VERSO

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VERSO

Muitas vezes dos escritos

só não sei a cor.

Amigos tão íntimos

que apenas no olhar nos falamos

como o primeiro beijo

reza que nunca se esqueça.

Nunca.

Há na estrada

sobressaltos, porém.

Das moitas saltam

cabotinos, espertos

vendedores mambembes,

muchachas lindas

coloridas de veneno.

Então limpo a garganta

e canto,

encanto os lobos famintos

de mais uma trilha.

Sigo os sulcos, silvos

da terra castigada,

sigo a selva

nem sempre salva,

esmurro a poeira

para espargir os flocos,

cuspo as caras empinando

os ombros, francos,

esperando então

uma carícia, sempre,

a mais.


Palavras e poemasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora