Capítulo 7

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A rapariga que ele trazia nos braços tinha o corpo todo ensanguentado. O Louis saiu do pé de nós, não sei porquê... Calculei que ele tivesse pavor a sangue ou algo do género.

"Ela foi mutilada por um animal, penso eu" - O superior disse-nos e pousou a rapariga no chão, marcando o número do hospital no seu telemóvel. "Peguem nas vossas coisas, vamos voltar ainda hoje!" - Ele concluiu enquanto levava o telemóvel ao ouvido. Eu vi todos os adolescentes pegarem nas suas coisas, muitos deles aflitos com o que se tivera passado.

"Não pudemos partir sem o Harry!" - Eu respondi ao superior. Porque é que me lembrei dele? Ou porque é que me preocupei com ele? Estava a ficar nervosa com todas as diferentes sensações que aquele rapaz me causava. 

"Ele voltará, eu sei como ele é..." - O superior respondeu-me e começou a falar com os medicos da ambulância em seguida. Eu arrumei todas as minhas coisas e encontrei a Melanie, que se ria sem parar. 

"O que é que tem tanta piada?" - Eu perguntei-lhe e ela tentou acalmar o seu ataque de riso.

"Não sei, estou a achar piada a toda esta situação." - Ela explicou-me e voltou a rir-se ainda mais. Eu ainda não conseguira entender porque é que ela estava tão divertida... Eu estava com a cabeça a explodir, com a barriga às voltas e com um sentimento de medo e preocupação a invadir o meu corpo. O corpo da rapariga foi levado para dentro da ambulância e nós caminhámos cautelosamente até ao edíficio de onde nunca deviamos ter saído. Entrei no meu dormitório com a Melanie e a Roselle. A Melanie ainda se ria da situação e a Roselle parecia indiferente ao que se tivera passado. Ou elas são muito insensíveis, ou passa-se algo de muito estranho comigo. Tomei um banho e vesti o meu pijama, deitando-me na cama em seguida.

"Queres ver um filme connosco, Skyler?" - A Roselle perguntou-me, mas eu respondi que não. Precisava mesmo de dormir, ou pelo menos tentar. Fechei os olhos e tentei adormecer, mas a figura do Harry não me saía da cabeça. Eu já estava a ficar bastante farta daquilo, ele possuía-me a mente sem que eu desse conta. Acabei por adormecer e acordei na manhã seguinte, orgulhosa de mim mesma por não ter acordado durante a noite com nenhum pesadelo. Coloquei a mão no meu pescoço e verifiquei que eu estava a pingar gotas de suor. Talvez tivesse tido muito calor durante a noite, pois as temperaturas estavam bastante altas. Ou talvez fosse mais um sinal de que eu não andava bem naqueles últimos dias... Ignorei o assunto e tomei um duche rápido para retirar o suor do meu corpo. Vesti uns calções e uma camisola confortáveis e saí do dormitório. Encontrei o Louis pelo caminho, mas ele não parecia tão divertido como sempre andava.

"Skyler... Skyler Petrova" - Ele disse o meu nome pausadamente e em forma de suspiro. Perguntei-lhe o que é que se estava a passar e ele apenas me puxou para o seu dormitório, trancando a porta deste mesmo. Ele pediu-me para que me sentasse e eu sentei-me na ponta da cama, um pouco nervosa com o que se estava a passar. "Tu ainda não sabes a verdade sobre ti mesma, pois não?" - Perguntou Louis, olhando-me fixamente. Eu apenas arqueei uma sobrancelha, dando a entender que não estava a perceber nada. Fiquei a observá-lo a retirar um arquivo da sua secretária. "Lê isso" - Ele pediu-me, dando-me esse mesmo arquivo.

"Ok..." - Eu aceitei nervosamente, pegando no arquivo. A sua capa tinha o meu sobrenome escrito. Abri e desfolhei as páginas, muitas delas velhas e desgastadas. Algumas palavras nem se conseguiam ler, mas dava para entender perfeitamente de que se tratava dum livro sobre criaturas místicas, nomeadamente bruxas. A minha cabeça estava a desfazer-se em perguntas e eu não estava a entender nada do que ali estava escrito.

"Eu sei que pode parecer loucura, mas tu descendes duma linhagem de bruxas poderosas" - Ele explicou-me e eu arregalei os meus olhos. Aquilo era impossível. "As Petrovas eram as bruxas mais temidas desta cidade, em 1534. Elas conseguiram prender o espírito dos lobisomens e o espírito dos vampiros numa só pedra, criando assim uma maldição: os vampiros são escravos do sol radioso e os lobisomens são escravos da lua cheia. Essa pedra é a pedra de Calisto e foi roubada às bruxas por um lobisomem, para que este tentasse quebrar a maldição. Mas foi inútil, porque a maldição só pode ser quebrada por uma bruxa." - Louis continuou a sua explicação e eu não conseguia acreditar no que estava a ouvir. Atirei o arquivo para a cama e levantei-me com as mãos na cabeça.

"Louis, para! Isso é impossível!" - Tentei convencer-me a mim mesma de que aquilo era apenas uma loucura, que aquilo era tudo mentira.

"Tenta mover aquele copo com a mente" - O Louis propôs-me enquanto apontava para um copo que tinha em cima da mesa. Aquilo parecia um absurdo, mas não custava nada verificar se aquilo era verdade ou não. Olhei fixamente o copo e concentrei as minhas energias neste mesmo. Uma espécie de um nó formou-se na minha barriga e o copo moveu-se. 

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