(Capítulo 30) Última Chance

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SETE ANOS DEPOIS

POV: CLARKSON ALLEN.

  Pode parecer estranho, à princípio, quando um homem/garoto recebe a notícia de que vai ser pai, pode parecer difícil, pesado, ou até mesmo irresponsável de sua parte, mas nunca, jamais, um homem sentirá tristeza. Isso mesmo, afirmo com toda a certeza, pois um filho, se for fruto do amor, até mesmo não o sendo, será  resultado de vitória, alegria e felicidade de um momento. Mas, por que essa introdução toda? Bom, esse é o sentimento de um pai que ama seu filho. Eu amo meu filho e o desejo de um pai desses é morrer antes de seu filho, é morrer sabendo que ele está bem, é dar até o último suspiro pelo seu bem estar. Mas, o que posso fazer? Eu esperei por sete anos, sete anos, sete passaram-se e meu garoto, que agora já é um homem de 24 anos, continua deitado em uma cama de hospital, dormindo, dormindo por sete anos!

Eu não tenho mais esperanças, temo que ele esteja sofrendo e implorando internamente para que façam desse sono interminável, eterno. Sua vida está em minhas mãos, apenas uma palavra e posso acabar com o seu sofrimento e aumentar o meu. Com apenas uma palavra, uma palavra que  apenas em pensar dói-me o coração.

_ Senhor, volto a dizer que sete anos se passaram e não obtivemos progresso quanto ao estado de seu filho. Aconselho que autorize que desliguem os aparelhos e...

_ Eu...eu...é meu filho! Como pode me pedir para matá-lo?

_ Se  não o fizer, ele mesmo irá. Digo isso, pois sete anos em coma e nada de progressos positivos é igual a uma morte lenta por insuficiência dos órgãos e carências de movimentos musculares. O seu sofrimento aumenta a cada dia e por um fim, mesmo que possa ser doloroso agora, será mais fácil de superar e esquecer.

_ Você é pai, Doutor?

_ Não, senhor._Ele abaixa a cabeça.

_ Eu sabia, apenas um pai me entenderia neste momento.

_ Senhor, mesmo assim passaram-se sete anos e nada de descobrirmos alguma forma de tentar salvá-lo sem riscos.

_ Está dizendo-me que existem formas de salvá-lo, porém são arriscadas, é isso?

_ Estou dizendo que é melhor não joga seu dinheiro fora por uma tentativa com mínimas chances de sucesso.

_ Ele poderia voltar com vida e...

_ Não saberíamos o resultado ou o estado de sua volta. Sete anos sem fazer absolutamente nada, além de respirar, é impossível não haver sequelas, ou...

_ Ou o quê?

_ Ou, como é uma cirurgia de risco, ele pode simplesmente não suportar. Pense que apenas o senhor poderá acabar com o sofrimento dele e o seu com apenas uma palavra.

_ Desliguem._ Digo enquanto sinto os olhos marejarem.

_ O senhor fez a escolha certa, senhor Cl-

Ele não termina a frase e forço ao limpar a garganta para perguntar o motivo, mas ao observá-lo, vejo que olha para a porta. Viro-me e sei que ela escutou toda a conversa ou ao menos a parte final, pois lágrimas deslizam sobre seu rosto.

_ Doutora Danielle, estava aí a muito tempo?_ Ele pergunta levantando-se.

_ A tempo suficiente._ Ela fixa meus olhos._ E o nosso acordo?

A Guarda-CostasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora