Capítulo 7

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Sara nunca havia recebido tanta atenção na escola como naquela segunda-feira, onde professores e colegas paravam para conversar perguntando sobre o que havia acontecido. A atenção seria boa se não fosse por um assunto que a deixava pouco à vontade. Evitava falar, desconversava, mas a curiosidade vencia o bom senso até que Heidy e Carlos decidiram intervir e serem seus guardas costas. A ideia a deixou mais tranquila, mas quando percebeu o rumo que as coisas estavam acontecendo, já era tarde demais.

O sino bateu encerrando o período de aula matutina e Sara saiu às pressas, por mais que os amigos tentassem a seguir. Inventou que queria chegar cedo ao trabalho, no entanto o inesperado aconteceu quando deu de cara com Bruno no portão da escola. Ele a encarou sorridente e seus olhos pararam rapidamente por algo que Sara tinha em suas mãos.

_ Presente de boas vindas? – perguntou avistando uma rosa vermelha que ela tentava esconder. A jovem suspirou e deu de ombros, mas ele estava disposto a saber a verdade _ Os professores devem gostar muito de você...

_ É... não foi...

_ Então deve ser de um garoto – abriu um meio sorriso intrigado.

_ Só um amigo... Carlos – deu de ombros como se o presente não representasse nada.

_ Entendi! – foi sua resposta baixa desviando os olhos para o horizonte _ Bom, preciso ir ao trabalho. Quer uma carona?

_ Estava indo justamente para lá – explicou sentindo-se perdida com o jeito que ele a fitava. A intensidade de sempre havia se perdido. Estava prestes a negar qualquer carona, mas ele fora mais rápido e Sara não resistiu. Queria poder explicar que Carlos era apenas um amigo, mas a quem ela queria convencer? Estava completamente confusa e precisava tomar uma atitude. Mas qual?

O dia no trabalho não fora o que ela imaginava após a manhã tensa. Bruno a tratara apenas como uma funcionária. Respeito, educação e nada de conversa fiada. Os olhares haviam se evaporado, e em seu lugar ficou uma tensão que ela não conseguia entender. Era como se ele fosse outra pessoa. Estaria com ciúmes? Não conseguia entender o seu comportamento, era sempre imprevisível. Porém, não poderia negar a química que havia entre eles, ainda mais quando ele a fitava daquele jeito que só ele conseguia fazer.

Carlos, no entanto, era o oposto. Com ele não precisava sentir-se insegura, parecia um príncipe em sua vida. Sempre a tratou da mesma maneira, como uma donzela. Com certeza era o homem dos sonhos de toda garota, um eterno cavalheiro.

Na noite seguinte, o vizinho apareceu na casa da jovem para a auxiliar com o estudo das matérias atrasadas. Sara havia esquecido completamente que havia combinado que ele e Heidy viriam naquela noite ajudá-la. Ela o recebeu e aguardou impacientemente a amiga que não apareceu. Frustrada, decidiu focar seriamente no estudo, no entanto, com o passar dos minutos acabaram conversando mais do que o necessário. Era fácil conversar com ele e quando percebeu começou a falar de algo que escondia em seu coração. Um sonho, um desejo, uma paixão.

_ Não sabia que era tão ligada na música.

_ E você também nunca me falou que tocava tão bem violão... Mas o que realmente mais gosto é de cantar. Sabe, acho que o meu dom é esse, sou apaixonada por tudo o que envolve a música, e sinto cada vez mais forte isso dentro de mim.

_ Isso é incrível, Sara – ele sorriu pensativo e antes que pudesse aprofundar a conversa, recolheu seus livros e deu um beijo na sua bochecha a deixando intrigada. Por um instante abanou a cabeça sorrindo ao relembrar de Bruno. Aquela era uma atitude do seu chefe, e nem do seu amigo. Talvez a amizade deles estivesse afetando o comportamento de Carlos. Deu risada e foi dormir tranquilamente.

O começo de um Legado - Degustação ♥Onde as histórias ganham vida. Descobre agora