Prólogo | Alex

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Nota de falecimento

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Nota de falecimento.

"A empresária brasileira, Ana de Sá, 40 anos, foi assassinada ontem com 37 golpes de faca aplicados em sua nuca, costas e pescoço em frente ao seu hotel, em Upper East Side".

Tia Ana era a nossa única família. Após a morte dos nossos avós, ela nos adotou. Foi a nossa segunda adoção, pois nossa mãe nos abandonou - primeiro eu, depois Sofia - para viver um romance em Fortaleza.

Nunca conhecemos a nossa mãe. Ela nunca nos procurou. Nem quando a nossa avó faleceu pudemos conhecê-la, pois a mesma não compareceu ao enterro. Tia Ana sim, ela sempre esteve presente e nunca nos deixou faltar carinho.

Nós três - Eu, titia e minha irmã Sofia - morávamos em Nova York durante o verão norte americano e quando o inverno chegava, era hora de voltar para o Brasil em busca de sol e praia.

Minha tia odiava o frio, por isso estava sempre em busca de sol. Ela tinha 42 anos, era jovem ainda, uma mulher que sabia aproveitar a vida e passou isso pra mim.

"Viva o hoje sem se importar com o amanhã" - Ela sempre dizia.

Juntas, viajamos o mundo. Titia me apresentou os grandes festivais e as melhores baladas. Como toda boa carioca, tinha aquele jeitinho que nenhuma outra mulher tem, o sangue fervendo a 40º C.

Ironicamente, a sua morte nos tem obrigado eu e Sofia, a vivermos presas à fria e chuvosa Dublin. Até o inventário ficar pronto e poder ser aberto, seremos obrigadas a esperar aqui, onde corre o processo.

Chegamos à Irlanda, há duas semanas e temos enfrentado uma onda de maré ruim. Dia após dia, tempo e vida nublados. Para começar, quando eu entrei no país, o meu namorado foi deportado.

Pedro e eu estamos juntos há dois anos e meio. Ele é americano, mas morava na Irlanda já há 5 anos, porém, não nos conhecemos aqui. Eu nunca havia estado em Dublin até antes da morte da minha tia, nem mesmo com Pedro.

A nossa história começou nos Estados Unidos, durante o festival de música em Coachella. Ele é representante comercial no exterior, em uma empresa americana com sede na Irlanda. Por isso viaja muito, está sempre entre EUA e Europa.

Com ele aqui, quando o advogado da família avisou que nós só receberíamos uma pensão de mil dólares por mês e uma casa para morar se aceitássemos viver em Dublin até o inventário sair, fiquei aliviada, pois teria Pedro mais perto de mim.

Se não aceitássemos, não teríamos direito a nada. Tivemos que ceder, até porque, somos muito jovens e éramos financeiramente dependentes da nossa tia.

DEGUSTAÇÃO | A Vida Secreta De Mr. Clarke (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora