HEDONÊ [TRECHO]

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[...] Quando saio, qualquer hora que seja, manhã, tarde ou noite, é como se o avesso de mim me perseguisse. A lembrança do que eu já fui me toma pelo braço e me inquire a existência, me inquire a possibilidade, o resultado da xarada e a afirmação da culpa. Eu tenho medo, por isso quando saio, liberto-me de todas as minhas virtudes e venho ser aquela que vive em busca apenas dos prazeres que a carne pode proporcionar. Dessa forma eu minto pra mim mesma. Vestida de Hedonê eu cubro-me apenas de um manto protetor que de uma forma ou de outra me leva em direção a minha condição e razão de sê-la. O prazer é um remédio, uma formula de escape, é o jeito que as pessoas usam para chegar ao céu, quando vivem no inferno. Mas todo prazer forçado tem um preço, e o meu era um desgaste que me consumia, uma compulsão que se apoderava de mim e me fazia parecer uma ninfomaníaca interpretando um filme de Lars Von Trier. Entrementes, meu caso ainda não era clínico, e se o fosse não seria como os comuns retratados, eu estaria lhe dando com algo jamais antes estudado. [...]

Epicuro em meu jardim [DEGUSTAÇÃO]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant