1x07 - Ressaca

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― Ei, você tá comendo o meu bolo! – ela o acusou, indo em direção a ele e roubando o prato para si. – Aposto que é o último pedaço!

― Me devolve isso aqui, rapariga! – Chris exigiu, ainda com o humor inabalado. Ele avançou em direção a ela, mas Manu recuou e escondeu o bolo atrás do corpo. Chris esquivou uma sobrancelha e cruzou os braços, encarando a garota desafiadoramente. Ela empinou o queixo, olhando para ele de baixo dos seus um metro e cinquenta e cinco sem nenhuma intimidação. – Você sabe que eu sou muy mais forte que você e posso reaver esse bolo a qualquer momento, né? – disse de um jeito provocante.

Manu engoliu o riso e mordeu o lábio, gostando daquela tensão entre os dois. As memórias da noite anterior começavam a ficar menos embaçadas e ela se lembrou de como eles ficaram juntos durante toda a festa. Chris a apresentou a todo mundo, dançou com ela, fez ela se divertir horrores mesmo que agora não se lembrasse do motivo exato pelo qual eles riram tanto um com o outro.

Talvez fosse a bebida.

― Então por que você não está arrancando o bolo de mim agora?

O rapaz deu um passo pra frente e Manu um para trás, em um movimento bem orquestrado. Ele sorriu, também se lembrando de como ela foi uma parceira e tanto na noite passada.

― Porque eu te respeito – respondeu, achando que estava vencendo o jogo, mas foi surpreendido pelo sorriso de triunfo no rosto de Manuela, deixando à mostra a pequena abertura que havia entre seus dois dentes da frente. Chris achava adorável.

― Exatamente – disse ela, trazendo o prato para frente e arrancando o garfo da mão dele, ousada como só ela. O queixo de Chris caiu, chocado, mas Manu apenas deu uma garfada no bolo e colocou o pedaço na boca, saboreando o gosto dos deuses da massa levinha e do recheio de damasco. Seu estômago bateu palmas e fez um coro de aleluias. – Você me respeita – disse após engolir. – Isso é muito mais importante do que a força física. – Manu deu um tapinha no ombro do rapaz, que achou que jamais se sentiria mais atraído por ela do que já estava naquele momento. – Aprende isso, garanhão.

A menina foi se sentar à mesa com os outros rapazes, feliz da vida por estar comendo seu precioso bolo. Esteban não conseguia parar de rir e Tomás estendeu a mão para um high five mais do que merecido. Chris se virou para eles, divertindo-se tanto quanto os três com a sua aparente humilhação.

― Ela te destruiu, camarada – disse Tomás, contente demais por ter presenciado aquilo. Ele esticou os braços musculosos e cruzou as mãos atrás da cabeça, muito satisfeito. O garoto era um cara grande assim como Chris, e os dois juntos podiam fazer qualquer cômodo parecer lotado. – Meu dia já está completo depois disso.

― E como! – Esteban concordou. Ele tentava conciliar o braço quebrado e comer seu cereal com o outro. – Sempre bom ver o Christoffer se debulhando no pasto – ou, como se diz no Brasil, "levando uma rasteira".

― Achei que você fosse defender o seu namorado – disse Manuela Pimenta, dando outra garfada no seu bolo, ainda pronta para apimentar as coisas.

Esteban quase cuspiu o cereal e um filete de leite desceu pela sua boca. Ele tentou tapá-la e se limpar depressa, totalmente estabanado, enquanto Tomás dava uma gargalhada estrondosa.

― Nós não somos namorados – Esteban rebateu, taxativo.

― Então é uma relação moderna? – Manu perguntou, pousando a mão no queixo parecendo inocentemente interessada.

Aquela garota.

― Por que? – Chris perguntou, se apoiando na mesa, de frente para ela, com uma sobrancelha inquisitiva levantada. – Está enciumada, Manuelita? – A expressão provocante de um cafajeste em seu rosto fez os batimentos cardíacos de Manu acelerarem.

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