Capítulo 2

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- Porque você fez isso, Matheus? – A inspetora novata de uma escola fundamental chacoalhava o garoto de sete anos pelos ombros. – Ande! Diga! Por que fez aquilo com o Henri?!

Henri, ou Henrique, era um colega da classe de Matheus. E, por desventura, agora o menino segurava um pano branco tapando o sangue que escorria de seu nariz. Uma moça da cantina o ajudava a controlar o sangue.

Matheus direcionou os olhos para onde Henri estava sentado, berrando de dor e medo. Não parecia ser o menino destemido que confrontou o Matheus poucos minutos antes de levar um soco no nariz.

- Fale comigo, seu menino abusado! – a inspetora apertava os braços do aluno deixando uma marca vermelha na pele branca dele.

Matheus a olhou dentro dos olhos. Incomodava as mãos dela impregnadas nele. Doía. Mas Matheus não desgrudou os lábios. Permaneceu calado.

- Por Deus, deixe o menino! – A diretora surgiu no pátio da escola afastando a inspetora. – Você não foi avisada?! Não pode trata-lo assim!

As mulheres começaram uma discussão citando o nome de Matheus e de seu pai, Xavier. Repetidas vezes.

- E-eu quero a minha mã-ãe! – Henri choramingava aos prantos.

- Calma. Vai passar. Vai melhorar. Toma essa aguinha – a moça da cantina o consolava com um copo de água com açúcar.

Matheus fechou os olhos, imaginando outra cena.

Ele não queria estar ali. Não queria ter batido no Henri. Não queria ser maltratado pela inspetora. E, principalmente, não queria ouvir a diretora se referir a ele como se fosse um anormal só porque a mãe o abandonou e seu pai era ausente demais para criar o filho da maneira certa. Por isso, Xavier pagava três vezes a mais do valor da mensalidade da escola.

Esse dinheiro era voltado para que tratassem Matheus com mais benevolência do que os demais alunos.

Como sabiam? As paredes tinham ouvidos. E, aos poucos, a fofoca se espalhou e Matheus virou alvo das piadinhas de seus colegas.

Inclusive de Henri. Que há pouco chamara o colega de "sem-mãe".

Matheus não refletiu as consequências que enfrentaria por fechar o punho e acertar em cheio o rosto de Henrique, quebrando-lhe o nariz.

- Matt! – Uma voz familiar ressoou em meio ao caos.

Matheus abriu os olhos ao ser apanhado para um abraço sincero e apertado.

Era Cíntia quem o amparava em seus braços.

Cíntia era uma mulher loura, de estatura mediana e dona dos olhos castanhos mais iluminados que Matheus já vira em seus sete anos de vida.

Ele lembrava que os olhos escuros de sua mãe eram cinzentos e obscuros. Bem diferente dos de Cíntia.

Cíntia era casada com um dos amigos de Xavier e mãe de Gabriel, o melhor amigo de Matheus.

- Você está bem? Eu vim logo que seu pai me ligou.

Matheus quis chorar. Quis abraçar Cíntia e afagar suas lágrimas no colo dela. Quis dizer que sentia muito e que não fez por mal.

Mas ele se contentou em respirar fundo e acenar com a cabeça, indicando que estava tudo bem.

Logo Cíntia foi arrebatada para o escritório da diretora, onde por mais inúmeras vezes o nome de Matheus e de seu pai, Xavier, foram citados. Elas debatiam o motivo de Matheus ainda não ter voltado a falar depois das frequentes visitas ao psiquiatra.

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Logo posto mais.

Bjs Gisela.

Perigosa Amizade - MatheusWhere stories live. Discover now