– Eles nem sabem por que eu fui embora. Eu não contei. Fiquei com medo.

O silêncio retomou no carro. O rádio havia sido desligado, o único barulho que se ouvia era o das rodas deslizando pelo asfalto da estrada.

– Eu liguei para o Jiraya. Contei para ele que a gente estava voltando. Desculpe.

– Tudo bem, nii-san. Talvez seja melhor assim.

Novamente silêncio.

– Me passa o café? – pediu Itachi.

Lhe entreguei a garrafa e ele tomou um gole ainda maior do que o meu. Shisui deu um sorriso de canto.

– E a você? O que te aflige? – perguntou meu primo.

– Nada.

– Não seria um certo loiro de olhos azuis? – falou com um sorriso malicioso.

– Loiro de olhos azuis?– perguntei sem entender nada.

– Esquece, Sui. O Deidara é coisa do passado.

Abri a boca para perguntar sobre o que estavam falando, mas meu aniki me lançou um olhar mortal e eu fiquei quieto. Shisui tomou a garrafa da mão de meu irmão e tomou um pequeno gole.

– Antes que perguntem, meu medo é o tio Madara. Só isso.

E assim o silêncio retornou ao carro. Foram mais algumas horas de viagem, com direito à Itachi cantando mal pacas e muito café. Depois de um tempo acabei pegando no sono e só fui acordado quando chegamos em Konoha.

A cidade continuava idêntica. Claro, cidade pequena não muda muito, mas vou admitir que senti saudades. Mesmo observando pela janela já me sentia em casa.

Paramos na frente da casa de Madara, que era pequena, mas não tão pequena quanto o antigo apartamento que eu, Itachi e Shisui dividíamos. Saímos do carro, tiramos as malas e tocamos a campainha.

Meu primo deu um gigantesco gole na bebida escura, que a essa altura já estava gelada. A porta foi aberta por um sujeito estranho, que utilizava uma máscara laranja.

– An, queremos falar com Madara Uchiha. Ele está aí? – falou meu primo.

– Shisui? Sasuke? Itachi? Não me reconhecem?

– Obito? – perguntou Itachi com uma cara de ponto de interrogação.

- Eu!

Revirei lentamente os olhos. Obito (ou Tobi) parecia bastante animado. Ele arrancou rapidamente as malas das mãos do meu irmão e já foi nos arrastando para dentro de casa, dizendo que o Tio Madara havia saído para comprar algo para comer.

A casa contava com três quartos: um para meu tio, outro para Obito e um de hóspedes. Shisui decidiu ficar com Obito e eu e meu irmão dividiríamos o terceiro quarto.

Assim que entrei no pequeno cômodo, joguei minhas malas na cama de cima, pois era um beliche.

– Gomen, aniki, mas a cama de cima é minha.

– Tanto faz. Nós vamos almoçar com o Jiraya e o Naruto amanhã. – falou enquanto guardava suas roupas no armário. – Daqui a pouco vou sair. Guarde suas tralhas, coma alguma coisa para não passar mal e vá fazer algo de útil da sua vida. Se eu te encontrar deitado no sofá assistindo algum filme idiota, você passa a noite lá fora.

– Nossa, nii-san. Pra que isso?

– Você tem amigos aqui, Sasuke. Faça a droga da sua adolescência valer a pena.

– Você fala como se fosse um velho. – resmunguei enquanto abria minha mala.

– Já sou um jovem adulto, otouto. E fiz tanta estupidez na adolescência que não dá nem para contar nos dedos. Decepcionei tanta gente... Mas o foco não sou eu, certo?

Um lance não verbalizadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora