Cap 43 | Confusão

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Edmundo corria desesperadamente pelos salões do grande palácio de Verdejante. Ele não conseguia se perdoar, pois por sua culpa Jill estava em perigo. Ele, que ostentava o título de O Justo, o herdeiro dos Bosques do Ocidente, acabara de agir como um imbecil e colocar a vida de uma moça inocente em risco, por causa da sua arrogância. Correu até a estrebaria para pegar um cavalo, selou rapidamente o animal e montou, chutando a barriga do bicho com força para que ele corresse. O cavalo empinou com ele e saiu como um relâmpago adentrando a floresta escura.

- Jill, por favor, esteja bem. - implorava enquanto o vento batia forte contra seu rosto.

...

No meio da escuridão, Jill corria entre as árvores chorando descontroladamente. Ela repetia para si mesma que Edmundo não merecia que ela sofresse assim por causa dele, ele não valia o efeito que causava. Em fim ela parou de correr e se sentou em uma grande raiz. Olhou em volta e desesperou-se ao perceber que havia se perdido.

- Oh, céus! - exclamou, assustada. Levantou-se rápido, ainda ofegante por conta da corrida - Eustáquio! - gritou - Eustáquio!!!

Nada de resposta. Ela não fazia a menor ideia de onde estava, enquanto corria não havia reparado em nada a sua volta, apenas corria e chorava, tudo que ela queria era afastar-se o máximo possível de todos para chorar em paz e ninguém ver sua fraqueza. Mas não imaginava afastar-se tanto.

- Onde estou? Socorro! Alguém me ajude! SOCORRO!

Seus gritos ecoavam mata adentro, e não se ouvia nada, além de sua respiração descontrolada pelo medo. Ela saiu caminhando na tentava de reconhecer o caminho por onde veio, mas estava tudo muito escuro. Escuro até demais, mais ainda do que antes. A escuridão estava ficando densa e ela não via mais a lua, via mal as árvores.

- Essa escuridão não é normal! Por Aslam, onde estou? - pronunciar o nome de Aslam a deixou de certa forma mais calma, mas seu medo continuou.

De repente tudo ficou preto, e ela não enxergava um palmo à frente do nariz. Aquilo a deixou mais desesperada ainda. Ela andou com as mãos para a frente para não se chocar contra nada, até quando ouviu uma voz muito bonita e extremamente agradável aos ouvidos cantarolar uns versos estranhos:

"E ela, pequena indefesa
Chorava nos braços do pai
Que mesmo com toda sua realeza
Sua mãe não conseguiu salvar..."

A voz soava tão doce e devagar, que chegava a dar sono.

- Quem está aí? - Jill arregalou os olhos na tentativa de ver alguma coisa, porém estar de olhos fechados ou abertos era a mesma coisa. A voz continuou:

"Princesa de Luz, alma bondosa
Seu coração partido e despedaçado
É a alegria de uma bruxa poderosa

A menina abandonada
Chora desesperada pelo seu amor
Amor que não a corresponde
Tudo que lhe resta é dor..."

Jill já chorava novamente, estava a beira de uma parada cardíaca. O medo a deixava quase sem fôlego.

- Quem é você? RESPONDE! Será que estou tendo um pesadelo? - disse para si mesma.

A voz em fim parou de cantarolar e lhe respondeu:

- Você não faz ideia de quem eu seja, Aurora?

Do nada, tudo ao redor de Jill ficou claro, como se estivesse de dia. E ela viu a sua frente uma mulher incrivelmente bela. Ela tinha cabelos longos da cor vermelho-sangue, olhos verdes como folhas, vestia uma roupa verde da mesma tonalidade de seus olhos, que mal cobria seus seios e exibiam suas pernas de maneira sensual.

Livro 1 As Crônicas De Nárnia - Aslam Os UniuOnde as histórias ganham vida. Descobre agora