Sonhando em Preto e Branco

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Como é nascer em uma guerra? Ao decorrer de minha vida ouvi algumas pessoas perguntando isso para amigos, para si mesmos, para o noticiário

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Como é nascer em uma guerra? Ao decorrer de minha vida ouvi algumas pessoas perguntando isso para amigos, para si mesmos, para o noticiário. Enquanto eles apenas perguntam como seria, eu vivo em uma.

Eu sou uma Vampira Branca, pertencente a uma família de usuários d'água. Sim, nossa espécie possui magia, assim como nascemos, envelhecemos (mais lentamente que os humanos, e morremos. E a nossa guerra é com os nossos opostos, os Vampiros Negros. Vampiros imortais, transformados por outros vampiros, com força e velocidade sobrenatural. E o melhor de tudo: Eles morrem no sol.

— Estou sentindo um Vampiro Negro à frente. – disse minha mãe, fazendo eu e meu pai pararmos a caminhada – Eu disse que deveríamos viajar pelas florestas, e não pelas cidades.

— Não podemos sempre viajar pelas sombras. – respondeu meu pai.

— Não podemos é viver sempre fugindo.

Observei os dois, herdei de mamãe os cabelos castanhos, tanto os meus quanto os dela eram curtos. Já os olhos puxei de meu pai, castanho claro. Graças a Deus não herdei o nervosismo que ela sentia no momento.

— Mamãe, - digo – você sabe que eles estão procurando nas florestas e lugares afastados dos humanos.

— E lembre-se Amélia, - completou meu pai – nem todo Vampiro Negro está ao lado do Vampiro das Sombras.

Ah, o Vampiro das Sombras, o grande responsável por essa guerra, o nosso maior e pior pesadelo. O único Vampiro Negro no mundo que não "torrava" no sol, e que possuía magia, no caso, o fogo.

— Quando uma guerra traz o ideal de que os Vampiros Negros deveriam reinar, –disse minha mãe – que os Vampiros Brancos deveriam ser escravizados, e os humanos serem distribuídos em latinhas em conservas; ai sim todos os Vampiros Negros são inimigos.

Meu pai bufou. Ele não conseguia acreditar que todos os Vampiros Negros estavam do lado do Vampiro das Sombras, ele era muito otimista. Acho que herdei isso dele.

— Katie, minha filha, você fica aqui, – disse meu pai – enquanto eu e sua mãe vamos averiguar a situação.

— Nem pensar. – respondo rapidamente – Eu vou junto.

— Podemos todos simplesmente virar as costas e ir embora. – propôs minha mãe.

— Se nós o sentimos, – diz meu pai se referindo ao Vampiro Negro – ele nos sentiu. Se sairmos correndo ele vai nos caçar.

Não dei mais ouvidos a discussão deles, papai estava certo, fugir agora só traria consequências ruins. E era apenas um vampiro, se fosse inimigo poderíamos dar conta dele.

— Katie! Volte já aqui! – gritou minha mãe enquanto eu caminhava na direção do centro da pequena cidade.

— Não podemos ficar parados aqui como estátuas. – respondo sem parar de caminhar.

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