ÂNSIA

48 1 0
                                    

ÂNSIA

Um dia acordou

na ânsia irrequieta

de uma resposta

inexplicável.

Uma vontade extrema,

uma conjugação de verbos

sem nexo,

numa aposta de início

sem porque.

Perguntou a tudo e a todos,

questionou a não mais poder,

e só ecoaram nos ouvidos, que não moucos,

o tudo do pouco que é

nada certeiro.

Andei sem descanso

esquecendo amor e água,

mas qual nada – soçobraram

gritos roucos, vozes poucas –

ungüento ralo desprovido de

sabor e serventia.

O rei virou-lhe a cara,

o bispo se acobertou,

barnabé cobrou-lhe taxas,

o político o ignorou,

operário gritou à toa,

o soldado se acovardou,

o doutor lhe deu as costas, e

o camponês desconversou.

Acordou na ânsia

da resposta buscada.

À noite dormiu o sono

ruminado

já conhecido.


Palavras e poemasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora