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O mundo de Byron era assustadoramente semelhante ao seu, Daniel observou. Exceto por algumas partes completamente devastadas que sobrevoaram rumo a um dos observatórios. Lá foram recebidos pela garota holograma do cabelo roxo, ainda em forma de pixels para insatisfação de Dan que simplesmente não conseguia parar de olha-la e se perguntar se pessoalmente ela seria tão bonita. O nome dela era Ange, lhe disse.
Agora sentado em frente a uma bancada cheia de monitores, que pareciam tecnologicamente mais avançados que qualquer um que Daniel já vira (Quanto tempo até a Apple lançar um desses ao preço de um rim e parte do fígado? Dan riu consigo mesmo), Byron se mantinha concentrado, apesar de estar pela primeira vez demonstrando algum sinal de nervosismo, digitando os códigos e senhas ditas por Ange e que pareciam infinitas. Enquanto Daniel andava de um lado para o outro percorrendo o lugar com os olhos e se perguntando qual era sua função naquilo tudo, além de ser arrancado da cama por um desconhecido de cabelo platinado e sotaque esquisito, levado para um lugar que nem deveria ser real e se sentir constrangido na presença de uma garota bonita demais para não fazer parte de um sonho, e claro, ser perseguidos por máquinas assassinas usando um pijama de Star Trek e pantufas do Hulk que era para o "pacote vergonha edição combo" ficar completo!

— Para que vocês precisam de mim mesmo, hein? — indagou, puxando o cabelo para trás e não conseguindo mais conter a impaciência.
— Você não explicou para ele? — Ange arregalou os olhos — como assim você não contou para ele?!
— Não deu tempo. — Byron justificou.
— Meu Deus. — ela estava mais do que exasperada. Parecia que Daniel não era o único ali que preferia estar em outro lugar. — A gente precisa que depois que apagarmos o Lucem do sistema, você "feche" — ela fez sinal de aspas com os dedos no ar — o portal do lado de lá enquanto Byr fecha do lado de cá. Como uma tranca du...
— Não seria mais fácil se eu já estivesse lá e sem correr o risco de ficar PRESO AQUI PARA SEMPRE?!
— Se você tivesse ficado lá, agora seria o churrasco no Happy Houer dos rastreadores.
— Faz sentido. — suspirou. Ange lhe lançou um sorriso cínico.
— Mas vou fechar o portal lá... sabe? Lá onde passamos?
— A menos que você prefira arriscar uma morte por afogamento no setor 3. — parecia que sarcasmo era o único jeito dela de se comunicar com ele. Irritante.
— Setor 3?
— Triângulo das Bermudas. — Byron esclareceu, dando de ombros como se dissesse não é óbvio?
— Triângulo das Bermudas?! — os olhos de Dan se arregalaram — Ah meu...! Caramba! Triângulo das...! Então vocês são, tipo vocês que pegam os navios e aviões que desaparecem e...
— Não, não exatamente. — Byron riu. — Não é assim que funciona.
— Então aquele navio, eu vi no noticiário, o SS Cotopaxi que reapareceu no...
— A velharia de 1925? — indagou Ange, Daniel assentiu. — Ah, é consequência da falha.— lá estava novamente o "não é óbvio?" sob a voz dela.
— Ah, a falha.
— Sim. É assim que eles vem e assim que voltam. — disse Byron, levantando-se. — Vamos?
Daniel olhou dele para tela ainda preenchida por dezenas de caracteres esverdeados formando códigos velozes.
— Já acabou? — indagou.
— Não, mas agora Ange cuida do resto. Precisamos correr, falta menos de uma hora para o equinócio acabar e o portal se fechar.
— Não podemos esperar mais um ano. — disse Ange
— Não temos mais um ano para esperar — Daniel murmurou, estava enfim entendendo as coisas por ali.

INVERSO [ #MundosParalelos ]Onde histórias criam vida. Descubra agora