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Carmen limpou o rosto com as mãos e prendeu os cachos de volta num coque assim que o último sinal bateu.
Depositou o livro de volta a estante e seguiu para fora dali.
Em dez minutos tinha saído do colégio e agora estava indo para casa, andava devagar com os fones no ouvido. Não se importava se seu pai acharia ruim ela chegar alguns mimutos atrasada. Não se importava se isso geraria uma noite de "palmadas" e agressões tanto fisicas quanto verbais. Tudo que Carmen sabia naquele instante é que nada mais importava, não ligaria se não poderia ir amanhã à escola, na verdade ela rezava para não precisar ir durante umas duas semanas, até que olhar para Marina não fosse tão doloroso.
Seus passos eram tão lentos e forçados que chegavam a fazer barulho cada vez que ela pisava no asfalto da calçada..Carmen queria poder cair ali mesmo e chorar, chorar até os pulmões doerem, chorar até seus olhos incharen, como se chorar daquela forma na biblioteca não  tivesse sido suficiente.
Carmen nem notou quando um barulho de skate vinha no sentido contrário à ela, mas no momento da curva na esquina as duas trombaram, porém apenas Carmen caiu de bunda no chão, os fones ainda estavam no seu ouvido tocando "love me like you do", quando seus olhos procuraram o motivo de sua queda, que claro não poderia ter sido uma árvore, apesar dos músculos rígidos, a pessoa em que bateu possuia braços e tronco. Seu olhar encontrou os dela naquele mesmo instante, e Carmen simplesmente travou, não soube como reagir aqueles incríveis e fascinantes olhos verdes, ela se perdeu naquela intensidade de cor, não eram o tipo claro que à maioria possuia, aqueles olhos possuíam um verde escuro, tão escuro que poderia chegar a ser confundido com preto. Mas não para Carmen, não quando a mesma à encarava por horas na aula, sem que a outra reparace. Seu coração parecia prestes a explodir para fora do peito, sua respiração estava mais pesado o que tornava respirar algo dificil.
" Devia prestar atenção por onde anda " Marina disse, mas Carmen não as ouviu por causo dos fones ainda no ouvido apressou-se em tirá-los e tentou se levantar mas sua perna doeu e ela arfou
" Vem eu ajudo você " falou novamente e dessa vez Carmen ouviu, sua voz era meio rouca e estava tão baixa que podia ser confundida com um sussurro, mas naquele momento sua voz só fez os pelos da nuca de Carmen eriçarem, e seu corpo inteiro tremer.
Com ajuda da mão estendida da morena Carmen se levantou e conseguiu se equilibrar.
Viu naquele instante o que a fez cair, a uns dois passos estava o skate de Marina, a mesma o pegou mas ao invés de dar meia volta e ir embora, ela continuou encarando a garota e Carmen também a encarou, mas só pelo fato que seu corpo estava tremendo, e sabia que se andasse cairia de novo. Era incrível a sensação de como Marina poderia afetá-la, era incrivel como cada nervo em seu corpo emanava eletricidade que era pouco conhecida por ela, mas que só acontecia quando Marina estava por perto.
" Foi você no corredor?" perguntou com a testa franzida. Carmen podia dizer que não, já que ela havia caído de costas era impossivel que uma delas tivesse  visto seu rosto, mas não deixou de conter um pequeno ânimo que surgiu em seu peito, só por Marina ter sido capaz de reconhecê-la.
Carmen assentiu.
"Vivo caindo por ai" - murmurou e se calou percebendo como sua voz mudou derrepente.
" Hm, entendi " suspirou a outra olhando Carmen se cima a baixo, um gesto muito rápido para a garota saber se tinha mesmo acontecido ou se foi algo que sua mente imaginou "Ouça bem, aquilo que viu..."
"Você não me deve satisfação alguma" Carmen se apressou à dizer "Desculpe por ter esbarrado em você, thau Marina "
Passou pela morena que ficou confuso parada naquela esquina.

Carmen chegou pouco depois das duas em casa, seu horário normal era chegar à 13:30. Ao entrar na casa de dois andares, mobília simples e um espaço pequeno entre a sala e a cozinha, percebeu o que já temia lhe esperando nos primeiros degraus da escada.
Seu pai era um homem alto, de braços longos e gordos, a barriga tinha crescido nos últimos dois anos, e seu cabelo tinha caido deixando-o com cabelo apenas nas bordas da cabeça.
"Aonde estava? " perguntou com a voz que fez Carmen tremer de medo, mas a garota continuo lhe encarando.
" Me atrasei na escola " mentiu tentando parecer normal, mas sentiu o suor nas palmas das mãos.
" Acha que você pode mentir para mim? Sua vadiazinha você é igual sua mãe. No mínimo estava com algum garoto sua puta " o tapa que se seguiu foi tão rápido que fez a cabela de Carmen voar para o lado e colidir contra a parede dura. Sentiu a dor da pancada, mas a dor era ainda maior pelo tapa em sua face.
" Vai aprender a me respeitar, e a chegar no horário em casa " falou e a última coisa que Carmen se lembra de ter visto foi ele tirando o cinto de sua calça.

Opostos - Romance LésbicoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora