O TAL JARDIM [TRECHO]

3 1 0
                                    

[...] Mas o que era a morte? Vista daquele ângulo, naquele momento, era algo terrível e doloroso. No entanto quando eu olhava para o meu amor, e o via sereno e despreocupado, sentia que a morte não passava de uma sensação. Para mim que estava viva, e que tinha esperanças de continuar vivar por muito tempo, apesar de naquele momento sentir-me também morta, a morte era uma crueldade sem tamanho. Mas para o meu amor que estava tão próximo da mesma, ela não passava de nada. A morte não pode ser temida pelos vivos, pois ela não pode ser sentida. Ela está além da nossa compreensão. O que existe só pode ser saboreado em nossos sentidos, e se na morte havia perda de todos os sentidos, a morte não era nada. Os mortos não têm consciência da morte, pois a sua perda significa mais para os vivos que para eles próprios. Os vivos sentem a morte na partida de um anti querido, mas sentem a morte idealizada repleta de sentimentos, e sensações. Para os mortos a morte não é nada, nem descanso, nem o inicio de uma outra vida, é apenas a perda de todos os sentidos e a entrega a estabilidade do inalterável e eterno nada.[...]

Epicuro em meu jardim [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now