Cap 31 | A Deusa do Deserto

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Já estava amanhecendo, já se podiam ver os primeiros raios de sol surgindo no horizonte. Nenhum pássaro, nenhuma flor, nenhuma árvore, nada havia naquela grande imensidão. A neve desaparecera, e o chão era de areia novamente. Devia ser mais ou menos umas seis da manhã. Pedro que não havia dormido, saiu de sua barraca e começou a tocar uma flauta, com uma melodia tão triste, que junta àquela imensidão de nada fazia qualquer um sentir-se o mais deprimido possível. E era assim que ele se sentia naquele momento.

- Bom dia, Grande Rei. - disse Tirian, saindo de sua barraca e ajeitando a espada na cintura.

- Bom dia, nobre guerreiro. - respondeu Pedro, baixando a flauta.

- Acordou cedo, Majestade. - falou Drinian, também saindo da barraca.

- Para falar a verdade, eu nem dormi. - falou o rei, com olheiras embaixo dos olhos.

- Nós também dormimos muito mal. - disse Tirian.

- Olá, cavalheiros. - Caspian surgiu de sua barraca, com uma cara cansada.

- Vamos acordar os outros, tenho um comunicado a fazer. - avisou o Grande Rei.

Depois de todos acordarem, se espreguiçarem e dizerem uns aos outros que foi a pior noite de suas vidas, foram comer umas frutas como café da manhã. E Pedro começou a falar:

- Hoje de madrugada tive um sonho, um sonho mágico. E por causa dele não consegui dormir o resto da noite.

- Que sonho? - perguntou Edmundo, já ficando preocupado.

Pedro então contou seu sonho nos mínimos detalhes, pois lembrava de tudo, como se tivesse vivido realmente. E concluiu:

- Antes de eu ser trazido para Nárnia eu sonhei com essa moça, a mesma moça desse sonho de ontem. Então posso deduzir que foi um sonho mágico e real.

Todos ficaram em silêncio por alguns minutos. Não esperavam por aquela notícia tão desanimadora.

- Seis meses! Por que Aslam não nos disse uma coisa dessas?! - exclamou Edmundo, dando um murro na caroça de mantimentos.

- Não há como nós perdermos tanto tempo assim! - falou Caspian, já preocupado - É melhor voltarmos para trás e enfrentar o exército daquelas feiticeiras malditas só com o que temos! Longe de Nárnia não podemos fazer nada para ajudar.

- Mas vamos confiar em um sonho que Pedro teve? Sonhos são sonhos! - falou Susana, tentando ser racional, mas já nervosa.

- Esse não foi um sonho qualquer, Su. - disse Pedro, com as mãos na cabeça.

- Nós não vamos suportar seis meses aqui. - disse Eustáquio - A água de dia é como se estivesse fervendo, e à noite fica congelada, e ela não vai durar um mês. A comida não vai durar muito tempo também. E o feno dos cavalos? Aqui não tem capim, aqui não tem nada!

- Óh céus! - lamentou Jill - Vamos morrer aqui? Não tem como encontrarmos um óasis? Desertos tem óasis!

- Não sabemos se esse tem. - disse Drinian, de cabeça baixa.

O que Eustáquio disse fez todos perderem a esperança. Todos, menos Lúcia.

- Gente, vocês estão falando como um bando de perdedores! - ela disse, aflita - Aslam não nos mandaria para uma missão como essa para morrermos, e ele também não nos abandonaria assim! Ele não disse que seria fácil, mas disse que nos ajudaria.

O horizonte parecia cada vez mais triste, e eles se sentiram abandonados e incapazes.

- Lúcia está certa. - disse Edmundo, abraçando a irmã - A gente tem que tentar. Somos reis, somos guerreiros! Somos nárnianos!

Livro 1 As Crônicas De Nárnia - Aslam Os UniuOnde as histórias ganham vida. Descobre agora