrima percorreu lentamente o meu rosto até aterrar suavemente no papel. A sensação de perda tirou-me as forças de viver.

- Prometo Sophia… nunca te esquecerei – levantei-me e, num acesso de fúria parti um candeeiro, dirigi-me à casa de banho e parti o espelho fazendo um corte profundo na minha mão. Senti algo quente escorrer-me pelo pulso, sangue. Passei a mão pela minha cara, não queria viver… Sem ela não.

As minhas lágrimas misturavam-se com o sangue. Sem me preocupar com o meu aspeto deitei-me na cama com as lágrimas a caírem violentamente dos meus olhos e, fechando-os lentamente, adormeci à espera que aquilo não passasse tudo um pesadelo…

#POV Sophia#

Agora o que tenho de fazer? Sobreviver até ter o dinheiro necessário. O inverno chegava aos poucos e a neve começava a cair de vez em quando, tinha urgentemente de arranjar abrigo!

Fui ao café e pedi um copo com água, pelo menos iria manter-me hidratada por algum tempo. Apertei o casaco e saí para a rua onde o frio quase me congelou o corpo. Olhei mais uma vez para o hotel, uma lágrima ameaçava escapar-me “Adeus meu amor…”. Virei rapidamente as costas e comecei a caminhar em direção ao único lugar onde poderia sobreviver sem ser vista… Um bosque perto do parque de diversões que fora com Zayn, com Niall e Melissa.

Em pequenina tinha andado nos escuteiros e aprendi como dar nós, como fazer abrigos, como arranjar comida no meio do nada… aprendi a sobreviver. Isso teria de bastar, pelo menos até conseguir o dinheiro.

Demorei quase o dia todo a caminhar e finalmente entrei no bosque e senti o familiar ar fresco e puro que eu tanto amava, fazia-me sentir livre, como que um pássaro…

Ali ninguém me encontrava. Embrenhei-me ainda mais dentro da vegetação e sentei-me numa pedra. A minha respiração estava acelerada com o cansaço e um fumo branco saia da minha boca ao expirar devido ao frio. Abri a mochila e tirei de lá algumas cordas e arames. Comecei rapidamente a fazer abrigo juntando galhos velhos e folhas. Até que nem ficou mal, visto que já não praticava há algum tempo. Já estava a escurecer e tinha de arranjar alimento portanto fiz uma lança improvisada com um ramo seco de uma árvore morta e cacei um coelho. Admito que não gosto de matar animais mas no que toca à sobrevivência tenho de fazer tudo o que esteja ao meu alcance para comer.

Acendi uma pequena fogueira e jantei enquanto escutava o chocalhar das folhas das árvores e os uivos de vários animais que ali habitavam. Por mim poderia viver toda a minha vida ali… mas o Zayn impedia-me de pensar assim. Desde que o conheci que o meu desejo tem sido sempre viver ao seu lado.

Apaguei a fogueira com terra tentando afastar aqueles pensamentos e deitei-me na cama de folhas que tinha feito. De momentos olhei para o céu e para as estrelas que brilhavam intensamente lembrando-me da promessa que fiz a Zayn… uma promessa quebrada.

- Quem me dera que estivesses aqui comigo… - limpei a lágrima que me tinha escapado e tapei-me com o casaco. Fechei os olhos lentamente e desejei nunca mais os abrir. Foi uma noite difícil, os pesadelos enchiam-me a mente de pânico. Por vezes acordava aos gritos e com o suor a escorrer-me na testa. Nada disto acontecia quando estava nos braços dele, quando sentia a sua respiração e o seu calor da minha pele…

De manhã os raios de sol escapavam por entre as folhagens deixando-me zonza com tanta luminosidade. Espreguicei-me demoradamente tentando que as dores de costas passassem e, com um sobressalto, percebi que não estava sozinha.

Enough of Happy Endings, This is Reality...(Zayn Malik)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora