1x05 - Filho Pródigo

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Ela jogou uma parte do cabelo para o lado e ajeitou a franja devidamente alisada, sorrindo para Chris de volta. Ele só conseguia pensar que o cheiro dela era a coisa mais gostosa que já havia sentido na vida.

― Até que olhando pra você agora consigo enxergar a semelhança com seu irmão – ele disse sem pensar. Deu uma boa olhada na garota de novo, como se quisesse ter certeza e aproveitando para tirar uma casquinha.

Manuela esquivou uma sobrancelha, sendo vítima de um outro tipo de clique que começava com "oh". Então você gosta do que está vendo, ela pensou enquanto se inflava como um pavão que percebe que foi notado. Ela podia muito bem aproveitar essa distração para tirar a mente do estado catatônico de ansiedade em que se encontrava.

― Qual seria a graça se fôssemos gêmeos nada parecidos? – disse.

― Exatamente, milady – Chris estendeu o braço para que ela entrelaçasse o seu. Manu fez exatamente isso, tocando a pele macia do rapaz, satisfeita com o flerte aparente. Ele era um tremendo gato, ela não podia negar. – Vamos a ir.

― Como nós vamos?

― De metrô. Até podíamos caminhar, mas não estou interessado em chegar lá todo suado, tenho uma reputação a zelar – Chris disse, bem-humorado. Havia um carisma atraente nele que Manu notou desde que o rapaz apareceu no seu quarto a chamando para a festa. Ela ficou bastante surpresa com o convite assim do nada, até porque mal conhecia ninguém ali ainda nas 24h em que estava em Costa Malva.

É justamente por isso que você precisa ir, foi a resposta dele quando ela mencionou isso mais cedo. Além do mais, é possível que o Matheus esteja lá.

Pronto. Manuela Pimenta estava convencida.

Ela havia ido naquele dia com a tia até o centro da cidade fazer o seu cartão de passagem de estudante, que dava acesso livre a todos os meios de transporte de Coralina. A república ficava em um bairro residencial bem próximo ao centro, aliás, e tinha uma estação de metrô praticamente na esquina. Tia Jana pretendia levar a menina para almoçar fora em um bom restaurante e passear pelos lugares mais legais da região, mas as duas acabaram demorando tanto tempo na fila para fazer o cartão e para resolver outras papeladas envolvendo a documentação da garota, que tudo o que Manuela queria depois era comer um bom Big Mac no McDonalds que tinha em frente.

Depois que elas voltaram, Manu correu para tomar banho e se arrumar a tempo de ir com Christoffer para a tal festa na casa da namorada do Matheus, que ela conhecia graças às stalkeadas bem-sucedidas que fizera nas redes sociais do irmão.

Até agora, ela tinha tido dificuldade em achar alguém feio naquela cidade, mas a tal da Lea – a namorada – conseguiu ser a pessoa mais deslumbrante em quem Manu já pôs os olhos em dezesseis anos bem vividos.

― Vocês são todos amigos então? – Manu perguntou dentro do vagão congelante do metrô. Eram quase seis da tarde de uma quarta-feira e tinha muita gente dentro do transporte vestindo saída de praia. Manu, que nunca tinha morado no litoral, estava maravilhada com esse choque cultural. Pessoas de biquíni em pleno metrô, com isso ela podia se acostumar fácil.

― Somos. A Lea é um ano mais nova, a gente sai junto desde que ela começou a namorar o Mat no ano passado. Mas toda a nossa gente estará lá, o time de rúgbi, as líderes de torcida... nossa gente.

A galera popular, Manu pensou. Por que eu não estou surpresa?

Vai ver é por isso que ela ainda não tinha visto ninguém feio.

Terceiro TempoWhere stories live. Discover now