This reminds me of you (DESTIEL SONGFICS)

Você faz falta aqui.

 Tem certeza que você levou tudo?
  Tem certeza que não esqueceu nada?
  Eu só sei que até o criado mudo
  do seu livro preferido sente falta.

  Os olhos azuis olhavam fixos para a superfície de madeira da porta desgastada. Deveria estar descansando, mesmo que não precisasse mais disso. Sam sabia disso, mas achava que o anjo precisava relaxar, e de fato precisava. Os últimos dias haviam sido difíceis, para ambos. Mas Castiel não conseguia relaxar, não conseguia descansar, tinha a cabeça muito cheia e um sentimento muito ruim em seu peito.

  Por que tudo aquilo tinha que acontecer?

  Por que daquela forma?

  Havia acabado de voltar dos fundos do bunker, onde ele e Sam, há minutos atrás deram seu último adeus a Dean Winchester. O homem pelo qual Castiel desceu a terra, o humano pelo qual Castiel caiu, o homem justo que Castiel salvou e amou.

  

  Estava sendo mais difícil do que imaginara.

  Castiel não conhecia esse sentimento ainda, o de perder alguém tão importante para sempre. E não queria ter que conhecê-lo.

  Respirou fundo mais uma vez, e abriu a porta.

  O cheiro, a decoração, a bagunça, tudo ali exalava Dean Winchester, e doía, como o anjo nunca imaginou que doeria, entrar naquele quarto.

  Sentindo todo seu corpo se agitar em uma emoção desconhecida, Cass fecha a porta atrás dele olhando tudo ao seu redor.

  Parecia tão errado estar ali. Estar naquele cômodo vazio. Aquele silêncio parecia tão errado. Tudo ali parecia.

  Dean deveria estar ali. Com suas incertezas, seus medos disfarçados e seu coração imenso. Dean deveria estar ali. Depois de prenderem o escriba, deveriam ter voltado ao bunker, os três, com o ronco do motor do impala, alguma piada que ele não entenderia e o som de alguma música estranha saindo do rádio do automóvel. Ao chegar, se olhariam, beberiam uma cerveja e voltariam para sua rotina normal. Sam iria para o seu quarto desfrutar de uma boa noite de sono e Dean e ele acabariam sozinhos. Iriam para o quarto, antes do caçador, mas que há um tempo eles dividiam, e sem muitas palavras ditas, uniriam seus corpos na cama, talvez através do sexo ou talvez só deitariam abraçados aproveitando a presença um do outro, enquanto o sono não guiasse o loiro para outro mundo. E Castiel permaneceria ali, deitado ao seu lado, dando o espaço que Dean gostava na cama, mas sem abandona-lo, olhando-o dormir até que ele despertasse e reclamasse de se sentir vigiado. Os dois ririam da pequena implicância do caçador e seguiriam seu dia.

  Mas não foi assim.

  Dean não foi para casa com eles naquela noite. Nem nas seguintes. Ou melhor, foi. Mas não houve conversas, cervejas ou beijos trocados antes de dormir. Houve silêncio. Tudo o que houve desde aquele dia foi silêncio.

  Voltar aquele lugar mexia com todos os sentimentos de Castiel. Tudo ali eram memórias e momentos.

  Desde que inocentemente, quando ainda humano, falara sobre aquilo que sentia, aquela sensação de paz que lhe percorria o corpo e aquele pulsar diferente de seu coração quando perto do caçador, tudo entre eles tinha mudado. Dean demorou um pouco pra aceitar o que sentia, mas foi quando quase o perdeu, que o loiro foi incapaz de se negar mais uma vez a ceder a esse sentimento. Foi ali que a história dos dois como um só teve início. Uma história que não deveria ter um final, não tão cedo.

  Sentindo suas pernas pesarem, a lentos passos o anjo percorria aquele cômodo.

  Talvez devesse ir embora dali. Mas pra onde iria? O que faria? Ia deixar Sam sozinho num momento como esse? Não, não podia ser tão egoísta assim. Sam lhe ofereceu outro quarto, talvez isso lhe poupasse a dor que sentia nesse momento, mas também o afastaria ainda mais de seu Dean.