Capítulo 2

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"Tio." Bati ambas as mãos nas grandes portas de madeira da mansão que meu tio chama de casa, eu estava aflita, ele quase nunca me acorda no meio da noite, principalmente quando sabe que eu estou com Timmy, e nessa condições dizendo quatro frases e desligando na minha cara, minhas botas dificultavam a minha rapidez, péssima escolha de roupas Angel, elas batiam no joelho e eram alguns tons de preto mais escuras que minha calça, também tinha uma blusa branca lisa colada no corpo e um sobretudo preto, que balançava conforme eu andava mais rápido, meu coração acelerado e a mão já posicionada na arma atrás das minhas costas, meus cabelos loiros que estavam em coque caem agora por meus ombros e rosto enquanto atravesso por inteiro o salão que parece infinito, a voz do meu tio ainda não chegou aos meus ouvidos, e aquele silêncio é ensurdecedor. "Tio Tomas." Falo novamente, minha voz trêmula, o suor frio descendo por meu nariz, procuro por algo fora do lugar, mas está tudo em perfeito estado, maldição, como essa casa é grande! Quando meus olhos encontram a figura do homem sentado em sua poltrona, respiro aliviada, ele não sorri como de costume e eu posso dizer que estou encrencada agora, sua perna cruzada e uma das mãos no joelho, a outra levando seu velho whisky até a boca, mas meu campo de visão agora está focado em uma cabeça apoiada no sofá em frente ao de meu tio, não se meche para ver quem chegou ou diz algo, estamos os três silenciados um pelo olhar do outro, limpo a garganta e me aproximo de Tomas, seu olhar me repreende cortando meu passo no mesmo instante, franzi as sobrancelhas, o que diabos deu nesse homem? Direcionei minha cabeça ao seu convidado e meu queixo caiu, Zayn. Ou ele tem muita coragem, ou só pode ser louco! Tomas já tentou mata-lo diversas vezes, e agora ele está tranquilamente sentado na porra do sofá da minha casa bebendo do whisky do meu tio.
Sem dizer nada, caminho até ele e pego o copo de sua mão o levando ao nariz, checando se tem algum resquício de veneno ali, encaro as feições ainda repreendedoras do meu tio e faço menção em beber o liquido ali dentro, ele não se move então tenho a confirmação que ele não tentou envenenar o Malik, ainda.

"Eu não tentaria envenenar um convidado seu." A voz grossa de Tomas soou tomando todo o espaço daquela grande sala.

"Ah você tentaria sim." Desafiei. "Ele não foi convidado por mim." Tirei meu sobretudo o jogando no canto do sofá, os olhos de Zayn queimavam sobre minha pele, cada passo dado por mim marcava seu olhar, sorri em deboche e ele logo voltou a concentração ao meu tio que já estava enfurecido, com nós dois. "O que diabos você está fazendo aqui?" Perguntei, minha voz estava repleta de fúria, mas ainda sim fria.
O relance em meus olhos pareceu um meio sorriso vindo de meu tio, passei as mãos pelos cabelos e direcionei-me ao Zayn, sua mão subiu e desceu duas vezes ao lado dele no sofá.

"Senta aqui comigo." Ri desgostosa, isso deve ser mesmo uma brincadeira, fiquei de pé em sua frente e meu punho se conectou com seu maxilar travado, quando seu rosto virou-se a mim novamente, um sorriso vermelho abriu e sua gargalhada ecoou, minha respiração estava pesada e minha vontade era de quebrar todos os malditos dentes dele, meu punho se esticou novamente mas seu reflexo foi mais rápido, ele envolveu meu pulso e me puxou fazendo com que eu me sentasse bruscamente em seu colo, meu corpo embateu contra o dele numa velocidade extraordinária e um gemido escapou de sua boca, surgindo na minha um sorriso involuntário, eu tentaria me debater se o olhar duro de Tomas não estivesse posto sobre nós, ele irradiava raiva. Eu não tinha o que falar e Zayn parecia ter perdido a fala, meu tio pirragueou e engolimos em seco os dois, sinceramente parece que somos adolescentes que foram pegos fazendo algo errado, mexi desconfortavelmente em cima do Malik, Tomas e esse silêncio ameaçador, senti mãos quentes na minha cintura me parando quieta, me forçando contra sua intimidade que marcava na calça Jeans que ele usava. Passei a mão pelo rosto impaciente, eu não podia sair dali e estava incomodada com aquilo, eu não podia falar pois o olhar que recaia em cima de mim era de total desaprovação e eu nem ao menos sabia qual merda tinha feito, então, mais uma vez, e graças a Deus por isso, Genevieve chegou cantando e com seu carisma, a expressão do Tomas mudou completamente.

Knockout || Z.Malik                   Book TwoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora